Capítulo 35

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Sorriso

Não tinha se passado nem meia horas que o Cobra tinha saído da boca e logo já veio a Vanessa torrar a pouca paciência que tinha restado hoje.

— Chama lá o Cobra pra mim.

Eu tava de cabeça baixa limpando a Glock e nem fiz quentão de olhar pra ela.

— Tá surdo Junior? — Ela ta ligada que ninguém gosta de ouvir o próprio nome na boca, mas faz comigo sempre que pode pra me tirar do sério.

— Sergin, explica pro projeto de amante que o chefe tem coisa mais importante pra fazer. — falei ainda de cabeça baixa colocando o cartucho na arma.

Escuto os muleque dando risada e ela logo fica mais puta ainda.

— Engraçado que até pouco tempo era você que vinha atrás né bebê? Agora fica ai boladinho porque não tem cacife pra bancar...

Largo a Glock em cima da mesa e me encosta na parede olhando bem pra cara dela, e só de lembrar que um dia eu faria de tudo por essa filha da puta dá até ódio de mim.

— Falou bem, eu IA atrás. Graças a Deus me lembrei o tipo de pessoas que você é, agora to livre.

Vejo a cara de raiva que ela faz e cruzo os braços sem demonstrar nenhuma reação. Não vou negar que ver ela ainda meche comigo, ainda mas quando eu sei que ela também sentia alguma coisa por mim. Fazer o que se preferiu o outro lado, pra ela é mais vantagem ser a puta do chefe do que ter amor e carinho de verdade.

Deixo um suspiro escapar e passo a mão na cabeça olhando pro lado dando de cara com o olhar do L7, me julgando com certeza, ele sabe o que eu sinto, ou sentia por essa mulher. Acompanhou tudo de perto, nunca se metendo, só ficava ali do meu lado como se isso fosse me ajudar.

— Tem como alguém chamei o Cobra pra mim ou eu mesma vou ter que gritar daqui? — ela fala com mais raiva ainda olhando pros muleque em volta

— Quieta o faixo aí mina, patrão ta ocupado. — Sergin fala e puxa o baseado

— Ele ta com piranha? É isso mesmo? — ela tenta passa pelo segurança da sala mas é barrada. — Me solta caralho, COBRA SEU FILHO DA PUTA.

Esse show todo não é nem ciúme, é só medo de perder o posto, e o pior é que ele nem ta lá dentro, mas quem vai acabar com a diversão e dizer isso pra ela?

Continuo sentado olhando a palhaçada toda acontecer, enquanto ela xinga e briga com os parceiro que não deixam ela passar eu faço um sinal pro L7 ir chamar o Cobra onde quer que ele esteja.

— Aí mina, é melhor tu se acalmar porque ninguém aí recebeu ordem de que tu é protegida não, então pra te dar um sacode é dois palito em. — o segurança fala segurando o braço dela e dá um empurrão que faz ela bater as costas no muro.

— Você só pode ta maluco garoto, eu sou mulher do seu patrão. E pode ter certeza que ele vai ficar sabendo do que vocês estão fazendo, filhos da puta.

Olho pra frente vendo o Cobra parado de braço cruzado vendo o showzinho dela, e pela cara dele já sei que deu merda.

Helena

Quando saí do bar pensei em ir direto pra casa e evitar encontrar mais alguém pelo caminho, mas pensei melhor e decidi começar logo meus projetos.

Fui para a casa de endola principal e destranquei a porta dando de cara com a bagunça e lixo por toda parte, impossível alguém conseguir trabalhar em um lugar desse. Certeza que o cara que chefiava isso aqui era um porco.

Andei pelo lugar com meu celular na mão anotando tudo que faltava ou que precisava repor. A cozinha parecia bem equipada, mas eu precisava de coisas específicas pra fazer um produto de qualidade, então anotei também todos os pontos que precisavam de uma reforma e não demorei a sair dali. O cheiro do lugar estava horrível e tenho certeza que vi um rato passando dentro do forno.

— ... Já desencanei po, essa desgraçada não merece nem o desperdício da minha bala. — escuto a voz do Junior vindo do beco ao lado e vou até la vendo ele e o L7 fumando e vindo na minha direção.

— Tô ligado parceiro, só não deixa isso subir pra mente. Ela nem ta com essa bola toda mais não, tem gente melhor te querendo por ai.

Cruzo os braços observando os dois e vejo o olhar do L7 desviando enquanto fala, certeza que o assunto da vez é a Vanessa, Junior não consegue tirar o nome dessa mulher da boca. Impressionante como gosta de ser trouxa.

— Qual a decepção de agora? — pergunto assim que ele chega até mim

— Decepção nenhuma, só confirmando o que todo mundo já tá ligado.— ele passa o braço pelo meu pescoço e continua andando e me levando junto. — Tava fazendo o que aqui na área?

Olho pro lado e vejo que só o L7 está por perto — Tava dando uma olhada na endola, vendo o que precisa fazer antes de começar. Aquilo tá um lixo, certeza que vocês usavam aquele lugar?

Escuto o Lucas dar uma risada e catucar meu braço.

— Nós compra tudo pronto, só distribui po. Sem estresse... — ele fala todo relaxado.

— Deve ser por isso que os lucros são uma merda né, meu Deus. — respondo e velo ele fechando a cara.

— Nem fala isso perto do chefe, ele tá bolado com essas parada. — O Júnior me avisa — Bora passar lá na coroa, ela fez bolo de cenoura pra tu.

— Por que não avisou antes cara? E a gente aqui enrolando... Anda logo — puxo o braço dele pra andar mais rápido e eles dois dão risada.

— Mimada pra caralho — fala me dando um beijo rápido na cabeça.

Passamos pelos becos e de longe vejo o Cobra empurrando a Vanessa no muro e apontando o dedo na cara dela, ela abaixa a cabeça e concorda com alguma coisa quando ele dá as costa e vai embora. Vejo quando ela limpa o rosto e arruma os cabelos antes de empinar o corpo e subir a rua com toda a marra de sempre. 

— Tá pra nascer o homem que vai me tratar desse jeito e eu aceitar de boa vontade, mas nem fodendo. Antes de terminar a cena eu já me adianto pra ele nunca mais abrir a boca outra vez... — penso alto e o L7 concorda comigo.

— Aquela é a realidade de muitas, infelizmente nem todas têm escolha igual aquela filha da puta. — Junior resmunga de má vontade do meu lado.

— Foda, quando ela acordar pode ser que seja tarde. — Falo baixinho, me lembrando rapidamente dos desgraçados que já passaram pelo meu caminho até aqui, e nunca tinha a escolha de decidir. Me dói ver que podia ser o contrário se eu tivesse alguém por mim desde sempre, igual o Sorriso era pela Vanessa e ela nunca enxergou.

— Chega de fala de coisa ruim porra, vamos ao que interessa. Quando a rainha do pó entra em ação? — Júnior fala cheio de graça e o L7 até agora calado faz uma dancinha esquisita e comemora.

— Nós vai mandar na porra toda meu irmão... Se a parada for boa igual aquela do baile, acabou concorrência. — ele fala e passa o braço pelo meu ombro junto com o outro

— Rainha do pó? — Dou risada — Vocês pensam muito pequeno mesmo...  

— Ih ala L7, ta cheia de marra com a nossa cara. 

—  Meus amigos, eu só digo uma coisa — abraço a cintura deles e andamos os três juntos — Eu vou levar nosso nome pro alto do comando, o céu e o limite. 

— Essa porra é maluca mermo, por isso que eu gosto de tu Lena. 

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora