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Enzo Martins

Num piscar de olhos, segunda-feira novamente.

Tava me arrumando pra ir pra faculdade e a Lara já tava pronta me esperando.

— Demorou muito, irmão. - Ela falou cruzando os braços e eu segurei a vontade de rir — Estamos atrasados.

— Não estamos não. - Neguei olhando as horas no relógio — Dá tempo de tomar café, princesa.

— Não. - Ela negou rápido — Já tomei, temos que ir.

— Lara, pera. O que você tá aprontando? Ainda tá muito cedo. - Perguntei desconfiado.

— Hoje é dia da mochila maluca, eu quero mostrar a minha pra todo mundo. - Ela respondeu sincera e eu ri.

— Tá bom então. Vou tomar um café bem rápido e já vamos. - Falei e ela fez careta — O que adianta chegar lá e não ter ninguém, Lara?

— Tá, mas vai rapidinho. - Ela falou começando a pentear o cabelo.

Ela tá nessa fase super vaidosa, anda cheia de pulseiras e anéis.

Quem compra esses acessórios pra ela é a Cecília, todo dia chega com um presente.

Tomei realmente o café super rápido, sem acreditar que tem uma segunda mulher de 8 anos mandando em mim.

Deixei a Lara na escola, que quase saiu sem me dar tchau.

Parti pra faculdade e estacionei ao lado do carro do Felipe.

— E aí. - Falei ao descer do carro, alcançando ele.

— E aí, pô. - Ele respondeu meio desanimado e eu estranhei.

— Tá bem, mano? - Perguntei.

— To chateado, pô. - Ele admitiu e eu franzi a testa — To sentindo a Amanda distante depois desse estágio.

— Normal, mano. Tá todo mundo morto de cansado. - Respondi com sinceridade.

— Eu me desdobro em trinta, mesmo cansado, pra ter tempo pra ela. - Ele contestou e eu assenti.

— Pior que a Cecília também tá diferente depois do estágio. - Pensei alto — Tá toda sem paciência.

— O que esses estágios fizeram com as nossas mulheres? - Ele se lamentou e eu ri fraco.

— Ali as mulheres conversando, nem aí pra gente. - Brinquei apontando com a cabeça na direção das meninas.

— Olha quem chegou. - Cecília falou com a Amanda.

— Os dois patetas. - Amanda respondeu e eu empurrei fraco a cabeça dela.

— Teu cu, Amanda. - Falei implicando com ela, como de costume.

— Beijo? - Cecília pediu fazendo bico e eu dei um beijo nela — Não canso de falar que você fica um gatinho de jaleco.

— Aprende, Amanda. - Felipe falou apontando pra mim e pra Cecília — Tem que elogiar seu homem também, pô.

— Vai começar com o drama, parceiro? - Amanda perguntou pro Felipe, que arregalou o olho, me fazendo rir.

— Amanda tá andando com a galera das quebradas. - Brinquei e o Felipe negou com a cabeça.

— Sábado tem o aniversário do meu irmão, não esqueçam. - Amanda avisou.

— Esquecer como? Porra, to nem dormindo ansioso pela festinha. - Felipe falou animado, nem parecendo o mesmo de minutos atrás.

— Vai ser onde? - Cecília perguntou deitando a cabeça no meu ombro.

— Lá em casa mesmo, amiga. Meus pais liberaram. - Amanda respondeu.

— Bora, Enzolas. Aula prática no laboratório hoje, se atrasarmos aquele corno vai encher o saco. - O Felipe reforçou e eu assenti.

— Tchau, amor. - Falei dando um beijo na Cecília.

— Tchau, lindo. - Beijou meu rosto.

— Tchau, barraqueira. - Falei com a Amanda, que me deu dedo.

Eu e o Felipe seguimos em direção ao laboratório e ele arregalou os olhos.

— Porra, to sem o jaleco e você nem me avisa. - Ele brigou comigo e eu ri.

— Corre lá no teu carro, mano. - Falei — Vou enrolando o professor.

— Beleza. - Falou literalmente correndo até o carro dele.

Neguei com a cabeça e segui até o laboratório sem o Felipe.

— Oi. - Escutei alguém falar comigo e reconheci a voz.

— Que foi, Jade? - Perguntei encarando ela.

— Nossa, você costumava ser mais educado. - Ela se fez e eu revirei o olho.

— É porque antes eu achava que tu era gente boa, mas a verdade apareceu com o tempo. - Respondi grosso e ela arqueou as sobrancelhas.

— Assim você me ofende.

— É pra ofender mesmo. - Respondi sem paciência, tentando passar por ela.

— Calma aí. - Falou passando a mão no meu peito e eu tirei na hora.

— Tá ficando maluca? - Perguntei me afastando.

— Que foi? - Se fez de dissimulada — A Cecília nem tá aqui.

— Sai fora, garota. Além de sem noção, é maluca. - Falei puto — Vai dar em cima de algum moleque que te dê moral.

— Abre o olho com a sua namorada. - Ela falou alto e eu parei de andar — Sabe onde ela tava domingo? Com o Guilherme.

    Respirei fundo sabendo que a Cecília não mentiria pra mim igual no início do nosso namoro.

Desviei dela e segui pra sala, totalmente sem saber o que deu nessa louca.

Cheguei no laboratório e o Felipe já tava lá, me olhando com uma cara de interrogação.

Pedi desculpas pro professor e sentei ao lado do Felipe, colocando minhas luvas.

— Eu esqueço o jaleco e você que se atrasa? - Felipe sussurrou.

— Porra, aconteceu uma coisa bizarra. - Falei incrédulo e ele me olhou curioso — A Jade me parou e deu em cima de mim.

— Que? - Ele quase gritou e o professor repreendeu a gente pelo olhar.

— Fala baixo, porra. - Briguei com ele.

— Essa mina mostra que tá cada dia mais louca. - O Felipe falou negando com a cabeça — Ninguém normal inventa uma gravidez, não conta o motivo da mentira pra ninguém e do nada começa a dar em cima do namorado da ex amiga.

— To falando pra você, cara. Aquela Jade é louca, tem que abrir o olho com ela igual você disse. - Respondi.

— E você vai contar pra Cecília que ela deu em cima de você? - Perguntou.

— Claro que vou, entre a Cecília e eu não há segredos. - Respondi começando o procedimento que o professor passou.

Aquela PessoaOnde histórias criam vida. Descubra agora