Capítulo Cinquenta e Oito

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Victor Jones:

Abrindo um portal com um gesto repleto de poder, concentrei minha energia mágica, sentindo as correntes do feitiço se entrelaçarem em torno de mim. Enquanto todos se preparavam para a travessia, o murmúrio constante de Duncan começou a soar, sua impaciência evidente antes mesmo de cruzarmos o portal.

Quando pisei do outro lado, na floresta mágica, uma sensação aguda e penetrante tomou conta de mim, como se espinhos de energia mágica se enterrassem profundamente em meu peito. Era um lembrete vívido da intensidade da magia dimensional que atravessávamos.

A luz da lua, em sua plenitude, banhava o local com uma luminosidade quase etérea. A grama, de um verde vibrante, parecia brilhar sob a luz prateada, e as árvores se erguiam majestosamente, adornadas com frutos exuberantes: ameixas roxas como veludo, maçãs vermelhas com um brilho quase celestial, frutas em forma de estrelas e outras que se assemelhavam a rosas desabrochando. Animais mágicos repousavam sob as árvores, sua presença adicionando uma aura de tranquilidade ao ambiente encantador.

Neste espaço, a fronteira entre o mundo humano, o reino mágico e o reino espiritual se entrelaçava de maneira harmoniosa, permitindo que saltássemos entre eles com uma fluidez surpreendente.

Anna, sempre movida pela curiosidade, rompeu o silêncio com uma pergunta que ecoou no ar carregado de tensão:

— Para onde estamos indo?

Apontei para o noroeste, onde uma tempestade de sombras que havia vislumbrado no mundo das sombras se aproximava com uma ferocidade que superava minhas piores expectativas. Uma parede negra se estendia pelo céu, engolindo as árvores dimensionais, como se a própria escuridão estivesse prestes a devorar tudo ao seu redor.

— A escuridão está se formando na beirada da floresta — declarei com um tom grave e preocupante. — Devemos seguir nessa direção.

Anna franziu a testa, seus olhos fixos na ameaça iminente que se erguia diante de nós.

— Isso não parece nada bom, não é mesmo? — ela murmurou, sua voz carregada de uma preocupação palpável.

Duncan, embora ainda visivelmente irritado, não pôde deixar de lançar um olhar sombrio para a parede negra que avançava.

— Não gostaria de estar do outro lado disso — resmungou ele, a gravidade da situação claramente refletida em seu rosto.

Olhando para o grupo, senti o peso da responsabilidade e da incerteza se acomodando em meu coração. A necessidade de enfrentarmos o desconhecido era esmagadora, e a determinação de proteger nosso mundo e a magia que o sustentava se intensificava.

— Não temos outra escolha — afirmei com firmeza, a voz carregada de determinação. — Precisamos atravessar essa escuridão e enfrentar o que quer que esteja lá para salvar nosso mundo.

Com um último olhar para o cenário paradisíaco da floresta mágica, nos preparávamos para seguir em direção à escuridão iminente, nossa jornada se tornando uma travessia repleta de desafios e incertezas. A alvorada de nossa missão estava prestes a começar, e a cada passo, o peso da responsabilidade e a promessa de uma luta feroz se tornavam mais evidentes.

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O local parecia uma entidade viva, pulsando com uma energia quase palpável. O vento, sussurrando através das folhas, se assemelhava à respiração de um ser antigo e majestoso. A chuva intermitente que caía nas copas das árvores ecoava como um suspiro contido, adicionando uma melancolia sutil ao ambiente. O aroma da terra molhada inundava o ar, envolvendo-nos em sua fragrância terrosa e reconfortante.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora