Capítulo 33

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Helena

Depois de sai da boca fui direto pra casa, esbarrei com meu irmão no caminho e fiz minha melhor cara de paisagem pra dizer que estava bem.

— Tenho que resolver umas paradas e só devo chegar mais tarde ta, vai ficar de boa? — ele pergunta e eu aceno com a cabeça

— Fica tranquilo, não me machuquei não. Só tô querendo deitar um pouco.

Me despeço dele com um abraço e sigo meu caminho com a cabeça latejando de tanta dor e o corpo tremendo.

Assim que fecho a porta e entro no meu quarto, me encosto na porta e todo o peso cai nos meus ombros e eu me deixo cair no chão. Eu sabia o que o Cobra queria no momento que ele pegou meu braço, e deixei rolar pra ver no que ia dar. Mas a agonia que eu senti quando ele se aproximou mais foi muito maior que o desejo que eu senti por ele.

Eu queria beijar ele, queria mesmo, mas só de sentir seu olhar mais intenso sobre mim eu não consegui não lembrar de toda merda da qual eu saí.

Sentada no chão, eu puxo meus joelhos e os abraço, encosto a cabeça na porta e fecho meus olhos me lembrando de tudo, de toda sujeira que era a minha vida, de todas às vezes que eu tentei acabar com a minha dor e fui covarde de ir até o final.

Como eu queria esquecer tudo isso e seguir minha vida como todo mundo faz, mas é difícil, é muito difícil olhar pra pessoa que você sente atração e pensar que ele pode fazer o mesmo que tantos outros fizeram, doí pensar que tudo pode voltar a ser igual.

Me levanto do chão depois de muito tempo ali e vou até o banheiro me lavar e tirar todo o sangue e poeira do meu corpo, deixo a água cair e tento relaxar um pouco, logo depois eu pego a caixinha de remédios na sala e passo uma pomada nos ralados no meu braço.

Já um pouco melhor eu vou à cozinha e vejo o que tem pra almoçar e não tem nada pronto, então decido ir até a lanchonete da tia Katia e aproveitar pra esparecer um pouco em vez de me afundar em lembranças dentro de casa.

Troco meu short por uma calça de moletom cinza e saio de casa, vou descendo as ruas e cumprimento uns moleques do movimento que ainda estavam fazendo ronda depois da operação. Vejo umas crianças brincando na pracinha e acabo me distraindo e quase passando por cima no molequinho parado na minha frente

— Porra. — resmungo quando quase caio em cima dele, também, desse tamaninho. — Foi mal aí, garoto.

— Ta de boa, tia. — ele abre um sorrisão lindo e banguela e sai correndo pegar a bola.

Dou um meio sorriso e vejo ele voltar com a bola em baixo do braço e gritar com as outras crianças. Acabo ficando parada ali na praça mais tempo do que devia observando as crianças brincarem e umas chorando por terem caído, então sinto minha barriga roncar e saio dali pra ir comer.

Passo pelo posto de saúde lotado e viro na esquina dando de cara com a loirinha, — hoje eu to trombando com todo mundo.

— Aí desculpa — ela fala toda calminha e eu seguro seu braço mantendo ela no lugar.

— Tranquilo, eu que não prestei atenção. — digo e ela olha pra mim e abre um sorriso.

— Helena né? Nunca mais te vi pelo postinho, — ela mantém o sorriso e me oferece a mão esticada na minha direção — eu sou a Patricia, nem deve se lembrar de mim.

— E aí? — seguro sua mão — lembro sim, você é a médica que cuidou de mim. Muito obrigada por aquele dia a proposito. — digo e ela da risada e passa a mão no cabelo colocando uma mecha atrás da orelha.

Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora