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HELENA.
A vida dentro de uma cadeia não é fácil, todos os dias eu me pergunto o que devo ter feito na outra vida pra estar passando por isso agora. Mas quer saber, fode-se. Deus nunca dá uma cruz maior do que conseguimos carregar, e se essa é a minha, tudo bem eu consigo.
Não sei quanto tempo passou desde que estou aqui, perdi as contas dos dias depois do 200° banho de sol que acontecem durante 2h a cada dia.
Mais de 6 malditos meses vivendo aqui dentro, sofrendo humilhações e tendo que abaixar a cabeça caso eu queira sobreviver, se bem que eu já nem sei se quero.Todos os dias eu durmo no chão frio só com um travesseiro feito de pano velho dentro de uma fronha rasgada, olhando as grades na parede que só tem vista para o céu, só vejo o vazio e às vezes algumas estrelas.
Aí você deve estar pensando, mais e os direitos humanos? Por que esse descaso com as presas?
— Direitos humanos existe aqui dentro, sim, mas deve funcionar só pra quem tem família lá fora, só pra quem tem quem lute por você. Eu, como todas que estão nessa cela e nessa ala do presídio, não somos nada, somos indigentes. Sem família, sem visitas, sem ninguém lá fora. Quem é que vai ligar se estamos tendo dignidade ou não?Depois de umas semanas a mulher de óculos que falou comigo no primeiro dia, descobri que se chama Carla, ela fala é a única que fala comigo aqui dentro. E eu não entendi o porque se ela quase nunca fala com alguém. Sempre no canto dela lendo livros ou escrevendo, poucas vezes a vi interagindo com as outras e por algum motivo todo mundo respeita ela.
Ela tem me emprestado uns livros pra passar o tempo, e por um momento fiquei contente por ter com quem conversar de vez em quando, e principalmente pelo livro ser de química. Ela tinha acesso a alguns livros ali dentro por ter sido professora de universidade, ela ensinava algumas detentas a ler e assinar o próprio nome e isso era o máximo que elas queriam.
— Já terminou o livro? — estava tão distraída pensando, que não percebi que Carla já tinha voltado do pátio.
— Ah sim, acabei ontem. Achei interessante, mas é básico né, eu já li uns mais avançados. — eu disse me levantando do chão e entregando o livro na mão dela que arqueou as sobrancelhas, provavelmente surpresa por eu ter o mínimo de conhecimento da matéria.
— Hm então quer dizer que você entende disso né? Bom, muito bom — ela se virou de costas exibindo um meio sorriso de canto e foi até a prateleira que tinha em cima da sua cama. Colocou o livro de química básica lá e puxou um mais grosso. — Quero que leia esse então, se tiver dúvida me pergunte. — com isso ela me entregou e se deitou na casa, esticando os pés e os cruzando colocando as mãos embaixo da cabeça.
Eu não respondi, olhei o livro na minha mão que era um pouco pesado e me virei para sentar no meu canto de novo. Me agachei e me encostei na parede começando a ler e fazer anotações.
— Por que você só me dá livros sobre química e matemática? Não tem de outro tipo? — perguntei sem olhar pra ela, me concentrando em fazer um cálculo resolvendo uma fórmula.— Química e matemática podem ser sua porta de entrada pra uma vida melhor, por assim dizer. Qualquer vida fora daqui é melhor que essa garota, eu gosto de você. Quero te ensinar. — ela fez uma pausa e deu um suspiro alto — eu não vou sair daqui, mas você ainda tem chance, pode colocar tudo em prática lá fora se quiser.
Dito isso ela ficou em silêncio e eu também, pensando em como isso me levaria a uma vida melhor e como seria essa vida. Mas eu não vou contestar né, é melhor ter o que fazer do que ela desistir de me emprestar.
Horas depois eu já tinha resolvido uma boa parte dos cálculos, estava tão focada que só percebi a chegada da comida quando as meninas começaram a levantar pra pegar. Como sempre a quentinha estava horrível, mas dessa vez estava pior, o arroz estava babando de tão azedo. Separei do restante e prendi a respiração a cada colherada, tentando não sentir o cheiro, mas era quase impossível.
Foram poucas às vezes que levaram a gente pro refeitório, lá a comida é um pouco melhor, não tanto, mas pelo menos não é estragada. Porém, só vai ao refeitório quem tem bom comportamento ou quem é da ala superior, a comida faz parte do "castigo". E os carcereiros escolhem quem vai comer bem ou não; você tem algo pra dar em troca? Não? Então come isso aí mesmo. É assim que funciona.
Boa noite galera, espero que tenham gostado do capítulo e não fiquem ansiosos, tá começando a esquentar 😏😏
Comenta aí o que você acha que a Carla está aprontando? Por que ela está fazendo a Helena estudar tanto?
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Mente Criminosa
Fanfic🎶Redescobrindo meu eu, eu perguntei para Deus Porque me deu o livre arbítrio de escolher o que é meu Porque o senhor me escolheu? Se quem tinha que escolher era eu Se carregava ou não o fardo de ter que ser um dos seus Não sou rosa, não sou pura Nã...