Capítulo 14

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Cobra🐍

— Calma aí porra, como assim "eu vou com vc"? — tem tempos que o Júnior tá estranho e agora do nada ele me solta essa

Vejo ele se sentar na cadeira e passar a mão no rosto, ele limpa o suor da testa antes de virar a cabeça pra mim — Eu vou, tô dentro. Mas tenho uma condição...

Adão já tá ansioso e com um sorriso no rosto. — manda ai parceiro, o que tu quer?
— Eu vou com você, e levo mais quatro comigo... Mas eu quero cobertura pra tirar a minha irmã também.

Eu sabia que tinha merda aí, ele não ia aceitar isso atoa. Me levanto e dou a volta parando próximo a eles.
— Não funciona assim não parça. Vamo conversar direitinho isso aí, Adão tu é irmão cara, mas isso é arriscado, cadê o plano? Não dá arriscar meus soldados assim não.

— Eu tenho um contato lá dentro, já estou com tudo no esquema só preciso de ajuda pra colocar em ação. Dá essa força aí irmão, eu não aguento mais minha nega lá dentro por minha causa, ela não é culpada não.

Respiro fundo e olho pro teto, que merda cara, porque só cai problema nas minhas costa maluco.
Olho pro Junior e ele está me olhando cheio de esperança, eu tô ligado que ele tá atrás dessa garota não é de hoje. E o mulek é fechamento meu, fazer o que né.

— Ok!
— Porra mano, você é pica parceiro. Me fala o seu preço ai, pode mandar.
— Não quero dinheiro não, só traz a irmã dele junto e a salvo.

Adão aperta minha mão e avisa que vai buscar as coisas que trouxe pro esquema funcionar.
Assim que ele sai da salinha o Júnior se levanta e vem me abraçando.
— Muito obrigado irmão, obrigado de verdade mano. — sinto meu ombro molhado e seguro o rosto dele
— Nós é família porra, fica tranquilo.

Volto a me sentar e ficamos esperando o Adão voltar.
...

— Essa é a planta da área em que ela está, provavelmente deve ser a mesma que a tua irmã, sorriso, mas eu vou dá o papo no parceiro lá dentro e confirmar isso aí.
O bagulho é entrar é tirar elas sem causar problemas tá ligado, quero mídia nessa porra não.

Esse maluco só pode tá zuando. — Não quer mídia? Adão qual foi, você acha que tá fácil né caralho?
Isso é a porra de um presídio, você acha que vai entrar pela porta da frente e ninguém vai perceber?

— Exato, vamos entrar pela frente. As visitas acontecem no pátio, mas tem umas celas em que tem visita íntima e as salas pra visita de advogados.
Meu contato vai colocar elas na cela 3, que dá quase de frente pra entrada da enfermaria... É por lá que vamos sair.-

— É complicado demais esse esquema, tudo pode dar errado mano. — falo e passo a mão na cabeça, sorriso está concentrado em tudo que é dito e até agora não fez perguntas. — Sorriso, o que você acha?

Ele pensa, olha pra mim e de novo para a planta.

— Vou fazer o que for pra tirar minha irmã de lá.

...

Helena.

Mais um dia no chão dessa cela, olhando o teto mofado e as grades na porta. Mais uma vez vendo o dia passar lá fora por uma janela pequena no alto da parede. Mais um dia tentando sentir alguma coisa que não seja NADA, tentando sentir que ainda estou viva, mas será que estou?

Que dia é hoje? Como está tudo lá fora?
Queria realmente me importar com alguma dessas coisas.

Estou sentindo um aperto no peito, uma dor que parece nunca me deixar. A dor de saber que estou sozinha, e cada dia em que acordo nesse mesmo canto no chão dessa cela suja, parece que mais me afundo na minha mente vazia e solitária.

Escuto a guarda gritando e acordando todas que ainda dormem, hoje é dia de limpeza.

— Café da manhã só depois do trabalho, bora, levanta.

Me levanto já dobrando minha colcha e colocando dentro de uma fronha, coloco no canto da parede e espero abrirem a porta para eu começar a limpar os banheiros.
Sim, ainda estou na limpeza daquele chiqueiro.

Mais ou menos quatro horas depois todas terminamos as tarefas e nos levaram para o refeitório. Sim, por incrível que pareça, na semana passada começamos a tomar café da manhã aqui, mas só o café mesmo.
Comemos o máximo possível sabendo que talvez não tenha mais tarde.

Estou sentada na mesa do canto, com a minha bandeja e um prato com pão e café puro. É melhor refeição que temos no dia. Carla esta na cozinha, ajudando as cozinheiras como parte de suas tarefas.

Como quieta na minha, e vejo duas mulheres se sentarem do meu lado.
— Tá achando o que, eu vi você pegando.

— Pegando o que vagabunda? Eu tô na minha, fica caladinha fica.

Pronto! Uma voou na outra e foi um tal de puxa cabelo, soco e chute. Até que um soco pega em mim.
— aí não po, ta maluca? Qual foi Jussara? — me levando passando a mão na bochecha.

— fica na sua Maria João, quer apanhar mais?

O porquê de Maria João? Cortei o cabelo bem curto, disfarçado de um lado e bem curtinho na orelha. Acho que foi a primeira coisa que eu fiz por vontade própria na vida, e eu amei o resultado, meu cabelo sempre foi longo e muito liso porque minha mão dizia que assim eu parecia uma menininha. Eu sempre odiei aquele cabelo.

Eu vou na direção dela e na hora chegam os guardas separando e as duas desgraçadas me olhando na hora.
— Eu avisei Helena, por que você fez isso cara? Foi ela Jobson, ela achou que a gente tinha pegado o pão. 

Não acredito nisso. — Tá de sacanagem?-

— Cala boca piranha. Bora, tem tempo que a gente não brinca né?— jobson puxa meu braço e antes de sair vejo a Jussara me dá um sorriso e mandando um Beijinho no ar. Vagabunda.

E ai galerinha linda, como estamos?

Jussara é uma vadia né cara?!

Me deem uma estrelinha e me digam o que estão achando, alguma sugestão?

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora