DEZESSETE

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Acompanho os cozinheiros até a sala do Conselho. Hoje colocaram mesas quadradas separadas uma das outras para que grupos fiquem cada um em um canto ao contrário da mesa grande que sempre está aqui quando venho. Katarina está sentada ao lado de Jeremias e Augusto numa mesa próxima a uma janela alta que antes estava escondida atrás de uma cortina pesada.

Agora está tudo muito claro, o sol bate em algumas mesas e se não fosse essa sala específica diria que é até acolhedora.

E está lotada. Barulho de conversas vem de todos os lugares.

A mesa dos cozinheiros fica ao lado de uma de soldados que eu nunca tinha visto antes. Eles todos vestem o uniforme preto e tem uma postura séria.

O grupo de Orlean não está presente.

Puxo uma cadeira e me sento ao lado de Augusto que manda um olá sorrindo grande.

— Todo mundo recebeu a carta, então? — ele pergunta com uma voz melodiosa.

Eu franzo a testa.

— Carta? — Digo.

— Para vir até aqui — ele explica.

— Aland foi pessoalmente me ver — respondo e Jeremias arregala os olhos.

— Essa é nova! — Jeremias diz e está tão em choque quanto eu ao ver Aland parado em pé em frente a minha cama mais cedo.

Um outro cozinheiro, o que parece ser o chefe de cozinha, joga sua mochila pesada em cima da mesa, ela faz um estrondo e a balança. Todos o observam enquanto ele a abre e retira livros. Muitos.

— Passei esse tempo todo desde o recebimento da carta procurando livros de receitas — ele enxuga a testa coberta de suor.

Augusto levanta a mão ainda sentado em sua cadeira com as costas relaxadas e um dos braços dobrados na frente do corpo.

— Por quê? Eles não explicaram nada ainda.

— Ora, não se faça de besta. Se precisam de cozinheiros com certeza precisam de comida — o homem bufa.

Moriar me avisou meia hora antes sobre a reunião e eu não fiz nada além de olhar para o teto e pensar na razão do chefe do Conselho dos elfos ter ido até ao meu quarto e na garota que me viu sem peruca.

Duas coisas para tirar minha paz, então não havia parado para assimilar o motivo de precisarem de cozinheiros. Sorte que daquela mesa mais ninguém parecia também haver se preparado.

Esperamos Aland entrar na sala.

Rezo para que ele não fique dando indiretas para mim ou terei um ataque de pânico.

Os elfos entram em fila. Quatro deles.

Aland, o elfo albino, Calen e uma elfa de pele bronzeada escura e cabelos curtos pretos, suas mãos seguram a de Calen.

Todos eles sentam na mesa do centro da sala, um lugar estratégico para captar nossa atenção durante a reunião. Os olhares curiosos esperam as primeiras palavras de Aland.

— Muito obrigado pela presença — Aland finalmente proclama mexendo as mãos de forma exagerada. — Todos pontuais do jeito que eu gosto. Alguns dos presentes ao meu lado vocês já conhecem e outros não, então deixe-me apresentá-los.

Ele vai falando enquanto Calen balança as perninhas embaixo da mesa e seus olhos encontram os meus. O pequeno sorri e eu retribuo o gesto mandando um olá com a mão de forma sutil.

— Você conhece Calen? — Katarina sussurra em minha direção.

— Não exatamente. Coloco mais comida no prato dele, principalmente doces, mas só.

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