Victor Jones:
Viajar para longe do castelo revelou-se uma tarefa árdua. Descemos a montanha guiados pelas instruções de Anna no celular, que nos conduziam por um caminho traiçoeiro, cheio de perigos. Elementais e bestas, visivelmente mais ativos pela manhã, espreitavam nas sombras, aumentando o suspense e o perigo.
Além dos riscos naturais, a ameaça dos cavaleiros pairava sobre nós. Nosso grupo era pequeno, composto apenas por Anna, Merlin, Duncan e eu, mas a tensão era palpável. Mantivemo-nos alertas, sabendo que a qualquer momento poderíamos ser interceptados. Finalmente, chegamos ao estacionamento onde o carro de Duncan estava. No entanto, encontramo-nos com uma surpresa desagradável: alguns cavaleiros, incluindo Erick, estavam ali.
— Droga — murmurou Merlin, o desespero evidente em sua voz. — O que faremos agora?
— Não se preocupem — disse Duncan, afastando-se discretamente para uma área mais sombria. Fiquei atento, observando os cavaleiros que patrulhavam ao redor do carro.
— Anna, está tudo bem? — perguntei, a preocupação dominando minha voz.
— Vou fazer esses idiotas pagarem assim que os encontrar — respondeu Anna, com um brilho furioso nos olhos. — E quanto à música? Você tem as instruções para o local que precisamos chegar?
— Sim, mas preciso ouvi-la novamente para garantir a localização exata — respondi, mantendo a calma enquanto apertava a caixa de música contra o peito. Anna me entregou uma mochila para que eu guardasse a caixa. Coloquei-a com cuidado, escondendo-a dentro do meu anel.
De repente, um brilho cortou o céu e um estrondo ensurdecedor ecoou no ar. O som era aterrorizante, como se uma besta furiosa estivesse lutando contra algo maior do que ela mesma. Merlin arregalou os olhos, o som era tão imenso que ele virou para nós, preocupado. Todos os cavaleiros se prepararam para o ataque.
— É um Esquilo Divino! — gritou um dos cavaleiros ao avistar a criatura.
No mundo mágico, quando alguém exclamava "é um Esquilo Divino", não se fazia perguntas. Apenas se aproveitava a distração criada. O rugido estrondoso do Esquilo Divino nos apavorou. Corremos do nosso esconderijo em direção ao carro. Foi então que percebi que Merlin estava com um rosto marcado, como se tivesse levado um tapa.
— Duncan, o que você fez? — murmurou Merlin quando Duncan se aproximou.
Segi, o espírito convocado por Duncan, apareceu no chão. Notei um pedaço de papel em suas patas, com um glifo de invocação e as iniciais "MS".
— Precisávamos de um plano de contingência caso os cavaleiros nos interceptassem — explicou Duncan, seu tom carregado de tensão. — Agora, não importa o que fizemos. — Duncan fez Segi desaparecer na escuridão e se preparou para retornar ao castelo. — Por favor, não falem nada. Era a única solução que tínhamos para sair do estacionamento. Era necessário tomar uma decisão rápida.
Merlin e Anna soltaram uma enxurrada de palavrões em uma língua que eu mal compreendia, suas vozes se entrelaçando em um turbilhão de frustração e desespero. O fluxo incessante de palavras e insultos, alguns dos quais me surpreenderam pela intensidade, refletia a tensão e o pânico que estavam sentindo.
Finalmente, conseguimos entrar no carro e nos afastar do estacionamento, o barulho do confronto entre o Esquilo Divino e os cavaleiros diminuindo atrás de nós. Duncan assumiu o volante com uma expressão resoluta, e começamos a jornada em direção à localização indicada pela música. No entanto, a aparente tranquilidade de Duncan só aumentava a inquietação de Merlin.
— Fale logo o que está pensando! — exclamou Duncan, notando o desconforto palpável no ar.
— Ainda acho que foi um erro monumental usar esses glifos — Merlin retrucou, seu olhar fixo e intenso sobre o irmão. — Você sabe o quanto é perigoso mexer com esses símbolos. Prometeu que nunca os usaria.
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O Guardião | livro 1 : Espírito De Luz
FantasiVictor Jones é a reencarnação de espíritos da luz. Segundo as lendas, ele terá enormes poderes fazendo que seja o ser mais poderoso do mundo humano e o mágico. Isso seria extraordinário se ele não fosse desastrado, esquecido e como também pouco habi...