Capítulo 148

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Bianca

A apresentação da Ana foi simplesmente adorável. Ela é encantadora dançando e balançando pompons trouxe um sorriso genuíno ao meu rosto. Quando ela entregou uma rosa para mim e outra para a mãe do André senti meu coração se aquecer. Era um gesto tão doce e a inocência dela era cativante.

No entanto o olhar de André estava tenso ele mal me olhava e quando me olhava era de canto de olho ele estava em silêncio. O clima tenso pairava entre nós como uma nuvem carregada de emoções não ditas. Durante a apresentação eu tentei focar na doçura de Ana mas a preocupação com a tensão entre nós não deixava de incomodar.

Após o término da apresentação Ana correu para os braços de André e eu observei de longe. Era evidente que ele estava imerso em seus próprios pensamentos e a incerteza sobre como abordar a conversa pendente só aumentava a tensão no ar.

Decidi me aproximar, mesmo sabendo que o momento não era o mais propício.

-Aninha sua apresentação foi incrível! Você dançou como uma verdadeira estrela.
Elogiei tentando desviar a atenção de André para algo positivo. Ela sorriu seus olhinhos brilhando de alegria mas a expressão de André permanecia séria.

-Bibi!
Respondeu Ana abraçando a rosa que ela mesma tinha entregue.

André entregou a Aninha para a mãe dele e voltou me olhar.

-Você preferi conversar na minha ou na sua casa?
Perguntou sem me olhar isso estava me irritando e me incomodando muito. Mais definitivamente não vou fazer um show aqui vou falar tudo que tenho pra falar na hora certa.

-Pode ser na sua André. É mais próxima.
Respondi mantendo uma expressão séria enquanto ele mal me olhava. A irritação e o desconforto eram palpáveis mas decidi manter minha postura afinal essa conversa há muito tempo estava pendente.

André começou a andar em direção à saída da escola e eu o segui a uma distância. Cada passo era como atravessar um campo minado e o silêncio entre nós era quase ensurdecedor. Saímos da escola cada um em seu carro seguindo em direção ao apartamento dele.

Ao chegar no condomínio, estacionei meu carro e entrei ascendendo com a cabeça para o porteiro. Respirei fundo e apertei o elevador entrei e apertei o andar do Andre.

Cheguei no andar e sai do elevador fiquei uns minutos parada enfrente a porta não posso abrir economia se nada pensando nisso apertei a campainha, uma ação simples que simbolizava uma mudança significativa. Se antes eu entrava como se pertencesse agora a incerteza permeava o gesto. André abriu a porta e o olhar tenso dele encontrou o meu. Nosso passado que já fora repleto de entradas sem bater à porta agora demandava um novo protocolo entrei no espaço em que ele deu para eu passar.

-Podemos sentar e conversar?
Perguntei buscando estabelecer uma atmosfera onde as palavras pudessem fluir mesmo que carregadas de tensão e mágoa. O desafio agora era desvendar o nó de emoções que se formara entre nós sentamos no sofá e ambos respirando fundo.

-Bianca...
Falou e eu também falei o nome dele simultaneamente mais continuei falando porque quero falar primeiro.

-André.. quero falar primeiro diz-que que ante de tudo eu reconheci que agi por impulso e pedi desculpa para a Bella.
André assentiu seu olhar ainda evitando o meu mais parecia surpreso. Era como se o peso do passado estivesse visível entre nós. Respirei fundo antes de continuar.

Eu sabia que essa conversa era crucial para entendermos o que havia acontecido e decidirmos o que seria do nosso relacionamento.

-Eu agi errado naquele dia André e quero acertar as coisas agora. Qual vai ser nosso futuro André? Juntos ou separados é isso que quero saber.
Continuei mantendo a seriedade ele suspirou finalmente olhando para mim mas sua expressão ainda era tensa André olhou fixamente para mim mantendo a secura em sua expressão.

- Bianca pensei que tínhamos resolvido tudo no dia em que tirou o anel.
Falou e eu a baixei minha cabeça respirando fundo.
- Suas desconfianças não estavam totalmente erradas. Antes de ir para a Grécia eu beijei a Bella e querendo ou não eu ainda penso nela.
André admitiu de forma crua que me traiu com a Bella meus olhos em encheram de lágrimas.
-Também busquei a Bella depois disso tudo. Eu não consigo ficar longe dela preciso saber o que está acontecendo em sua vida.
Falou era como se ele estivesse me batendo com palavras fiquei paralisada tentando processar as revelações. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e implorei por uma chance de reconciliação.

-André você tá sendo injusto comigo falando todas essas coisas!  Eu vim aqui para fazer as pazes. Pedi desculpas à Bella... Mais o que você tá me dizendo é que não consegue ficar longe dela que me traiu antes de me pedir em noivado! Você em algum momento me amou ou só pensou nela em nosso relacionamento André?
Eu estava revoltada eu chorava sem parar.

-Bianca depois de tudo isso, acredito que seja melhor seguirmos caminhos diferentes. Eu te amei sim mais agora passou da hora de dar um basta.
Falou palavras que me deixaram devastada.

Levantei chorando sem palavras e saí do apartamento dele em estado de choque. Pedi o elevador entrei em meu carro batendo no volante e dirigi-me a um posto de gasolina. Lá comprei uma garrafa de vodka e voltei para meu carro e dirigi-me ao escritório. Estava determinada a enfrentar a dor e buscar uma forma de superar a devastação que aquelas revelações trouxeram à minha vida. O caminho até o escritório foi um borrão as lágrimas obscurecendo minha visão.

Ao chegar travei a porta do meu escritório, desabei na cadeira e encarei o vazio. A sensação de traição pesava em meu peito misturada com a dor da perda iminente. Tomei um gole da vodka sentindo o líquido queimar na garganta, mas era o único alívio momentâneo para a tormenta que se instalara em mim.

Enquanto as horas passavam encarei a tela do computador sem realmente ver o que estava na minha frente fotos minha e do André na Grécia. Pensava nas palavras de André que me traiu antes de nossa viagem que não consegue não pensar na Bella foi como nossas promessas quebradas no amor que eu acreditava ser eterno. Agora era como se tudo aquilo tivesse sido uma ilusão uma mentira. Chorei como uma criança e tirei o computador da energia e encostei na mesa e fechei meu olhos sentindo as lágrimas caírem em minha bochecha...

-Chefa você está bem?
Escutei abri meus olhos uma dor de cabeça terrível e o sol quente entrando pela janela no meu escritório olhei e o Marcelo parado preocupado e eu em meio ao torpor alcoólico mal conseguia articular uma resposta coerente. A dor emocional misturava-se com a física e eu comecei a chorar como uma louca descontrolada e a rir tudo junto e eu só conseguia murchar na cadeira encarando um futuro incerto.

Você Não Ama Ninguém - Volume IIOnde histórias criam vida. Descubra agora