Capítulo 20

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Helena

Para todo lugar que olho, só vejo prédios e um enorme calçadão que divide o mar e a rua. Não faço ideia de que horas seja, mas já vejo algumas pessoas passando correndo ou fazendo algum tipo de exercício.

Saio do calçadão e ando pela areia, tentando me segurar de pé um pouco mais. Preciso chegar perto da água, sentir pelo menos uma vez antes de tudo acabar.

Quando não consigo mais andar, tento me sentar de frente para o mar e fico observando aquela imensidão azul e verde. Olho para o céu e sinto uma brisa leve passando por mim, ao mesmo tempo em que uma lagrima escorre pela minha bochecha. Não consigo me lembrar se algum dia senti algo parecido.

Levo as mão ao rosto para limpar os olhos e só então percebo que ainda estou com as algemas nos punhos, e por sorte antes de sair da viatura, peguei o molho de chaves caídas no chão. Seguro a chave e tento colocá-la na fechadura com dificuldade, sinto meu punho doer, mas tem que dar certo.

Assim que as algemas caem na areia eu respiro fundo aproveitando a sensação, parece que tirei 10 kg do meu corpo. Enterro elas dando um fim nisso e jurando para mim mesma nunca mais voltar para aquele lugar.

Tento me levantar, mas é em vão, minha vista embaça e sinto minha garganta fechar. Sei que não vou conseguir ir a lugar nenhum desse jeito, então me jogo para trás e deito na areia, olho para o céu azul limpo sem nenhuma nuvem, fecho meus olhos e sinto meu corpo leve, um pequeno sorriso se forma nos meus lábios. Acredito que pela primeira vez na vida ele é sincero...

(...)

— Ela está acordando. — Escuto alguém falar, e algumas pessoas cochichando em vota de mim.

Meus olhos continuam fechados, minha cabeça lateja e eu me forço a respirar com calma para não piorar.

— Ei moça, você se sente melhor?

Um resmungo sai de meus labios e passo a mão no rosto. Abro os olhos e vejo uma mulher na minha frente, linda por sinal.

— Onde eu to? — me sento na cama com cuidado, pois minha perna doí e meu braço está cheio de machucados. Olho em volta e vejo tudo meio branco, e tem outras pessoas deitadas em outras camas.

— Acharam você na praia ali no posto 12, agora você está no hospital municipal.

— Hospital? Ta de sacanagem... — Coloco os pés pra fora da cama e tento ficar de pé, o que não dá muito certo por que sinto tonteira e caio de volta no colchão.

— Você tem que ir com calma, dormiu por bastante tempo e aposto de que esta a muito mais sem comer. Vou ver se consigo alguma coisa pra você, espera aqui. — a médica se vira de costa para sair.

— Ei, qual o seu nome?

— Ah desculpe, hoje o dia está uma loucura aqui. Eu sou a Dra. Sarah, nos não conseguimos informações sobre você, não tinha documentos quando te achamos, foi assaltada? Precisa que eu chame a polícia para o BO?

— O QUÊ? NÃO! Não precisa chamar ninguém, eu saí sem meus documentos e sofri um acidente. Mas já me sinto melhor, já posso ir?

Ela me olha e parece estar me analisando, sustento seu olhar e faço cara de tédio.

— Eu vou buscar um lanche pra você, e preencher sua ficha agora que está consciente, ai, estará liberada. Já volto.

Aproveito para me deitar mais um pouco e espero por ela. Me lembro do momento que cheguei a praia e quando me deitei na areia, achei que acabaria ali, mas aqui estou eu, acordada outra vez.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora