HiddenNote 2 - Vivendo um sonho.

Chapter 21

HIDDEN NOTE2

POV ANDREA

Mudei meus horários para me exercitar. Eu amo correr nas primeiras horas da manhã. Eu amo realmente. Mas nos últimos dias tenho preferido correr durante a noite. Sem o barulho da cidade ou das pessoas ao redor, eu tenho mais silêncio para pensar.

Mesmo que às vezes eu tenha companhia.

— Precisa realmente de quê agora?

Leslie questiona correndo comigo num ritmo acelerado ao meu lado. Sempre usamos esse tempo pra conversar sobre diversos assuntos. Ou apenas para sermos uma companhia silenciosa. E na maioria das vezes pra fugirmos das nossas esposas.

— É sobre a Liv.

— Algo está acontecendo! Do que se trata?

— Ela é uma excelente babá. A Emma adora ela. Ela cuida muito bem da nossa princesa. Quanto aos serviços dela não há do que reclamar. Mas...

— Mas o quê?

— Ela tem sido muito solicita, Leslie.

— Com você ou com a sua esposa?

— Com todos, mas principalmente com a Miranda. Não é algo específico...Miranda mesmo disse que não há nada a apontar.

— Mas há algo!

— Há algo. Miranda diz que ela tem algo em seu olhar que lhe intriga. De forma alguma permitirei que algo, mesmo que seja um simples olhar, atrapalhe o meu casamento, Leslie. Sei que você fez uma checagem antes de deixá-la se aproximar da nossa família. Mas preciso que reveja tudo.

— Resolverei isso. Demissão?

— Por enquanto não! Como sabe, "Mantenha os amigos perto...".

— Entendido. Entrarei em contato!

Leslie confirma e segue correndo, mas para uma direção diferente da minha.

Volto a pensar nas gêmeas e toda a situação com as minhas filhas estão me dando muita coisa pra pensar. Duas garotas incríveis com problemas tão diferentes. Miranda tem feito um trabalho impecável em não demonstrar que está preste a enlouquecer. Principalmente depois de sabermos o que aquele infeliz miserável fez com a nossa filha. Não foi um estupro. Cassidy foi enfática ao reafirmar pra mim pela centésima vez. Ela disse "eu queria"! Mas a forma que ele covardemente agiu não ficou tão distante de um abuso sexual. Ao menos em meu conceito. Ele tirou fotos da minha filha. Fotos íntimas da minha filha. Como ele ainda está vivo? Como eu o deixei vivo depois de tirar fotos íntimas da Cassidy e continuar respirando? Se eu estivesse sozinha com ele ontem a noite, a essa hora a família dele estaria velando o corpo daquele merda.

Miranda sente o mesmo. Eu sei que sente. Mas ela fica retraída. Ela é mais diplomática! Miranda Priestly sabe lidar com problemas. Sempre soube lidar. Mas a violência ou problemas que possam resultar em violência física não é da sua natureza. Vejo ódio no olhar da minha esposa. Já vi em várias oportunidades. Mas ela não faz nada além do que está ao seu alcance. Miranda foi criada como uma dama. Ou se educou como uma. Cheia de virtudes e etiqueta proporcional para cada situação. Com seus passos contidos, voz baixa e controle limitado. A minha esposa, apesar de ser uma mulher forte, independente e cheia de muralhas ao seu redor, se transforma numa mulher frágil. Ontem eu a vi possuída por algo quando atacou o Jaguar do maldito moleque. Não era ela. Não era a minha esposa que não gosta da cor laranja. Ou a mesma que se senta no jardim com a Emma e brinca com a Charlotte. Mesmo que às vezes ela venha demonstrar ódio em algumas oportunidades, sua natureza sempre de retraí. Chega um momento que ela não sabe o que fazer com tanto ódio. Nesse ponto ela estaciona os sentimentos mais perigosos e se isola. Especialmente depois do atentado.