Capitulo Quarenta

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Victor Jones:

Ao chegarmos ao castelo, a sensação era de retornar ao lar, apesar da breve ausência. Erick, que nos acompanhara em seu planador encantado — agora transformado em um enorme inseto — pousou ao nosso lado. A criatura cintilante se encolheu e virou um pingente em seu colar, mantendo seu status de leal cavaleiro. Erick ainda carregava sua bagagem, junto com a criatura.

Subimos os imponentes degraus do castelo, enquanto Carla e Brian assobiavam em admiração.

— Vocês têm que descer todas essas escadas sempre que vão ao estacionamento? — Brian perguntou.

— Sim, é uma rotina diária — respondeu Duncan.

— Bem, isso depende — interveio Rebecca. — Se alguém tem afinidade com o elemento vento e sabe um feitiço de voo, não precisa enfrentar essas escadas.

— Eles nem estão cansados, mas estão reclamando — comentei, rindo.

— É a força do hábito — Brian respondeu, rindo também.

Carla, ainda deslumbrada, exclamou: — Não consigo acreditar que vocês vivem em um castelo de verdade. Isso é incrível!

— Pensei que o Sumo Sacerdote Horeom tinha trazido vocês para conhecer o castelo — mencionei, e ambos negaram com a cabeça.

— Ele nos levou até o Palácio de Florença e enviou uma mensagem para a Rainha Daniela. Ela apareceu em um piscar de olhos, nos recebeu de braços abertos e nos permitiu seguir até onde vocês estavam — explicou Carla. — Ele basicamente nos deixou na porta do Palácio Real e disse que cuidaria das nossas famílias, além de enviar nossas malas depois.

— Eu jurei que ele nos daria uma casa perto do castelo — acrescentou Anna, e todos a olharam. — Quero dizer, vampiros se recusam a ficar aqui.

— Por que eles se recusam? — Carla perguntou, incrédula.

— Bem, vampiros vivem entre os seus. Mesmo os recém-transformados evitam se misturar com outras espécies do mundo mágico — explicou Rebecca. — Eles acham que interagir publicamente com outras criaturas não vale a pena.

Isso sempre me intrigou, desde o início do ano letivo até o final do semestre. Passei cinco meses do meu tempo livre pesquisando sobre criaturas sobrenaturais. Se meus colegas e professores soubessem o quão rápido sou nisso, ficariam perplexos. Vampiros preferem distância, lobisomens são territorialistas, dragões e feéricos gostam de diversão e são agressivos — pelo menos a maioria dos alunos que conheci.

Rebecca era uma exceção.

Feiticeiros se misturam, mas há quem não goste deles. Afinal, feiticeiros são o fruto da união entre demônios e humanos, seres imortais que param de envelhecer em certo ponto de suas vidas.

Os espíritos só aparecem quando são invocados, e há poucas informações sobre suas vidas no mundo espiritual. Elementais e dominadores são naturalmente agressivos.

A lista de criaturas e suas peculiaridades é praticamente infinita.

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Entrei no meu quarto e comecei a organizar minhas coisas antes de sair em busca de uma pixie. Carla e Brian tinham a missão de localizar Meteora e o Sumo Sacerdote Horeom para descobrir onde estavam.

Merlin, Anna e Rebecca foram diretamente para seus quartos, enquanto Duncan mencionou que passaria algum tempo na biblioteca.

Durante minha busca, encontrei um grupo de pixies limpando meticulosamente o corredor. Aproximei-me e, ao fazer um gesto de cumprimento, elas retribuíram com acenos amigáveis.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora