Capítulo 31

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Helena

— Ninguém merece Lucas, me esquece cara, vai comer alguém porra. — A Jessica grita pra ele que revira os olhos e dá as costas conversando com o segurança do camarote.

Me sentei na ponta do sofá e fiquei observando os caras conversando e umas garotas dançando como se o mundo fosse acabar.

A menina continua resmungando e suspirando do meu lado.

— Oi pra você também, Helena. — ela fala bolada e me cutuca de leve.

— Oi Jessica, tudo bem? — pergunto mesmo não querendo saber.

Ela é uma garota legal, eu é que não sou.

— Ta zuando né? Bem eu tava pegando aquele gatinho lá na pista. — Eu concordo com a cabeça e ela continua reclamando — Tem hora que dá vontade de esganar esse filha da mãe. Toda hora no meu pé, não sou criança mais não po.

Vejo o Sorriso na grade do camarote observando a pista e o Sergin chega nele falando alguma coisa, meu irmão concorda e o outro vai até o cara sentado com o Cobra entregando um pacotinho do pó que eu fiz.

— Esse seu jeito calado me irrita sabia, mas eu gosto de você, sei nem porque, chatona. Aí como eu queria sentar nesse seu irmão, gostoso pra caraca. — ai eu não aguentei e comecei a rir, que garota mais aleatória mano.

— Vai lá e fala isso pra ele ué. — incentivo ainda rindo.

— Tá doida, ai é que o retardado do meu irmão me mata mesmo.

Olho pro Sorriso e ele faz um movimento com a cabeça me chamando e eu me levando indo até ele.

— Ta curtindo? — ele pergunta e passa o braço pelos meus ombros.

— É, to sim. — mais ou menos — Ai, a Jessica ta a fim de você. — dou um sorriso e vejo ele arregalar os olhos

— Sai fora rapa, irmã do parceiro e menor de idade ainda. — ele olha de canto pra ela e se vira pro movimento outra vez — Quem...

— Sorriso, chega mais — ele para de falar e olha pro Cobra atrás da gente e eu vejo o pó em cima da mesa.

...

— Fala direito caralho, que papo torto é esse? — ele pergunta nervoso e eu já sei que tá puto pela mentira.

— Eu fiz a endola. — Me aproximo respondendo antes que o Junior fale.

— Comé que é? — ele pergunta pro Sorriso sem acreditar no que eu falei.

— Eu fiz po, bem melhor que a merda que você vendia antes né? — dou um sorrisinho de deboche pra ele e o tal Coringa se mete falando merda. Homens.

O Cobra me chama pra algum lugar e o Sorriso vai junto até que o chefão manda ele voltar. Andamos até uma sala atrás do camarote e ele destranca a porta me dando passagem. Eu entro observando tudo em volta e vejo o Cobra fazer um sinal para o segurança na porta, ele encosta porta, mas não tranca e eu agradeço em silêncio por isso.

Eu fico em pé próximo à porta e acompanho com os olhos ele ir até uma mesinha no canto e pegar um copo e colocar bebida.

— Tá servida? — Ele pergunta levantando o copo na minha direção e eu nego com um gesto.

— O que você quer? — pergunto cruzando os braços e já sem paciência.

Ele termina a bebida em um gole e encosta o quadril na borda da mesa me encarando.

— Me conta mais sobre você. Tá no meu morro a tempo e não sei nada de onde você veio ou o que fazia antes, o Sorriso nunca falou nada sobre você, só que estava presa. Então eu espero que você possa abrir meus olhos.

Eu bufo e reviro os olhos sem acreditar nesse cara.

— Eu não tava sabendo que precisava te dar um resumo da minha vida só pra morar aqui. — falo com a voz calma de sempre.

— Se você quiser eu posso te mostrar como funciona as coisas por aqui já que nesse tempo todo você não aprendeu. — ele desencosta da mesa e vem até mim e para a uns passos de distância.

Esse cara me irrita só de respirar perto de mim, fala serio.

— Não preciso da sua ajuda! Fala logo o que você quer de mim.

Ele dá um, sorriso de lado e coloca uma mão no bolso e passa a outra na barba desenhada.

— Onde aprendeu a endolar daquele jeito? — pergunta olhando pra mim

— Na cadeia.

Ele dá uma risada fraca e o som me causa um arrepio na nuca. Eu troco o peso dos pés meio incomodada.

— Sempre tive curiosidade pra saber por que você rodou, diz aí.

— Cara, você não tem nada pra fazer não? Manda logo o assunto que eu quero ir embora. — Falo já irritada e ele chega mais perto de mim me fazendo ter que olhar pra cima.

Os olhos dele são tão escuros que posso me ver no reflexo deles, o desgraçado é um pouquinho bonito sim.

— Ficou muda foi? — vejo o sorrisinho sínico naqueles labios grossos e recuo um passo para trás. — Responde.

— O quê? — que merda, eu não escutei o que ele falou.

— Quero você trabalhando pra mim. — eu dou um meio sorriso pra mim que olha diretamente pra minha boca.

— Por que? Você já tem paus mandados o suficiente fazendo o que você manda.

— Quero você responsável pelas drogas. Já provei o produto que você fez, vi que é boa.

— Boa? — eu bufo e o encaro — O que eu ganho?

Ele se vira e anda até o sofá no canto e se senta ascendendo um cigarro. Vejo ele tragar uma vez e soltar a fumaça olhando pra mim.

— 10mil por mês e liberdade pra fazer as substâncias que quiser. Desde que venda só pra mim, é claro.

Eu vou até ele e paro na sua frente pegando o cigarro que ele já estava levando aos labios e trago olhando pra ele e soltando fumaça devagar.

— Eu quero 20mil por mês, participação nos lucros, pessoas que eu escolher na endola e carta-branca com os fornecedores. — falo o encarando e vendo ele sorrir.

Cobra se levanta, ficando a centímetros de distância de mim. Toma o cigarro da minha boca e sinto seus dedos roçarem nos meus labios, porra.

— Isso aqui não é uma negociação amor. — ele encara meus labios e sinto sua respiração no meu rosto — é aceitar ou aceitar.

— Então é um não, amor. — falo com toda ironia que há dentro de mim e vejo ele sorri.

Eu viro as costas e ando até a porta decidida a ir pra casa e tomar um banho bem gelado quando sinto ele segurar meu braço me fazendo parar.

— Você é complicadinha né? Puta que pariu. — viro olhando seria pra ele. — ok, 12 mil e todo o resto que tu queria aí.

— Fechado. — estendo a mão pra ele e fechamos o acordo, então me viro pra sair da sala.

Abro a porta e saio parando quando escuto ele falar com a voz rouca.

— Eu teria fechado em muito mais pela motivação certa. — escuto ele ri e olho pra ele por cima do ombro vendo ela passar a língua nos labios.

— Eu sei, não queria tirar todo seu dinheiro de uma vez só. Ainda. — solto uma piscadinha pra ele e saio dali.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora