HiddenNote 2 - Vivendo um sonho.

Chapter 43

HIDDEN NOTE 2

POV ANDREA

Miranda está quieta. Apenas quieta. Ao entrar no quarto eu vi a minha esposa chorando e soluçando em agonia, sentada no chão no canto do quarto. Eu insisti em ajudá-la a tomar um banho quente que talvez a confortasse, mas ela sequer me ouviu. Apenas subiu na cama e se arrastou para os travesseiros. Eu não quis incomodá-la mais do que ela suportaria nesse momento. Vejo a carta abandonada no chão.

— Eu vou até o quarto da Emma dar uma olhadinha nela e volto logo.

Afirmo, mas ela sequer se mexe. Talvez nem me ouviu. Me aproximo um pouco e beijo a sua cabeça. Minha esposa apenas respira em sua quietude. Vejo as lágrimas correndo no canto dos olhos.

Aliso o seu rosto e me afasto devagar, discretamente pegando a carta. Saio do quarto sentindo meu corpo em total desequilíbrio. Não posso acreditar o quanto Caroline conseguiu nos atingir com sua decisão precipitada.

Eu imaginei que ela entraria no colégio preparatório e que desistiria, mas infelizmente isso não aconteceu. Entro no quarto da minha filha e fecho a porta atrás de mim. Me sento na cama da minha garota e começo a ler a carta.

Meu corpo todo dói ao ler cada frase que a minha filha deixou escrita. Ouço a porta de abrir e vejo minha mãe surgindo.

— Oi, meu amor!

Ela vem ao meu lado e se senta.

— Mãe...A Caroline!

— Andrea, precisa ser forte.

— Eu não consigo ser forte agora. De jeito nenhum, mãe.

— Andrea, apesar de saber que a minha neta está prestes a cometer um erro terrível, ela tem 16 anos. Ela precisa aprender com os próprios erros.

— Mãe, ela pode morrer nessa maldita aventura.

Minha mãe suspira e me olha. Ela não tem resposta para isso. Talvez ninguém a tenha. Me sinto sufocada.

— Por favor, mãe, vai ver a Miranda.

— Não. Eu...

Me levanto e saio apressada do quarto mesmo ouvindo os protestos da minha mãe. Pego as chaves do meu carro e abandono toda a confusão que minha filha causou. Eu sei o quanto minha esposa precisa de mim. Eu sei disso. Mas o que eu estou sentindo, ou em como estou reagindo, eu não serei a melhor companhia para Miranda. Eu sequer consigo realizar na minha cabeça o que ela possa estar realmente sentindo, ou o quanto está sendo muito pior para ela. Entro no carro dando ordens para ninguém me seguir. Saio disparada pelas ruas sentindo as lágrimas correndo em meu rosto.

POV MIRANDA

Sinto meu coração se estraçalhando de novo e de novo a cada minuto. Eu deveria ter proibido desde o início. Eu deveria ter colocado num colégio interno. Qualquer coisa eu deveria ter feito para impedir que a minha filha de dezesseis anos criasse a maldita ideia de ir embora para uma missão suicida.

Ouço a porta se abrindo e não consigo me importar em quem é. Estou há muito tempo perdendo a consciência e acordando. Adormecendo e despertando, tentando desesperadamente realizar que tudo não passou de um pesadelo. E que vou acordar e chegar a sala de estar para encontrar a minha filha tão meiga que sonhava com nuvens cor de rosa e desenhava borboletas coloridas nas paredes. Não quero acreditar que é tudo real.