Chapter 42

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HIDDEN NOTE 2

POV MIRANDA


Lembro imediatamente do pesadelo dos cds. Os malditos bilhetes ocultos dos quais eu havia ignorado e sentido a dor alucinante de perder Andrea. o envelope quase queima nas minhas mãos. 

— É endereçada a você, Miranda. Melhor ler sozinha!

Andrea me diz com a mão em meu ombro. Suspiro apreensiva.

— Suba e leia. Eu cuido de todo o resto.

Mais uma vez minha esposa me garante conforto e segurança. Trocamos um selinho e eu sigo para as escadas. Atravesso rapidamente o corredor e entro meu quarto. Fecho a porta e me sento em minha poltrona para abrir o envelope. Há duas folhas escritas com a caligrafia de Caroline.

"Querida, mamãe! Aposto que está se perguntando por qual motivo eu escrevi essa carta, não é? Eu sei que não parece muito corajoso da minha parte, especialmente para quem está prestes a fazer o que disse que faria. E talvez você não consiga aceitar meus motivos quando chegar ao fim dessas linhas, mas eu não poderia simplesmente sumir sem deixar uma explicação para você. Eu menti. Preciso começar assim. Eu menti sobre o Haiti. Não estou seguindo para uma missão humanitária."

Franzo as sobrancelhas confusa.

" Eu sabia que você estaria muito abalada com a minha decisão e iria assinar o documento sem ao menos o que estava escrito. A verdade é que a sua assinatura me autorizou a me alistar para um campo de treinamento para jovens que querem ingressar no exército".

— Oh, meu deus!

"Parece muito ruim, eu sei! E me perdoa por isso. Tudo que eu menos desejei foi ferir você, a Mère ou a Cassy. Sei que por essas horas minha irmã já está me odiando, e te odiando também por ter "permitido" que eu fosse embora. Mas sei que com um tempo ela vai me entender. A verdade mãe é que eu estou com medo. Tenho estado com muito medo durante os últimos meses. Desde o que aconteceu com você eu me sinto apavorada. Talvez por mais tempo que eu queira admitir. Você nunca percebeu o quanto eu me tremo quando tem muitas pessoas ao meu redor. Ou mesmo o fato de eu ter deixado de insistir em sair sozinha. E eu sei que ao ler essa parte você vai se sentir culpada, mas não se preocupa. Não se culpa, por favor! Eu sei que fiz um ótimo trabalho em esconder meus ataques de pânico desde que alguém inescrupuloso tentou tirar a vida da minha mãe."

Respiro fundo algumas vezes até me recompor para continuar lendo

"Eu te vi, sabia? No hospital. Depois da cirurgia eu consegui entrar escondida na UTI e te vi machucada. Vi você com tubos e máquinas hospitalares. E tudo que eu pensava era no quanto eu queria que a tia Leslie não tivesse matado a Cat, pois eu mesma queria ter tido aquele prazer...

Paro de ler por alguns instantes e respiro devagar para meu peito aliviar um pouco a pressão. Me recosto mais na cama e volto a ler.

"Eu me senti tão incapaz. Sei que sempre fui a gêmea mais quieta em comparação a Cassy, mas isso não significa que em algum momento isso não mudaria. E mesmo tendo tido acesso ao vídeo em que a tia Leslie mata a Cat, eu passei a enxergar vultos pelos lugares. Vultos daquela mulher odiosa! Foi tudo muito complexo e me fez ter pensamentos sobre mim mesma e sobre a minha fragilidade. Não pense em nenhum momento que minha decisão foi sua culpa. Apenas me fez ver com mais clareza o quanto eu preciso mudar. Apanhei no colégio, lembra? Sei que lembra. Então, sim! Estou tenho medo das coisas e das pessoas, e odeio isso. Odeio me sentir frágil o tempo todo. Odeio ter medo de sair sozinha e odeio o pavor que eu sinto quando vejo pessoas desconhecidas se aproximando. Eu não posso mais viver dessa maneira, mamãe. Machucaram você, machucaram a Cassy...Eu não suporto mais me sentir acuada assim. E sei que nesse momento você deve estar se perguntando por qual motivo eu me sentiria assustada, se temos a proteção dos melhores seguranças do mundo, talvez também acreditando que essas coisas não seriam motivo suficiente para me alistar no exército mais litigioso do mundo, como você tão bem frisou. Para ser totalmente honesta eu quero amadurecer. Eu preciso amadurecer. Quando decidi me alistar não foi por medo. Não apenas por medo! Eu sei que posso me dedicar à uma diretriz nessa carreira. Além de saber que posso, eu quero! Sei que posso fazer a diferença para a humanidade. Eu não menti quando disse que quero ajudar as pessoas que precisam de suporte. Eu quero me preparar para isso! Quero fazer a diferença. Para mim, para a sociedade e para a minha família. E sobre os seguranças, havia dezoito seguranças altamente treinados naquele pátio onde você se preparou para pedir a Mère em casamento e onde quase perdeu a vida. Nenhum deles impediu o que aconteceu! Eu lamento que esteja desapontada, mamãe! Lamento ter desonrado toda a proteção e conforto que você dedicou a mim desde sempre. Eu serei eternamente grata por isso, mas eu preciso tomar o controle da minha vida antes que seja tarde demais para reagir. A hora da mudança é agora. Eu não poderia amadurecer e me fortalecer com todo o conforto e privilégio que eu tenho. Eu me tornaria alguém em quem eu não posso me orgulhar. Por favor, não tenta me procurar. Não faz o vovô ou a tia Leslie me achar de alguma maneira. Eu quero ir. Eu preciso ir. E sim, minha bravata pode me causar uma reviravolta negativa, mas eu vou arriscar. Eu preciso. Eu te amo, mamãe. Amo todas vocês. Prometo que quando for possível, eu vou escrever para a Cassy. Não permita que ela te culpe. Ela vai esbravejar e te culpar, mas a verdade é que ela vai direcionar para você a raiva que ela vai sentir por eu ter partido sem nada dizer. Preciso que leia essa carta com a Mère e diga que eu a amo mais que tudo. Que as palavras que usei nessa carta também são direcionadas para ela. Lhe diga que eu não quero desapontá-la também. Sei o quanto vocês se dedicaram para me encaminhar para um futuro brilhante e diferente do qual eu estou assumindo. Me perdoem por isso. Deixo com você a missão de explicar pra Emma que a irmã mais velha dela viajou e que espera um dia retornar muito mais forte do que a pessoa que escreveu essa carta chorando. Então, eu vou terminar com uma promessa, mamãe: farei o possível e o impossível para voltar para os seus melhores abraços, mas se isso não acontecer...

Meu coração fica destroçado com a alternativa. Não consigo acreditar em tudo que estou lendo. E não consigo mais abafar os meu soluços.

"...eu prometo que não deixarei que levem qualquer honraria até você. Sem caixões, sem medalhas de honra ao mérito, sem a maldita bandeira americana e, principalmente, sem despedidas. Mais uma vez eu te peço perdão por estar te causando essa dor, mamãe. Mas é preciso. EU preciso. Até, eu espero, breve! Da sua eterna Bobssey!

HiddenNote 2 - Vivendo um sonho.Onde histórias criam vida. Descubra agora