Capitulo Trinta e Nove

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Victor Jones:

Despertando da minha breve introspecção, percebi como minha fama havia crescido consideravelmente em toda a capital desde a eliminação do monstro. Nobres de outras nações agora demonstravam grande interesse na minha experiência, mas eu desejava ardentemente voltar aos dias em que estava focado apenas nos meus estudos de magia durante o semestre anterior.

Naquele período, quase não saí da escola. Minhas rotinas consistiam em dedicar duas horas diárias à prática do "Controle" e, depois dessas sessões intensas, passava as próximas dez horas meditando, buscando uma conexão mais profunda com o mundo espiritual. Apenas comparecia às aulas, fazia as refeições e dormia, mantendo uma regularidade que não atraía atenção, graças à conivência dos mestres que apoiavam minha busca por conhecimento.

Independentemente dos eventos, o semestre finalmente terminou. Assim que os alunos receberam suas tarefas para o semestre de inverno, cada um partiu para suas respectivas casas e famílias. Quanto a mim, fui chamado de volta ao palácio.

Quando os outros estudantes chegaram, sua única missão era me escoltar até o interior do palácio, enquanto os cavaleiros partiam às pressas para verificar a área em busca de outras possíveis ameaças. Interrogatórios aconteciam para quem tivesse atravessado o jardim e testemunhado as criaturas. A busca por qualquer pista suspeita estava em andamento.

Embora necessário, esse processo consumia horas preciosas do meu dia. O assunto dominante nas conversas era o ataque ao palácio e como eu havia derrotado os monstros em questão de segundos. No entanto, o que mais me incomodava era a falta de reconhecimento de que essas criaturas eram, na verdade, espíritos corrompidos.

Qualquer tentativa de abordar esse fato era rapidamente ignorada ou desviada, me deixando frustrado. Terminando meu interrogatório, virei-me, deixando para trás o líder dos cavaleiros e a sala repleta de autoridades. Pouco tempo depois, estava perambulando pelo silêncio do palácio, que agora ostentava os vestígios de uma parte destruída.

Apesar das circunstâncias, o palácio ainda era o lar dos meus amigos. Dado o vasto tamanho do lugar e a ocupação constante dos pais deles, Aurora e os irmãos praticamente viviam isolados, cuidados com esmero, mas privados de uma infância típica.

— Urlac — chamei em voz baixa, e o espírito surgiu diante de mim em um piscar de olhos. — Como está o mundo dos espíritos?

Ele respondeu com seriedade: — Está em tumulto. Muitos desejam falar com meu pai sobre os espíritos corrompidos, e ele está fazendo o possível para acalmá-los e evitar o caos. No entanto, sombras ainda estão invadindo e deixando destruição em seu rastro.

— O Rei das Sombras está agindo — comuniquei com preocupação. — Ele está pedindo que me capturem enquanto ele se volta aos espíritos para seus experimentos.

Urlac, com determinação, bateu no próprio peito e declarou: — Não se preocupe com isso. Vou ajudar meu pai a resolver nossos problemas. Precisamos encontrar uma solução para todas essas questões antes que seja tarde demais. Independentemente de suas dúvidas, o Guardião deve estar ao lado de todos na dimensão mágica.

Um sorriso surgiu em meu rosto, e antes que eu pudesse expressar minha gratidão, Urlac desapareceu, deixando-me em pensamento solitário. Virei-me e vi Merlin correndo em minha direção, e quando ele chegou a centímetros de mim, me puxou para um abraço reconfortante.

— Por favor, me diga que eles não te machucaram durante o interrogatório — ele sussurrou, enquanto suas mãos acariciavam minhas costas.

— Estou perfeitamente bem, Merlin — tranquilizei-o, apreciando seu carinho. — Só contei o que aconteceu, parece que não foi algo tão significativo.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora