Capítulo Treze

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Victor Jones:

A manhã estava calma e fria quando encontrei Merlim no jardim. O sol ainda não havia subido completamente, e uma leve névoa pairava sobre as flores e arbustos, criando uma atmosfera mágica e tranquila. Sentei-me ao lado de Merlim em um dos bancos de pedra, e ele me lançou um sorriso cansado, mas genuíno.

— Como você está se sentindo depois da aula de ontem? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.

Merlim suspirou, olhando para as mãos.

— Foi o mesmo de sempre. Ver todos se conectando com seus parceiros espectrais... Isso me fez pensar muito sobre minhas próprias limitações. Até imaginar qual seria o meu parceiro — ele disse.

Assenti, entendendo a frustração que ele devia estar sentindo. Olhei para cima e, quando notei, Marko pousou no colo de Merlim, que ficou surpreso.

— Marko gostou de você — falei, e ele me olhou divertido.

— Você o chamou de Marko — ele disse.

— Isso aconteceu depois que estávamos na biblioteca. Na parte da tarde, estava estudando sobre o que ele poderia comer e, quando dei por mim, o nome veio com tudo na cabeça. Ele gostou quando disse em voz alta — expliquei, coçando a nuca.

Marko balançou a cabeça em positivo, e Merlim fez carinho na sua cabeça.

— Queria ter um — ele disse. — Sabe como é frustrante tudo isso.

— Sei perfeitamente — respondi, e ele ficou surpreso. — No meu mundo, eu era assim. As pessoas sempre sussurravam sobre mim, apontando, esperando que eu fizesse algo errado ou simplesmente surtasse de vez. — Suspirei. — Deve ser ainda mais difícil com todos sussurrando sobre os pecados dos seus pais e sem ter muito em que se apoiar, especialmente com idiotas como o Dimas sempre pegando no seu pé ou no dos seus irmãos.

— Ele não sabe a metade do que passamos — Merlim respondeu, seu olhar ficando distante. — E ele nunca vai entender, ninguém vai entender. Mas eles ainda nos julgam por causa do que aconteceu com a Meteora. Ela recebeu uma punição também por ficar com nossa guarda depois que a sentença dos meus pais saiu e descobriram os crimes deles e do grupo que participaram.

Houve um momento de silêncio antes que eu decidisse mudar o rumo da conversa.

— Mas você tem muita força, Merlim. E sabe, há outras maneiras de superar suas limitações. Talvez você só precise encontrar um caminho diferente e ignorar as outras pessoas que dizem o contrário — falei.

Merlim sorriu para mim, um pouco mais esperançoso.

— Obrigado, Victor. Suas palavras significam muito para mim. E por falar em caminhos diferentes... — Ele fez uma pausa, como se estivesse considerando algo importante. — Quero te mostrar uma coisa.

Levantei-me do banco, curioso.

— O que é?

Ele me guiou até uma parte mais isolada do jardim, onde as árvores formavam uma pequena clareira. Ali, ele se ajoelhou e tocou o chão, murmurando algumas palavras em uma língua que eu não reconhecia. Lentamente, uma luz azul começou a emanar do solo, revelando um círculo mágico que parecia estar adormecido há muito tempo.

— O que é isso? — perguntei, fascinado.

— Este é um antigo círculo de proteção — explicou Merlim. — Meus pais criaram esse lugar para eles mesmos se esconderem da Meteora. Descobri isso em uma das minhas explorações pelo castelo e sempre venho aqui.

Observei o círculo com admiração. Ele passou as pontas dos dedos pelo círculo, e uma porta surgiu. Ele me puxou para dentro, e Marko voou atrás da gente.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora