Capítulo 34

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Cobra

Depois que a Helena saiu da boca eu me limpei e chamei a tia que sempre dava uma moral quando os cria tava machucado. Enquanto ela fazia o curativo em mim, ascendi um fininho pra acalmar a mente, tava marolando varias paradas e pensando na reação da morena mais cedo.

A mina parece ser firmeza po, ajudou nós na invasão e nem tinha a obrigação tá ligado. O sorriso tinha ficado até puto quando viu ela com o fuzil na mão, mas logo em seguida se conformou.

Poucas vezes vi ela saindo de casa e na maioria delas com o mano sorriso na cola, eu sempre aproveitava a chance pra olhar de longe. Ela cheia de marra, a cara fechadona, nunca vi de papo com ninguém e nem ia nas festas, o que foi uma surpresa quando vi ela chegando no baile naquele dia, toda marrenta, gostosa pra caralho.

A tia terminou o trabalho e eu entreguei uma grana pra ela que saiu assim que o mano sorriso chegou.

— Qual foi irmão? — relaxei na minha cadeira e puxei o fininho uma última vez antes de apagar a ponta na mesa.

— Contagem dos corpos e os feridos — me entregou o papel com os números — o L7 ta avisando as famílias dos 3 parceiros que foram de arrasta.

— Beleza po, pode avisar que nós vai banca o enterro e uma ajuda pra família também.

Ficamos ali resolvendo as paradas e o L7 chegou com umas armas que os moleque tinham achado pelo morro depois da invasão e guardou tudo na salinha.

— Aí chefe, o Pereira tá lá na barreira. Cheio de marra querendo trocar ideia contigo.

Respiro fundo pra não surtar de vez e pego o fuzil e a pistola saindo da sala sem falar nada, os muleque já tão ligado com funciona e já vem pesado junto.

Subo na moto e desço a principal a mil já vendo as viaturas tudo lá em baixo.

— Fala seu comédia, ta querendo mais bala no teu cu ou já foi o suficiente? — falo apontando o fuzil na cara do arrombado

— Vim na paz parceiro, já entendemos o recado po. Só pra avisar que to aceitando o acordo, mermo esquema...

— Agora tu quer acordo? Bagunçou tudo e agora ta com o rabino entre as pernas né seu cuzão.

— Só vamos negociar, eu tenho família e não dá pra continuar assim não...

Abaixo o fuzil e chego mais perto dele falando mais baixo

— Eu to me fudendo pra tua família meu irmão, e quero que você se foda junto, tá ligado... — ele suspira e dá um passo pra trás — o negócio vai ser o seguinte. Vocês vão continuar na atividade pra mim pelo preço que eu achar justo no momento, tu num tá nem com moral pra reclamar.

— Ai é foda Cobra, tu sabe que tenho que molhar a mão de gente pra caralho porra.

— foda-se parceiro, tu num ta nem na posição de reclamar tá ligado... Fez tudo na covardia po, e só pra te lembrar que to ligado nas tuas crias. Pisa na bola de novo e nem tem conversa.

— Tu ta certo po, mas eu só tava seguindo ordem. Você sabe que o Moraes é doido pra pacificar isso aqui, ia ser uma mina de dinheiro pra ele.

— É to ligado, mas esse arrombado não vai subir não. E meu tempo pra ti já acabou, vaza.

Os soldados com ele começaram a ir em direção aos carros mas ele ainda tava meio incerto.

— Tem como liberar as armas que ficaram ai?

Os muleque começaram a dar risada e nem eu me aguentei, esse maluco é um comédia mermo.

— Mete o pé enquanto eu ainda to de boa com a tua cara meu parceiro, adianta vai. — falo sacudindo a pistola na direção dele e vejo ele respirar fundo antes de ir embora.

Espero ali na barreira até a última viatura sumir e deixo mais dois muleque na contenção só por precaução.

— L7, pode subir e avisar que tá liberado abrir as paradas, deixa os comércio fechado não. Bora cambada, atividade ai.

— Ainda patrão.

Volto pra central, guardo o fuzil e saio da sala com os seguranças pra ver as paradas das drogas e me lembrei que a Helena veio hoje antes da invasão pra pegar as chaves e começar a produção.

— Cadê tua irmã parceiro? — pergunto pro sorriso que estava sentado no banquinho do lado de fora da boca.

— Me passaram a visão que ela tava na lanchonete agorinha. — ele fala e atende o celular. — fala comigo...

Dou um toque nos moleque e subo na moto indo até a lanchonete da tia Katia parando na esquina. De longe já vejo a morena de papo com a médica do postinho e geral tá ligado que a doutora deu fora em todo mundo porque gosta é de mulher, então já fecho a cara e vou até elas.

'' — Achei que não tinha nem chance de você aceitar sair comigo.''

Mas num tem mermo, ta maluca?! Atrapalhei essa palhaçada mermo e botei a loirinha pra correr.

'' — Me manda uma mensagem quando der.'' resmungo imitando a doutora e vou andando atrás dela e vendo aquelas perninhas curtas andarem mais rápido que nunca.

— O que você quer Cobra? — ela para no beco e se vira pra mim de braços cruzados.

— Já falei po, bora ali bater um papo. — indico o bar do Seu Pedro e ela olha pros lados antes de aceitar e ir.

Sentamos em uma das mesas e peço uma cerveja pra mim e uma coca pra ela, tô ligado que ela não bebe nada de álcool.

— Fala. — Helena me encara toda seria

— Queria te dá a chave da casinha po, pra tu ir la e ver o que ta precisando pra começar tuas parada.

— Ta de sacanagem né? Fez aquele showzinho pra isso? — fala com a voz baixa e calma de sempre, ela pega a chave e tenta se levantar, mas eu seguro sua mão.

— Por que fugiu de mim em? — ela se acomoda na cadeira outra vez e se remexe incomodada.

— Só não tava afim cobra.

''Conta outra.'' penso. — Não tava? Tem certeza? — olho nos seus olhos e vejo quando ela exita um pouco antes de olhar pra mesa e mexer nos dedos.

— Olha só cara... — antes que ela termine de falar é interrompida pelo desgraçado do L7 me chamando

— Colfoi chefe, b.o pra tu. — eu quero dá um tiro na cara desse moleque.

Helena aproveita pra levantar e murmurar alguma coisa antes de sair do bar e descer a rua sem nem olhar pra mim. Mina difícil do caralho...

Eu ajeito a peça na cintura e coloco a camisa antes de sair dali e dar um soco no estômago desse filho da puta que só aparece na hora errada.

— Caralho patrão, precisa disso não. — ele desce comigo reclamando.

— Num fode rapa. Pro teu bem eu acho bom que seja vida ou morte, moleque. To com ódio de tu.

Ele resmunga e dá um passo pro lado.

— A parada é que a vanessa tá lá na boca armando o maior barraco por causa de tu.

— Ah mano, num fode não. — dou um cascudo nele que reclama e sai de perto.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora