Capítulo Seis

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Victor Jones:

Acordei em um lugar desconhecido, deitado em uma superfície fria e dura. Abri os olhos lentamente, tentando me situar. O teto acima de mim era de um metal brilhante e polido, e ao meu redor, havia paredes cheias de painéis com luzes piscando e telas exibindo dados que eu não conseguia compreender.

— Ele está acordando — ouvi uma voz suave e familiar dizer. Virei a cabeça e vi a enfermeira da escola ao meu lado, observando-me com um olhar preocupado. Carla e Brian estavam atrás dela, seus rostos tensos.

— Onde estou? — consegui murmurar, minha voz fraca.

— Você está na enfermaria da escola, Victor — a enfermeira respondeu, sua voz calma tentando me reconfortar. — Você desmaiou no corredor, seu corpo estava sob muita tensão.

Carla deu um passo à frente, sua expressão um misto de alívio e preocupação.

— Victor, você está bem? Ficamos tão preocupados — disse ela, segurando minha mão.

Brian, sempre o mais pragmático, cruzou os braços e olhou para mim com seriedade.

— O que aconteceu com você? Nunca vi nada parecido, você simplesmente desabou.

Minha mente ainda estava enevoada, mas a lembrança do que acontecera no corredor voltou com força total. A sensação de ser consumido por uma energia avassaladora, a visão de Merlin e seus irmãos, tudo estava se misturando em minha cabeça.

— Eu... eu não sei — comecei, tentando encontrar as palavras. — Foi como se... Não sei explicar.

A enfermeira trocou um olhar significativo com Carla e Brian antes de se virar novamente para mim.

— Vamos fazer alguns exames para garantir que você está bem, Victor. Mas o que você descreveu não parece ser apenas um desmaio comum. Pode haver algo mais acontecendo.

Eu assenti, ainda tentando processar tudo. Enquanto a enfermeira se afastava para preparar os exames, Carla e Brian se aproximaram mais.

— Você desabou com tudo — disse Carla, sua voz baixa. — Ligamos para sua mãe e contamos sobre isso.

Brian concordou com um aceno de cabeça.

— Também avisamos o Max, ele disse que está se recuperando.

Olhei para eles, meus amigos, e senti uma onda de gratidão. Não sabia o que o futuro reservava, mas com eles ao meu lado, sentia que poderia enfrentar qualquer coisa.

Fiquei mais um pouco na enfermaria até que a enfermeira me liberou para ir às minhas aulas, me fazendo prometer que não iria mais forçar meu corpo ao ponto de ter uma crise dessas.

Enquanto caminhava pelos corredores da escola, a sensação de normalidade parecia frágil, como um vidro prestes a estilhaçar.

Fiquei olhando para a janela do lado de fora e travei quando vi uma enorme criatura parada ao lado da janela, bloqueando parte do vidro, mas os outros não percebiam. Ela era do tamanho de um carro, com um único olho cristalino no centro do rosto, um nariz que farejava o ar com avidez e uma boca repleta de dentes afiados que se abriu ameaçadoramente. Esperei o pior, meu coração martelando no peito, quando o monstro gritou ao ser atingido na lateral das costas.

Vi Merlin surgindo e atacando a criatura com precisão, seguido por Duncan, que voava montado em um enorme tigre alado. O som da criatura gritando era apavorante, mas notei que, para os outros, parecia apenas o alarme de um carro que deveria ser ignorado.

O caos se desenrolava diante dos meus olhos enquanto Merlin e Duncan lutavam contra a criatura. Cada movimento deles era ágil e coordenado, uma dança mortal que visava neutralizar a ameaça. A criatura tentava retaliar, mas os ataques de Merlin e Duncan eram implacáveis.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora