Tenho cerca de dois minutos para falar com Yur sobre a maleta de ferramentas no banheiro antes que Ciro volte. E eu aproveito o máximo que posso do tempo para explicá-lo o que aconteceu.
Ele me ouve por entre o barulho da música e dança.
— E não vai ser estranho todo mundo indo naquele banheiro? - ele sussurra segurando minha mão como se isso fosse nos fazer ouvir um ao outro melhor.
— Você não é todo mundo — sussurro de volta. Isso parece algo que uma mãe diria. — E você é grande. Ninguém nem vai reparar se esconder a maleta dentro da sua roupa.
Ele pensa por um momento e então balança a cabeça devagar.
— Ok. Você tem um ponto.
— Então? — o encaro — você acha que consegue?
Yur aperta meus dedos.
— Claro... Tudo por você, Alissa.
*
Volto para meu quarto e afundo nos travesseiros fechando os olhos no escuro. Algumas horas depois a porta é entreaberta e uma figura gigante se aproxima de minha cama. Ela deposita algo ao lado de meus pés e sai em passos silenciosos. Apesar de não conseguir ver direito o ser no escuro, tenho certeza de que foi Yur com a caixa de ferramentas.
Me sento na cama logo depois e puxo a caixa a enfiando dentro de minha bolsa de viagem.
Olho para a cama a minha frente.
Guilhermina não está aqui ainda. Devo me preocupar? E se o plano dos trolianos for mesmo tortura e sequestro?
Eu já me preparo mentalmente para sair do quarto quando a dançarina entra pela porta como se nada tivesse acontecido. Ela desliza os pés e cai sobre a cama deixando um grunhido sair de sua boca.
A luz do sol fraca passa pelas cortinas e encosta em seu corpo, ela olha para mim, pega o lençol, coloca sobre a cabeça e o abraça em volta do corpo.
Eu a observo em silêncio.
— Onde você estava? — finalmente pergunto.
Ela põe o queixo sobre os joelhos.
— Com Hannah — diz como se declarasse a resposta para todos os segredos do universo.
A luz do sol me faz enxergar metade de seu rosto. Está vermelho, mas não de vergonha e sim de cansaço. Ela parece que correu muito para chegar aqui.
— Estava com a irmã de Ciro?
— Sim — ela sorri mostrando os dentes.
— Fazendo o quê?
E essa pergunta parece pegá-la de surpresa já que se deita rapidamente em sua cama como se estivesse tendo um ataque cardíaco.
— Ah... Você sabe.
É o suficiente para mim.
— Eu... Eu achei que você tivesse algum problema com intimidade. Na festa em Versen você quase chorou só com a possibilidade.
Guilhermina ri e se espreguiça na cama.
— Eu não tenho problema com intimidade. Eu tenho problema com intimidade com homens, elfos e outros seres do sexo masculino.
— Ah... Não sabia — murmuro.
Bem, isso é novo.
— Está tudo bem. Acontece com frequência. Ninguém percebe.
— E o que está rolando entre vocês duas?
A dançarina joga o cabelo para o lado depois de tirar o lençol da cabeça.
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O Portal para Versen
FantasiaAlissa Ribeiro trabalha como funcionária numa das maiores redes de fast food de sua região. Entediada com a vida rotineira e sendo sempre alvo de provocações de um de seus colegas de trabalho, Alissa se incomoda com a falta de perspectiva de uma vi...