31 - Culpa sua garota dos livros

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Eram 5 da manhã quando acordei para tomar café, eu iria no jogo de Ian que seria em outra cidade. 

— Bom dia. — Digo assim que entro no quarto de meus pais. Minha mãe olha para mim ainda deitada e diz:

— Já está indo? — Assinto com a cabeça.

— Com Deus e toma cuidado. — Ela diz e logo em seguida sorri para mim, fecho a porta quando me despeço dela e desço as escadas apressadamente, confiro as horas pelo meu celular, o ônibus viria as 5:30, eu estava um pouco atrasada.

Como algumas uvas e faço uma panqueca caprichada, Ian tinha chamado as meninas também? Ou não? Por um momento o fato de só conhecer Ian me assustava um pouco, que eu não seja a única menina por favor.

Troco de roupa num pulo e passo corretivo para esconder minhas olheiras, eu estava pronta e o dia nem se quer havia clareado, eu estava com sono e provavelmente dormiria em todo o caminho de ida.

Como algo rotineiro vou até a sacada e pego minha bolsa de sempre, por algum motivo sempre a esquecia ali.

Bi!Bi!  Me assustei com o barulho da buzina, peguei o que precisava e sai correndo pela cozinha, logo me arrependi da escolha de roupa, eu não tinha pego nenhuma blusa de frio por conta da correria.

Ian estava parado bem em frente a porta de casa como se já estivesse pronto para tocar campainha, se eu tivesse dado mais dois passos teria dado de cara com ele.

— Bom dia. —  Digo apressada, acho que eu já estava bem atrasada.

— Bom dia. — Andamos até o ônibus parado entre as duas casas, até que ele para e põe um casaco em mim, que a pouco tempo estava nele.

— Não deu tempo de pegar um casaco? — Ele pergunta e eu me ajeito no casaco que ele tinha me emprestado, o calor veio de imediato.

— Tive cuidado para não me atrasar, obrigada — Olho para minha bolsa, talvez eu tivesse esquecido do casaco por que tinha pego um livro. 

— Garota dos livros? —  Aponta seu olhar ao livro que estava em minha bolsa, sorrio com a acusação.

— Ia queimar as páginas para se aquecer?

— Que horrível, nunca faria isso com um livro. —  É a vez dele sorrir. 

Entramos no ônibus, algumas pessoas cumprimentam Ian e eu, e pela minha sorte tinham 2 meninas e pelo meu azar uma delas era Mila, ao lado dela tinha Yuri, ele jogava também? e a outra menina estava conversando com Leo, e assim que me viu sorriu para me cumprimentar, sorrio de volta, graças a Deus ela parecia ser legal. Será que era a irmã dele? Amy ia ficar triste se a resposta fosse outra coisa.

Quando finalmente vamos sentar quase no meio, observo mais algumas pessoas do ônibus a maioria estavam com roupa do time, mas quando olho para Ian ele está somente com uma blusa preta de manga longa, ele não é do time? 

Me sento ao lado da janela e logo escoro na mesma, até que não me aguento e pergunto:

— Por que não está com a blusa do time?

— Por que ela está com você. —  E aponta para o casaco que estava comigo. 

Finalmente meus olhos se fixam no casaco, ele era preto com escritas marrons, olho para a manga e lá está bordado: Ian o número 11 e logo embaixo capitão. O encaro, ele era capitão do time, por um momento fico envergonhada com a situação então volto a encostar minha cabeça na janela para dormir.

— Qual vai ser nossa leitura para a viagem? —  Eu o encaro sem entender a pergunta.

—  Você trouxe um livro, e estou do seu lado. — O encaro novamente e dessa vez pergunto.

— Você quer ler comigo? —  Ele sorri e diz:

—  Sim garota dos livros, está com sono? —  Assinto em afirmação com a cabeça.

— Você não? Tivemos só 3 horas de sono. 

—  Já me acostumei, para entrar na faculdade de investigação criminal tínhamos uma prova prática durante uma semana e eu dormia menos que isso.  

— Tudo bem, vou riscar essa faculdade da minha lista. —  O vejo sorrir, o tempo estava começando a ficar mais frio, e Ian combinava com o clima.

Ele pega seu fone de ouvido de fio e conecta no seu celular e de imediato após perceber meu olhar sobre o mesmo, ele ofereçe outro lado do fone e eu aceito. O início de fearless surge. 

Olho por cima do ombro do mesmo e vejo que não está em nossa playlist.

— Não sabia que escutava Taylor Swift.

—  Não escutava até você colocar 20 músicas dela em nossa playlist, queria saber por que você gosta tanto das músicas dela. 

 — E gostou? —  Sorrio cansada e ele assente.

—  Culpa sua garota dos livros. 

Eu acabo tendo que me aproximar mais de Ian por conta do fone e nossos braços se esbarram, meus olhos começam a perder para o sono e tombo a cabeça para o ombro de Ian e de imediato levanto num susto, tocar em alguém era muito profundo, talvez mais do que qualquer elevação profunda no fundo do oceano, era algo especial e talvez Ian não quisesse uma cabeça em seu ombro durante todo o caminho e... Espanto os pensamentos e percebo que ele havia dito algo.

— Pode deitar a cabeça aqui, não me importo. —  A forma que ele diz é tão sincera e reconfortante que cedo, toques eram especiais, e Ian era especial, encosto minha cabeça em seu ombro e apago.

                                                                                
*

Sinto uma mão delicada colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e logo escuto conversas, não que eu estaria espionando ou queria espionar, mas era legal escutar o que tinham para falar enquanto eu aparentava dormir e não queria atrapalhar o assunto.

 — O jogo passado foi épico. 

— Mas o time de hoje é incrível, temos que ser o melhor hoje. — Ian diz e eu escuto algumas pessoas se aproximarem.

— Não vai ir comer? Finalmente tem uma parada... — O silêncio surge.

— Não quero acordar ela. 

— Ou não quer parar de abraçar ela? — Escuto Leo dizer, e realmente Ian estava me abraçando, eu estava encostada em seu ombro e um braço confortável estava dando apoio para minha cabeça.

— Se acordarem ela, eu mato vocês.

— Vai ficar nos dois Jack, o nosso mano aí vai nos abandonar pela garota.

— Fale por você irmão. — Jack diz, e eu sinto vontade de me mexer um pouco e quando faço isso um silêncio surge.

— Graças a Deus, ela não acordou. — Leo diz.

— Logo o Ian que não ficava de olho em ninguém. — Jack encerra a conversa e escuto passos apressados para fora do ônibus.

Eu deveria "acordar" e desencostar de Ian, mas não conseguia, não queria fazer isso, era confortável ficar alí, mas se não acordasse ia ficar com fome e Ian provavelmente também.

 Então abro os olhos e finjo um bocejo e me afasto de Ian.

— Bom dia. — Digo, umedeço meus lábios e pisco encarando Ian, respiro uma, duas, três vezes, afinal era Ian que estava alí, e as vezes quando o via esquecia como se respirava.

— Bom dia, está com fome? — Eu estava, então faço que sim com a cabeça.

— Acabamos de parar que ir? 

— Vamos. — Digo e ele se levanta estendendo a mão para mim, eu aceito a ajuda.

Continua...

O Meu VerãoOnde histórias criam vida. Descubra agora