36 - Quer dançar?

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A água fria me atinge como se estivesse batendo em uma rocha sólida, dessa vez meu olhar está brilhando, eu não sabia como tudo tinha acontecido, mas eles estavam me ajudando a procurar pela minha pulseira, um resto de esperança brilha em meu peito. Por favor Senhor, me ajude a encontrar minha pulseira, o Senhor sabe o quão especial ela é para mim.

Novamente eu volto a superfície com a sensação horrível de perder algo, puxo o ar e mergulho novamente, mexo os braços e afundo mais e mais, olho em volta e um resquício de luz atinge mais a fundo, vou na direção e solto algumas bolhas pela boca, cadê, cadê, cadê? Nado mais rápido na direção, mas alguém me impede de ir até o local, olho para trás e Ian estava parado em minha frente com a pulseira em mãos, solto o ar quase todo que estava guardado e arregalo os olhos.

Subimos o mais rápido e eu esbanjo um sorriso, graças a Deus, Ian me encara enquanto sento na borda da piscina, ele ainda na piscina puxa meu braço e põe a pulseira bem no local que ela sempre esteve, e enquanto se senta ao meu lado balançando o cabelo para tirar um pouco de água diz:

 — Galera, achamos! — Ian grita e volta a me encarar, eu ainda estava pasma.

— Obrigada. —  É tudo o que eu falo, ele sorri.

A última coisa que eu reparo são as pessoas saindo da piscina encharcadas, mas meu olhar não demora muito e vai até Ian.

— Fez o time de basquete procurar nessa piscina, por uma pulseira? —  Ele sorri.

— Era a sua pulseira. —  Algo em meu peito dispara, de repente eu simplesmente esqueço de respirar e o mundo parece não existir além de Ian, eu o olho e pela primeira vez sinto algo novo, diferente.

—  E além disso — Ele põe uma das mãos no cabelo, e o bagunça. —  Parecia importante, nunca a tira do pulso. — Ele completa.

— E é, obrigada.  — Ele estende uma das mãos oferecendo a toalha que tinha acabado de pegar nas cadeiras atrás dele, eu aceito e passo pelos meus cabelos molhados, eu o vejo me observar e estendo uma parte da toalha para o mesmo, que aceita, nossos braços se esbarram e me lembro da sensação dele em minha cintura, o silencio surge no ar, até ele resolver simplesmente balançar a cabeça fazendo voar água de seus cabelos para tudo principalmente para o meu rosto.

— Prepotente. —  Ele sorri sem parecer ofendido.

— A Mila foi embora? —  Pergunto, eu estava com raiva dela, tanta, mas por hoje resolvo ignorar isso, eu estava mais preocupada e em choque com tudo que aconteceu para se quer reclamar com ela.

—  Foi escoltada por Olívia e minha irmã, acho que ela ouviu alguns bocados.—  Não consigo evitar de sorrir, ela havia chegado longe demais.

—  Um segredo por outro? —  Ele me pergunta e eu concordo com a cabeça. —  Qual lance da pulseira? —  Ele questiona, e pelo contrário do que eu pensava eu não me senti mal ao querer falar, conversar sobre essas coisas com Ian era leve.

—  Minha avó me deu, você já sabe a história, eu dei uma igual a ela, pra ela não... se esquecer de mim, e enquanto eu estiver com ela — Mostro a pulseira em meu pulso. —  Eu vou saber que ela ainda se lembra de mim. 

Ian se aproxima mais de mim e o calor vem de imediato.

— Sua vez de me perguntar. —  Ele fala, eu amava isso nele, ele não escondia nada de mim, mesmo não tendo que me contar nada, ele contava.

—  Como encontrou Jesus? —  Ele pareceu surpreso, e eu sorri com isso, parecia que algo forte estava por vir.

— O pai de Amy não teve esses sinais agressivos só agora, bem no começo do casamento ele bem... tinha batido em minha mãe, mas não era algo que eu pudesse interferir, eu ainda era criança, com o tempo, minha mãe o perdoou e ele parou com isso, era o que pensávamos, mas as vezes ele chegava bêbado e gritava o dia inteiro, eu não o suportava, então quando comecei a trabalhar, e sair com meus amigos eu acabava fazendo coisas ruins, eu era um adolescente e achava que sabia de tudo, comecei a ir mal na escola, chegar tarde, brigar com minha mãe, mas um dia eu simplesmente escutei uma voz, que me perguntava se eu queria continuar ali, e eu falava que não, por que com o tempo me parecia mais com meu padrasto o homem que eu detestava. Essa voz me acolheu e eu percebi que era Jesus, foi quando comecei a buscar Ele, e largar tudo que eu achava que era certo, tinha um amigo que me levava na igreja, e com o tempo comecei a levar Amy e minha mãe para lá, mas ele nunca foi. E bom o que aconteceu por esse ano você já sabe. — Ele solta um longo suspiro, um fio rebelde de seu cabelo cai na testa, eu levo meus dedos e ajeito o fio no lugar, ele pareceu surpreso e sorriu.

— Isso foi incrível senhor prepotente. —  Ele fingiu ficar ofendido e voltou a encarar o fundo da piscina.

 — Ah não. — Digo ao ver Benjamim se aproximar. — Já tive que lidar com Mila não quero ter que lidar com ele. — Então Ian leva seu olhar para o garoto que estava vindo e passa seu braço pelo meu ombro, me puxando para mais perto, eu paralisei, só conseguia focar no céu que estava observando enquanto sentia seu braço em mim, eu dei um longo suspiro e me concentrei novamente em benjamim esperando que a qualquer momento ele estivesse em minha frente falando alguma coisa, mas o mesmo tinha dado meia volta e ido embora.

— De nada. —  Ele fala e sinto um arrepio, uma brisa fria estava chegando, me aconchego mais perto do mesmo que ainda estava com o braço em mim, Ian era importante o suficiente para o toque não ser algo desconfortável, era reconfortante, escoro minha cabeça em seu ombro e solto um suspiro.

— Ly, Ian? Os parabéns, vamos cantar agora! — Vejo Amy me olhando surpresa após ver eu e ele juntos ali, e sorri para nós.

— Acho que temos que ir — Tiro minha cabeça de seu ombro e com muito custo ele tira o braço e se desencosta de mim. 

— Vamos. —  Ele diz.

Estavam todos reunidos lá dentro faltando poucas pessoas para se reunirem alí, nunca vi Olívia tão feliz.

—  Ei, você está bem? —  Amy me pergunta.

—  Estou melhor, o que vocês falaram para a Mila? —  Ela sorri.

—  Ah tudo que sempre tivemos vontade de falar, cunhadinha. — Eu esboço um sorriso e rio.

— Só você Amy para achar uma coisa dessas. —  Todos começam a bater palmas e comemorar o aniversário dos irmãos.

—  O meu primeiro pedaço, eu daria a mim se pudesse, mas como não posso — Yuri começa a falar enquanto anda na direção de Amy. —  Me desculpa por ter te chamado de velha. —  E a entrega o pedaço.

—  Acha que vai me comprar com um pedaço de bolo Yuri? —  Ela ergue as sobrancelhas. —  Acho, é de morango. —  Amy então sorri e morde o bolo. 

— E a propósito estava muito bonita com o vestido. —  Sinto uma vontade enorme de gritar o quanto são fofos, mas não posso, Amy me mataria. Amy sorri com o elogio e me olha de canto, sorrio para ela, me afasto os deixando a sós e vou para mais perto da mesa cheia de docinhos.

— Acho que vou ganhar um cunhado. —  Ian se aproxima de mim, rio. —  Com certeza. — Digo o olhando.

—  Meu Deus eu amo essa música! — Eu falo e o olhar de Ian brilha.

—  Quer dançar? —  Ian o garoto sério com os outros ao redor, reservado, e capitão do time de basquete havia acabado de me convidar para dançar, eu agarro sua mão que a pouco estava estendida para mim e o levo até o lugar que outras pessoas dançavam, esse dia foi realmente incrível.

Continua... 

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