17 - Conseguir me amar?

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Assim que ouvi meu despertador tocar as 07:00 horas da manhã levantei, me esticando, você precisa ir no evento, não precisa dormir mais 5 minutinhos, repeti isso assim que arrumei a cama abaixo da minha cama box.

Amy havia dormido aqui, assim que eu a deixei sozinha no quarto não conversei mais com ela, ela precisava de um tempinho para si e talvez eu também. Quando sai do banheiro reparei em alguém familiar era Emma que estava com os olhinhos vermelhos.

— O que foi Emma? — Me agachei e juntei minhas mãos servindo de apoio para seu rosto.

— A Amy... Vai ficar assim triste para sempre? — Foi um stop, ou um déjà vu, milhões de pensamentos turbulentos invadiram meu sistema como uma enchente devastando e limpando meu ser, e até continuei a pensar, mas depois expulsei os pensamentos reflexivos e falei:

— Não Emma, ninguém fica triste para sempre.

— Mesmo? — Assentiu com a cabeça.

— Sim, ela só precisa entender o sentimento e compreende-lo melhor, e então ela vai ficar bem.

— Lyra a tristeza parece contagiosa.  — A encaro sem entender, e ela complementa:

— Porque quando uma pessoa que a gente gosta fica triste, todos ficam também. Você, o Ian, a mamãe o papai, a tia Isabel.

— É difícil Emma, mas... Uma hora vai passar, só precisamos ter paciência.

— Emma, princesa o café já tá na mesa. — Minha mãe chega para amenizar o clima e Emma desce as escadas.

— Você escutou mãe? — Ela assente.

Eu sento e encosto na parede branca ao meu lado minha mãe faz o mesmo.

— Lembra quando você tinha 14 anos? — Concordo com a cabeça.

— Você chorava muito, e eu acho que de alguma forma Emma não quer que você fique perto de alguém triste para voltar a ser quando você tinha essa idade.

Eu apoio minha cabeça em minha mãe, ela estava certa, ela sempre está.

Após tomar o café da manhã fui correndo para o evento de profissões, quando cheguei no lugar estava cansada respirando intensamente.

Amy voltaria para a competição de surfe?

Espantei os pensamentos e me aproximei do local indicado pela última pista, as mesmas eram fáceis, mas eu gostava de me sentir como uma investigadora sempre que lia elas.

"talvez o alto seja incrível, tem uma vista linda."

Eu também não esperava por isso, mas era uma palestra sobre alpinismo, sem condições detesto altura, tenho medo até de elevador.

Resolvo então ignorar aquele lugar e andar pela cidade, faltar em um não daria em nada, posso não ter certeza do que quero, mas tenho certeza do que eu não quero.

Observo lojas lindas, não Lyra você não precisa se roupas ou maquiagens, umas não fariam mal.

Entrei na loja em minha frente e comecei a experimentar algumas roupas, tirei algumas fotos. A próxima loja foi de maquiagens, experimentei algumas e levei um gel de sobrancelha e uma paleta de sombras.

Olho no celular e vejo as horas, hora de ir ao próximo evento.

"vivo nos mares, não sou água nem sal."

Seres vivos, biologia marinha... Me lembro de Amy imediatamente.

Eu amava animais, mas talvez eu não queira trabalhar com isso, escutei outra palestra sobre o assunto e entendi um pouco do que é essa profissão, Amy amaria! Guardei um par de chaveiro de tartarugas que haviam dado.

Olho novamente em meu celular esperando alguma mensagem de Amy, fui direcionada a Ian, como ele estava com toda essa situação? 

Quando chego em casa vou direto ao meu quarto com um resquício de esperança de encontrar Amy, mas a mesma não estava nem em meu quarto nem em casa, ela não voltaria a sua casa sem avisar ninguém, só me restava a esperar.

Após o almoço me deito na rede da varanda e pego o livro que é minha leitura atual, coloco minha playlist para escutar e leio emergindo em um novo mundo. Por muito tempo os livros foram minha segunda casa, acho que uma parte de mim sempre irá se identificar com isso, quando eu tinha 16 achava que viveria um romance digno de filmes de comédia romântica e de livros que eu lia, mas o tempo passou e nunca aconteceu, e com o tempo a gente aprende a desacelerar.

No dia do cinema não estava triste por Amy estar com alguém, estava triste por mim, e guardei esse sentimento em meu fundo, estava na hora de entender, eu me senti um atraso total, o que foi? Geralmente quando se tem 18 anos você pelo menos já beijou alguém, mas eu não. Somos pessoas tão intensas para vivermos relações tão rasas, e não vejo motivos nenhum em só ficar com alguém para alimentar um resquício de carência, mas mesmo assim não evito de me sentir atrasada. Será que eu sou tão insignificante ao ponto de ninguém conseguir me amar?

Sou interrompida antes de colocar todo o sentimento para fora por Emma, que me chamava para brincar e eu fui.

— Emma você está roubando. — Falo a mocinha.

— Não to não! — Ela grita.

— Você ta escondendo suas cartas na cara dura.

— Isso não é roubar, é omitir. 

— Ae mocinha. — Me levanto e começo a correr atrás da mesma, que agora subia as escadas em direção ao banheiro. Ela para quando percebe que a porta estava fechada, então voltamos para a area externa da casa, assim que estou perto de Emma ela grita apontando:

 — Olha o Ian e a Amy! — Antes mesmo de terminar ela sai correndo em direção aos mesmos. 

— Oi — Digo assim que chego perto o suficiente.

— Oi. — Os dois falam ao mesmo tempo, Amy parece bem melhor assim como Ian, dessa vez ela sorria fraco.

— Aonde voces estavam em? — Emma diz.

— Conversando por aí pequena. — Diz Ian a cutucando levemente sobre o nariz, eles começam a conversar e se distanciam, depois de mim e Ian nos olharmos algumas vezes.

— Você tá melhor? — Direciono a pergunta a Amy que agora sorri e assente.

— Não é ignorando meu problema, mas só não quero pensar muito nisso, meu pai errou e só está um pouco longe, não é como se eu nunca mais fosse vê-lo, aliás nem sei se quero ver ele. — Ela dá um longo suspiro, nos abraçamos de lado e continuamos a andar juntas com os passos saindo ao mesmo tempo.


continua...

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