Capítulo 36

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Cobra 🐍

Fazia um mês desde que Helena tomou a frente da produção de drogas e já estava a todo vapor.

Em duas semanas ela renovou nossos estoques de pó com uma qualidade surreal, bagulho gringo mesmo, e dias depois da distribuição pelo complexo os aliados de outros morros queriam a mercadoria na area deles, claro que fechei o melhor acordo da minha gestão até agora.

O que mais me surpreendeu foi a notícia do novo produto ter chegado tão rápido aos chefes do comando, e me deixou maluco quando me ligaram querendo uma reunião. Claro que eles sabiam quem eu era, até porque eu comandava um morro da facção, mas nunca tive contato direto com a diretoria, era sempre um laranja que falava comigo. E agora, por causa do bagulho que a Helena estava fazendo eu teria mais influência.

...

Saio da minha sala depois de uma ligação do Perigo, terceiro na linha de frente da facção, expliquei pra ele por código como andava a produção e se a distribuição iria acontecer nas quantidades que pediram.

Quando estava tudo alinhado ele marcou uma reunião comigo e pediu que a pessoa responsável pelo produto estivesse junto. De início fiquei meio bolado com o pedido, ter que levar a mina comigo me deixou escaldado. Vai que esses arrombados faz uma proposta melhor e leva ela pra longe... Eles têm muito mais recurso que eu, poderiam dar mais segurança pra ela. Tá maluco, gosto nem de pensar.

Subo os becos até a casa que ela está, quase duas horas da tarde e tenho certeza que a mandada nem comeu nada ainda.

Abro a porta e dou de cara com o Nareba sentado em uma mesinha separando em um pacotinho um pouco de pó, umas mulheres embalando outros e colocando etiqueta. Até isso tem agora, Helena cismou que é a marca dele e não quer que ninguém confunda com as porcarias que vendíamos antes. Metida pra cacete.

Cada comodo da casa tinha pessoas fazendo seu trabalho, uns embalava, outros etiquetavam e os vapor colocava tudo nas caixas para transporte. Uma coisa eu tenho que admitir, nunca vi tanta organização pra fazer pó, coisa de doido.

Fui até a cozinha e a vi de costas, vestindo uma calça preta larguinha e uma camiseta branca colada no corpo e deixava ela ainda mais gostosa, Helena cantarolava alguma música enquanto mexia uma bacia enorme com as misturas.

Me encostei na parede e fiquei uns minutos só olhando pra ela e custando acreditar que essa mulher conseguia ficar ainda mais linda cozinhando quilos de cocaína.

Nem sabia mais quanto tempo eu tava ali, e só cai na real quando um dos muleques entrou na cozinha carregando uma caixa e deixando em baixo da pia próximo a ela.

— Tá tudo ai chefinha, quer mais o que? — falou todo sorridente pra ela

— Era só isso Neco, pode ir almoçar. Té vejo mais tarde. — respondeu sem nem olhar pra ele e isso me deu um pouquinho de satisfação.

Ele balançou a cabeça e virou de costas. — E aí patrão... — me cumprimentou rápido e saiu. Nem me dei o trabalho de responder.

— Você pretende ficar aí me olhando por mais quanto tempo? Já ta ficando estranho. — ela ainda estava de costas pra mim quando falou.

— IH, fica se achando não, só vim ver como estão as coisas aqui... — arrumei a postura e disfarcei mexendo nas coisas em cima da mesa.

— Aham, sei. — ela debocha e ajeita a máscara de proteção no rosto. — Fala logo o que você quer, Cobra.

Fico puto com esse jeito dela de sempre debochar das coisas. — Bora almoçar? Tô ligado que tu não comeu ainda, tô cheio de fome também.

— Tô ocupada.

Grossa pra caralho.

— Bora lá cara, tenho que trocar uma ideia contigo. — Helena me ignorou como se eu nem estivesse ali, mas eu não desisto fácil. Fui até ela e parei quase encostando meu peito em suas costas e senti ela se arrepiar toda. — Para de me tratar assim morena, o bagulho é sério mermo, vamos comigo...

Vejo ela respirar fundo e se apoiar na bancada quando subo minhas mãos até sua cintura e acaricio devagar, viro ela pra mim e tiro a máscara do seu rosto.

Aqueles olhos azuis me encarando com ansiedade e um pouco de receio me deixavam maluco, ela é linda pra caralho meu irmão.

— Não faz isso... — ela fala baixinho quando eu faço um carinho na sua bochecha.

Me encosto nela mais um pouco e ela sente a pistola na minha cintura quando tenta me afastar.

— Não to fazendo nada amor, só vim te levar pra almoçar e trocar um papo contigo. — falo olhando nos seus olhos

— Tá, ok. Vamos logo! — ela me empurra de leve e eu dou espaço pra ela passar. Nesse tempo que tenho me aproximado mais dela eu notei algumas coisas que a incomodam de verdade.

Ela gosta quando eu insisto, mas se sente presa quando não tem controle, então eu vou tentando até achar o ponto fraco.

Saímos da casa e eu subo na minha moto e estendo a mão pra ela subir também, e antes de aceitar minha ajuda ela revira os olhos.

— Se eu ouvir alguma gracinha das suas putinhas sobre eu estar na sua moto, eu te mato Cobra.

— Primeiro, eu não tenho nenhuma putinha e se ta falando das garotas que eu fico às vezes, saiba que nenhuma delas andou na minha garupa.

— Grande coisa, só to te avisando. — ela se ajeita e prende as coxas nas minhas.

— E eu já não te falei pra para de ficar me chamando de Cobra? Coisa chata.

— Ue, sabia que você tinha mudado de vulgo não. É pra chamar como então? — ela debocha inclinando a cabeça pra frente quase colando o rosto no meu.

— Me chama de meu amor, meu preto, qualquer coisa que você quiser morena. — falo olhando pra ela e vendo engolir seco.

— vamos logo antes que eu desista.

Dou risada e ligo a moto indo pra pensão. Cada dia eu chego mais perto dela e tenho certeza que ainda vai ser minha.

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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⏰ Última atualização: May 17 ⏰

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