VINTE E NOVE

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Acompanho Orlean em direção a plateia ainda sentindo meu rosto latejar. Os efeitos do remédio devem estar passando. E enquanto dava um passo após o outro lembro que perdi a luta. Eu já devia ter me tocado, mas eu não havia sido a primeira a retirar o colar de Felipe... Um empate era uma perda, né? Qual é o veredito de Ciro?

Orlean olha para trás.

— Ande ao meu lado, por favor — ele diz baixo — Nenhuma humana, harpia ou elfa deveria andar atrás de um elfo.

Esse pedido quase me arranca uma gargalhada, mas minhas bochechas ainda estão doendo pelo corte e se eu mover meus músculos irei me contorcer de dor.

— Ou de um homem.

— Ou de um homem — ele repete sorrindo.

— Mas é por algum motivo especial que você diz isso ou é só educado mesmo? — pergunto dando uma cotovelada de leve nele.

— Bem, geralmente quem anda atrás de mim são os soldados. Você não precisa me obedecer.

— Justo — dou de ombros — Então, se você andar atrás de mim deve me obedecer?

Ele deita a cabeça e quase consigo ver sua idade diminuindo com o sorriso mostrando os dentes. Toquei em algo de seu interior, pelo visto.

— Apenas se a senhorita quiser.

Descemos uns lances de escada e voltamos para a entrada do estádio

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Descemos uns lances de escada e voltamos para a entrada do estádio. A luta de Yur e Ciro não havia começado ainda e alguém grita no amplificador que estão passando por uma pausa. Imagino que pelo problema com o colar. Se houver qualquer falha de explosão novamente Ciro deve ficar careca depois de arrancar os fios da própria cabeça.

Orlean, de repente, segura minha mão quando passamos por um aglomerado de espectadores que vieram ver a luta e entramos em uma área fechada para eles. Não acho que Orlean perceba que não deve fazer isso depois de todo o alarde sobre não saberem que nos conhecemos, porém há muita gente em volta.

Muita gente e pouca visibilidade, contudo, se alguém espalhar que nos viu de mãos dadas, tudo irá por água abaixo no exército.

Mesmo que não seja nada demais. Não é nada demais, né?

Tentaram me matar e eu estou tentando fingir que estar tudo bem.

Na área fechada para os competidores vejo Calen e Guilhermina. Eles não estão com raiva um do outro, o que é surpreendente depois da dançarina ter sido espetada com um tridente na barriga algumas horas atrás pelo elfo ao seu lado.

Ela está comendo um tipo de salgado cortado em quadradinhos que está dentro de uma cesta junto de Calen que tem uma pintura facial desenhada em seu rosto. É parecida com a de Orlean, só que no lugar de estrelas há um sol e uma lua em cada bochecha.

A criança elfo olha de Guilhermina para nós e levanta as mãos nos chamando.

Ainda seguro a mão de Orlean e ele a minha. oh. Estou mais ciente disso do que gostaria de estar. Lembro tarde demais que a dançarina é fanfiqueira. Ela se vira para onde Calen gesticula e eu solto a mão de Orlean bem na hora que seus olhos pairam em nós e em nossas mãos.

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