Capítulo 27

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Cobra

Hoje eu nem ia sair de casa, tava afim de ficar de marola só jogando FIFA e fumando uns, mas nada é como a gente quer né...

Saio de casa puto e fui direto na padaria da esquina pra comer alguma coisa, quando to saindo vejo logo a Vanessa e a Sabrina subindo a rua. Me faço de sego e atravesso sem dá moral, mas quem disse que passei batido? Não tenho um dia de paz.

— Oi Cobra, bom dia amor! — escuto a Vanessa falar exagerando na voz melosa.

Fingi que não foi comigo e sai dali entrando no beco e indo direto pra boca. Cumprimentei os moleque que tava ali fazendo a segurança e entrei na minha sala dando de cara com umas caixas com a logo de biscoito. Deixei pra me estressar com isso depois e me sentei na minha cadeira olhando os papeis com o faturamento de venda e o que resta de mercadoria.

— Tão querendo me fuder mesmo.

Os números baixos e o estoque pior ainda, desde que meu chegado foi preso e ninguém conseguiu fazer um bagulho que prestasse a venda ta só caindo.

Ainda teve o desvio da carga de semana passada, isso ta queimando minha mente. O carro que tava trazendo minha coca sumiu, passou na fronteira sem problemas e quando chegou no rio, simplesmente desapareceu. O Pc já tava no rastreio, mas não tinha achado nada ainda, foda.

Me levando depois de umas horas passando raiva com os papéis e as ligações e pego o radinho pra começar a xingar os cara quando a porta abre rápido e o Sergin entra todo afobado.

— Qual foi, ta fugindo de quê? — pergunto me viro pra ele

— Oh patrão foi mal, sabia que você tava aqui não. Achei que tava de boa hoje.

— E quando é que eu consigo meno? Fala aí o que tu quer logo. — falo me controlando pra não chutar ele

— Vim buscar uma caixa dessa ai chefe... — ele diz todo frouxo esse arrombado

— Ata, e só agora você se deram conta que o trabalho não foi feito é? — chuto uma caixa pra não ser ele — Porra Sergin, o bagulho já ta na espinha e vocês tão cagando né, eu quero ver quando foi dia de pagamento, quero que vocês se foda mano.

— Po patrão, ninguém sabia fazer o bagulho não po. Sorriso pediu pra eu pegar a caixa e vê se da em alguma coisa. — ele fala e coça a cabeça

— Leva essa porra meno, se não sair nada eu vou fazer seu corpo de peneira tá ligado?

Ele pega uma caixa rápido e sai da sala sem nem dizer mais nada.

A boca do sorriso sempre foi responsável pela endolação da coca, e depois que o mano galego rodou ficou difícil achar outro cara pra fazer o trabalho da mistura e preparação.

Antes eu comprava o bagulho já pronto tá ligado? Mas tava vindo cheio de kao, bagulho todo adulterado e não tava legal não.

Dai começamos a fazer a nossa, ficou mil grau, pegamos quase toda a região e tava chegando até nos playboy de longe. Ai o Galego rodou por burrice mermo e eu fiquei como?... Sem plano B né parceiro, papo de otário mermo. Mas vou dar um jeito.

Acendo um fininho ali na sala e depois de um tempo eu saio de vou pra boca do Sorriso. O sol tava rachando então tirei a blusa e joguei no ombro e fui passando nos beco até chegar em frente a 9.

Os moleques tudo falando baixo, sem bagunça, tinha uns olhando pela brecha da porta e eu até estranho.

— Ou alguém morreu, ou tá todo mundo doente. Tão quieto porque?— já chego falando e eles me olham.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora