Achei que fosse ser mais fácil conversar com a garota humana na festa, mas Yur não brincou quando disse que ela era tímida. Assim que me vê a menina quase sai correndo e eu tenho que literalmente a segurar pelos braços. O que é, no mínimo, constrangedor.
— Não fuja, por favor! — imploro.
Ela encara minha mão em seu braço como se fosse uma aranha enorme prestes a atacá-la.
— Eu não vou dormir com ninguém! — Ela profere com os olhos úmidos quase derrubando lágrimas.
Meu deus, o que aconteceu com essa garota?
— Não, não. Eu não vou te pedir isso. — Digo com a voz mais doce que consigo.
Ela para de puxar seus braços.
Eu me apresento. E ela retribui o gesto. Guillermina Was. Esse sobrenome não me é estranho, porém não consigo lembrar onde ouvi. Guillermina tem dezoito anos e entrou na Companhia de Teatro Regional de Bersera aos quatorze.
— Então, Guillermina. Queria saber se conseguiria me ajudar? — inicio mesmo tendo poucas chances — Sabe aquele cara alto e assustador, porém totalmente inofensivo, que estava falando com você antes?
Ela treme quando aponto para minhas costas com o dedão. Nem sei se Yur ainda está lá.
— Sei... — responde cautelosa.
— Eu preciso de ingressos para a peça dos artistas de Bersera e em troca ele vai me dar um passe livre para a festa dele. — Mando a minha cara mais pedante possível — Essa festa é muito importante para mim. Eu preciso encontrar alguém lá.
Ela mexe a cabeça devagar como se tivesse acabado de desvendar um enigma.
— Uma pessoa importante? — Ela repete e seu rosto vai ganhando vida.
— Sim! — Estou um pouco desesperada — E eu preciso conversar com esse alguém algo muito importante. E eu só vou conseguir se eu for a essa festa porque ele está me ignorando.
— Você vai se confessar, não é?
Abro a boca. O quê?
— Você vai confessar seu amor por ele? — Ela quase grita fino e segura minhas mãos em uma concha.
De onde ela tirou isso? É algo de artistas? Ou ela só é emocionada?
— Isso é tão legal! — Guillermina continua — Eu sempre quis ajudar alguém a ter o seu final feliz. Sabe, sempre me colocam em papéis irrelevantes nas peças e eu nunca consigo sentir de perto a emoção de um casal finalmente ficando junto. Essa é minha grande chance!
— Uh... Claro? — rio nervosa.
Tento encontrar alguma razão em suas palavras, contudo ainda estou presa no "se confessar". Eu não sei de onde ela tirou isso, mas se é isso que Guillermina acha que eu vou fazer, então, não tem porque corrigí-la, né? As pessoas tendem a tirar conclusões precipitadas de mim. E desde que eu cheguei aqui estão fazendo muito isso. Não vou lutar contra a maré.
— Então, preciso muito dos ingressos para isso. — sorrio pressionando suas mãos nas minhas — Você acha que conseguiria um ingresso para Yur por mim?
Ela concorda na mesma hora.
— Mas você vai ter que ir também. — Guillermina afirma saltitante — Eu quero saber se deu tudo certo. — Ela agita os braços — Mas pera, como eu vou saber isso? Ah, já sei. Leve ele na peça também. Vocês podem sentar na primeira fila, assim eu vou poder vê-los. Isso é tão emocionante!
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O Portal para Versen
FantasyAlissa Ribeiro trabalha como funcionária numa das maiores redes de fast food de sua região. Entediada com a vida rotineira e sendo sempre alvo de provocações de um de seus colegas de trabalho, Alissa se incomoda com a falta de perspectiva de uma vi...