Capítulo 32

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Cobra

Tava sonhando gostosinho, curtindo um baile naquele pique com os parceiros quando vejo Helena vindo na minha direção sorrindo e dançando, agarro a cintura dela puxando pra mim e deixo um beijo no seu pescoço. — Vem comigo, gostoso. — ela diz no meu ouvido fazendo charminho. Ela se vira e me puxa para ir pra algum lugar, mas antes eu puxo ela pra mim outra vez e quando ia tasca um beijão naquela boquinha rosada, acordo com um soco no estômago quase vomitando tudo.

— Acorda logo seu filha da puta, ta de sacanagem chapado uma hora dessa, porra? — Aquela voz me faz cair na real e olhar em volta.

Deitado no sofá da boca desde ontem, fiquei até tarde resolvendo umas paradas e recebendo a carga de armas na madrugada. Acabei cheirando mais do que devia e apaguei aqui mermo.

— Merda, que porra ta rolando em? Ficou maluca? — Ainda meio sonolento, eu escuto os tiros e a voz da Helena me xingando de tudo que era nome, o barulho dos fogos estourando, avisando que tava tendo invasão. O zumbido no meu ouvido para e eu levanto com pressa e vejo ela pegando uma pistola e um dos meus fuzis que estavam no canto, vesto a camisa que tava jogada no sofá e pego as minhas armas e atravesso no corpo.

— Onde você pensa que vai com isso? — pergunto pra ela assim que termina de prender a munição extra no cinto. Gostosa pra caralho com aquele fuzil na mão.

— Me poupe, vim aqui pegar a chave da casinha e começou essa merda de operação, e com você quase morto nesse sofá. Tá nem se aguentando e vem de graça. — ela vai em direção à porta que se abre num estrondo e vejo um policial todo de preto passar por ela com a arma já apontada. Num movimento rápido eu atiro na cabeça dele sem dá nem chance dele pensar.

— Quem não tá se aguentando aqui? — dou um sorriso pra ela e saímos dai já prontos pra agir. — Lena, fica perto de mim. Vou te deixar no teu barraco.

— Cobra, se preocupe com você, eu sei me cuidar. — ela fala e vai em direção aos moleques num beco mais a frente.

Vejo o Sorriso no meio deles e ele faz careta quando vê ela armada, mas não fala nada.

— Bora logo porra, bota esses pau no cu pra descer esse morro de costas. — grito pra eles e pego o radinho passando o proceder pros soldados.

Meus seguranças já tavam comigo e fomos seguindo o plano de sempre, os soldados se dividiram pra achar esses arrombados mais rápido e vejo a Helena passando em um beco junto com o sorriso e o L7.

O foco da operação era pegar os armamentos que recebemos ontem, algum filho da puta passou a fita do esquema e eles aproveitaram o pretexto par subir o morro.

Era 5 da manhã quando começam a invasão, eles tão ligado que esse horário os cria num ta na atividade e só tem morador indo trabalhar. Mas quem disse que eles liga pra essa porra.

Ninguém tava esperando operação, a favela tava tranquilona esses tempos que até os morador tava mais animado. E é assim que eles gostam de pegar nós, desprevenido, matar quem eles quiser e depois colocar a culpa na bala perdida, sempre a merma historia po.

Desço o morrão atirando nos que tiver na frente sem dó, meus soldados tudo pesado de peça sem medo de porra nenhuma e é assim que nós bota eles pra correr.

Depois de horas de operação e 2 tiros de raspão no braço, os bota finalmente vão embora e eu escuto os tiros anunciando mais uma ''vitoria'' do nosso lado.

— É ISSO AI, PORRA! AQUI É COMANDO CARALHOOO!!! — Escuto a voz do Sorriso vindo atrás de mim e eu grito junto jogando o fuzil pro alto junto com moleque. — Que isso patrão, tu sempre se forde né mano. Azar do cacete... — ele da risada junto com o L7.

— Vai se fuder. Foi só de raspão essa porra, ninguém me derruba não parceiro. — Eles ficam zuando e cantando a música da facção enquanto eu vejo a Helena olhar pra mim com uma cara meio estranha. — Qual foi, não esqueci como tu me acordou hoje não.

Ela ta toda suja, cheia de respingo de sangue pelo corpo e com o braço todo ralado.

— Na próxima eu deixo tu ser acordado com o cano do fuzil na tua cara. — ela debocha e vira as costas.

— Tá cheia de marra né, vou cortar tuas asinhas já já. — vou atrás dela que ignora o que eu falei e segue em direção a boca principal.

Ela entra na sala e tira a pistola da cintura e o fuzil das costas, deixando em cima da mesa.

— To indo nessa, depois eu pego as chaves. — já vai se virando e eu seguro seu braço fazendo ela parar

— Ta com pressa de que mina? — ela continua de costas e vejo que respira um pouco mais rápido.

Dou um passo na direção dela e paro encostando meu peito nas suas costas, abaixo um pouco a cabeça e fala perto do seu ouvido.

— Tô querendo trocar uma ideia maneira contigo. — vejo ela se arrepiar e puxo ela pelo braço fazendo se virar pra mim, encaro aqueles olhos azuis pra caralho e me perco neles por um momento

— Diz aí — ela fala olhando nos meus olhos e me fazendo focar no meu objetivo principal.

Me aproximo mais um pouco fazendo nossos corpos ficarem quase grudados e levanto a mão passando pelo seu rosto, por um segundo eu vejo desejo passar pelo seus olhos e esse é o sinal que eu precisava, abaixo a cabeça na sua direção e seguro sua nuca trazendo ela até mim e é nesse momento que eu vejo o medo estampado no seu rosto e eu paro.

Ela dá um passo grande pra longe de mim e cruza os braços machucados na frente do corpo olhando para os pes.

— Qual foi? — eu pergunto meio confuso porque eu vi que ela queria também.

— Nada, eu tenho que ir. Depois eu passo aqui pra resolver contigo as paradas da produção. — ela diz com a voz seca e se vira saindo e me deixando ali.

— Merda. — passo a mão na cabeça e vou até o banheiro para me limpar e fazer um curativo no braço. 

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora