Capítulo Cinco

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Victor Jones:

Andamos lado a lado em silêncio, com Merlin analisando o amuleto. Eu me perguntava como uma coisa dessas veio parar na minha dimensão, e muitas outras perguntas surgiam na minha mente, como era a dimensão dele.

Finalmente, não consegui conter minha curiosidade.

— Merlin, como esse amuleto veio parar aqui? E como é a sua dimensão? — perguntei, olhando para ele.

Merlin sorriu, mas seus olhos permaneceram fixos no amuleto.

— Este amuleto é uma relíquia antiga, criada para proteger e canalizar grandes poderes. Há muitas dimensões, cada uma com suas próprias regras e características. Às vezes, os objetos se deslocam entre elas por acidente ou intenção — explicou ele, sua voz tranquila.

Eu absorvia cada palavra, fascinado.

— E a sua dimensão? Como é? — insisti, querendo saber mais.

Merlin parou de andar e olhou para mim, seus olhos brilhando com uma mistura de nostalgia e mistério.

— Minha dimensão é um lugar de grande magia e sabedoria. É um mundo onde a natureza e a magia coexistem em harmonia, e claro, a tecnologia. As florestas são vivas, e as montanhas cantam antigas canções. É um lugar onde o impossível se torna possível, mas também onde grandes responsabilidades recaem sobre aqueles que têm poder — disse ele, com uma expressão de saudade.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando imaginar um lugar tão extraordinário. Mas havia mais uma coisa que eu precisava saber.

— E por que você está aqui, na minha dimensão? — perguntei.

Merlin suspirou e colocou o amuleto cuidadosamente no bolso.

— Estou aqui porque a linha entre nossas dimensões está enfraquecendo. Forças sombrias estão tentando atravessar e trazer caos para o seu mundo e o meu. Precisamos impedir que isso aconteça — explicou ele, a seriedade em sua voz me atingindo profundamente.

Assenti, compreendendo a gravidade da situação. Estávamos prestes a enfrentar algo muito maior do que eu imaginava.

— Como posso ajudar? — perguntei, e ele me olhou com um sorriso, mas seus olhos estavam de um jeito que eu já conhecia muito bem.

— Victor, sei que está se sentindo deslocado, mas se arriscar por um lugar que nem conhece ou muito menos ouviu falar é demais, até para um mundano — Merlin disse, e devo dizer que isso doeu um pouco no meu coração. — Apenas seja um adolescente normal.

— Você diz isso, mas tem a minha idade — falei, contendo a voz, e isso o surpreendeu. — Sabe como é frustrante ter que ser desse lugar com todos esperando que você surte? Ou sabe como é difícil que sua família tenha que agir como se você fosse uma bomba-relógio? Não aguento isso nem por mais um segundo. Estou cansado disso tudo.

Merlin me olhou por um longo momento, a compreensão finalmente aparecendo em seus olhos.

— Entendo mais do que você imagina, Victor — disse ele suavemente. — Cresci com um grande peso sobre mim e meus irmãos, sempre sendo visto como diferente, sempre carregando responsabilidades que pareciam demais e pecados que não são meus.

Ele deu um passo à frente e colocou uma mão firme em meu ombro.

— Sabe o que eu daria para viver na sua dimensão, ter os seus amigos e só ser conhecido por olhares que esperam que eu simplesmente surtasse por ser um adolescente ao invés de ser um possível traidor? Daria tudo de mim — Merlin disse e seus olhos se fecharam com pesar enquanto ele se afastava lentamente para longe de mim.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora