Capítulo 26

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6 meses depois...

Helena

— Você precisa sair de casa garota, ta ficando mais branca do que já era. — o júnior apareceu atrás do sofá implicando comigo.

Nesses meses que estou livre, o sorriso me mostrou muitas coisas, conheci a mãe dele, dona Lucia, no início eu senti que ela não estava muito confortável comigo, mas depois de conversarmos um pouco ela começou a me contar os podres do Júnior, então eu acho que ficou tudo bem no final.

Ele também me apresentou ao L7, que era seu parceiro de caminhada. O Lucas era caladão, mas parecia gostar bastante do sorriso, ele também tem uma irmã, Jessica, garota totalmente doida, já tentou me arrastar pra baile uns três vezes e acho que agora ela entendeu que não temos intimidade e eu não frequento esses lugares.

— E eu tenho o que pra fazer na rua? — resmungo baixo sentada no sofá.

— Vê gente, tomar um sol nessa cara, pegar um vento pra tirar esse cheio de mofo — ele deu risada e eu joguei uma almofada na cara dele.

— Prefiro continuar assistindo série, tenho que terminar essa Casa de papel, que serie foda. — falei pra ele e dei play pra série continuar.

Usei todo meu tempo livre para aproveitar tudo que não podia antes, o Júnior fez questão que eu assistisse todos os seus filmes favoritos e eu comi todas as comidas que podia e que nunca nem ouvi falar, dormi 30 minutos a mais do meu horário normal — e por mais que eu tentasse, nunca conseguia passar as 05:30.

O júnior também me ensinou a pilotar a moto dele, mas só aqui pelo morro mesmo, me deu um celular — roubado — e me ajudou a inteirar com os aplicativos, nenhum deles me chamou atenção, até porque não pretendo ser vista por ninguém, fiquei só com o whatsapp, pois é bem mais fácil de me comunicar com o sorriso.

— Bora pra boca comigo então? — ele senta do meu lado e desliga a TV. — Vai estrelinha, por favor, não aguento mais te ver trancada dentro de casa cara.

Eu bufo e reviso os olhos pra ele — Ok! Mas não fica mandando eu ser simpática com ninguém não em.

Ele tinha essa mania, sempre que tinha alguém com ele e eu fingia que não via a pessoa ele ficava mandando eu ser simpática pra não pagar de chata. O problema é que eu gosto que as pessoas achem que eu sou chata, assim ninguém tenta amizade e eu continuo na minha.

Eu nunca tive amigos, fora o Júnior, sempre fui sozinha até conhecer ele e a Carla que foram os únicos que fizeram algo por mim. Não sei como ser sociável e não quero tentar agora.

Entro no meu quarto e tiro meu short trocando por uma calça preta de moletom mais fino e uma regata branca. Volto para a sala ajeitando meu cabelo que agora está batendo no meu pescoço e já estou agoniada para cortar.

Quando júnior olha pra minha calça ele me recrimina com o olhar, mas não fala nada. Passa o braço pelo meu pescoço me abraçando e vai tirar a moto da garagem.

Ele vai de casa até a boca tentando empinar a moto e eu avisei que se eu cair, puxo ele junto. Quando chegamos lá os moleques nem esperaram pra zoar o Sorriso pelo horário.

— Sorriso ta pique patrão mané. A hora que chega pra trabalhar — Sergin falou rindo e os outros acompanharam.

— E pelo visto o trabalho ta pouco né, tão aí fazendo nada e cuidando da minha vida. — fala rindo e os caras vaia ele — A endolação como tá? — pergunta pro Sergin que olhou engraçado e coçou a cabeça.

— Po tu sabe que o Galego rodou mês passado, os bagulho tão ali pra misturar ainda, ninguém sabe as parada não tá ligado...

— Agiliza isso ai caralho, Cobra daqui a pouco da chutando a bunda de vocês e eu vou nem me meter. — Júnior fala e passa pelos caras, eu vou atrás e eles saem de perto.

Entramos na casa e vamos para a uma mesa que tinha ali, Sorriso vai direto pegando uns papéis de entrega que precisa entregar pro chefe e checando as paradas, eu me jogo na cadeira giratória a sua frente e ele começa a me contar como foi a noite com a Sabrina, a loirinha que ele tá pegando depois que desistiu da tal Vanessa.

— Você tinha que vê, a mina é foda mano, me deixou quebrado filha. — eu rio dele imaginando aquela cavalona sentando nele que mais parece um graveto — que nojo.—

— Fala sério em, você tem que começar a se exercitar, ta aguentando nem uma sentada da mina. — ele me encara bravo e eu rio — tá brabo irmão, que isso.

— Eu vou te mandar pra um lugarzinho já já sua vaca.

Ficamos conversando enquanto ele fazia o que precisava até o Sergin entrar na sala carregando uma caixa cheia de coisa.

— Ai mano, as caixas tão tudo lá na central. O parceiro lá mandou tudo que tinha. Como a gente faz agora? — ele coloca a caixa na mesa mexe em um dos pacotes.

— Como faz o que maluco? E tu acha que eu sei? — Sorriso pergunta todo debochado.

— Vocês são sabem como mistura a droga que vocês vendem? — Pergunto sem acreditar nesses caras.

— Normalmente o Galego que fazia a mistura e mandava pronto pra nós, agora tem que vê o que vai fazer Sorriso...— Sergin fala enquanto abre um dos potes e cheira o que tem lá dentro fazendo uma careta.

— Ah, e eu vou saber? Coloca cloro e farinha que tá bom po. — Júnior responde e mexe na caixa vendo o que tinha ali, como se ele entendesse os nomes dos compostos.

Fico escutando o que eles falam e quase dou risada.

— Farinha? — eu pergunto quase rindo

— Pra dar volume po, faz render mais na hora de pesar. — Júnior me responde

— Cloro e farinha... Isso deve ser uma merda, vocês tão perdendo grana, isso sim. — eu falo e me giro na cadeira olhando pra o telo sujo — Alguém precisa limpar isso em.

Ouço eles rindo — Ih doidona, e você sabe de alguma coisa por acaso? — Sorriso zoa comigo e bagunça meu cabelo.

Eu dou mais um giro na cadeira e paro olhando pra eles que estão com um pote de efedrina na mão, sem fazer ideia do que era.

— Sei uma coisinha ou outra — dou de ombros e me levanto da cadeira me aproximando da caixa e vejo o tanto de coisa que tem ali.

— Uma coisinha ou outra já é mais do que a gente. Ajuda aí mina, namoral mermo. — o Sergin fala e eu olho pro Sorriso que faz um gesto com a cabeça pra mim.

— Eu preciso de uma balança, luvas, máscara e o material que vocês usam pra endolar. Traz um pacote da coca também. — peço e o júnior me olha estranho — Sem zoeira, vou mostrar pra vocês.

Ele manda o Sergin ir buscar e quando ele sai da sala o Júnior já fala preocupado — Você usa Helena? Ta de sacanagem???? — ele pergunta todo nervoso.

— Claro que não, ta achando que eu sou maluca? No máximo um baseado de vez em quando, mas desde que cheguei não fumei não. — Dou de ombros pra ele me sento na cadeira outra vez — Eu só entendo um pouco de química po, nada de mais.

Sorriso se senta na sua cadeira de novo e fica resmungando um monte de coisa até o Sergin voltar segurando um monte de coisa quase deixando cair a balança.

— Ajuda aqui caralho. — fala todo atrapalhado.

Colocamos as coisas em cima de outra mesa que tinha no fundo da sala e ele trouxe a caixa com os compostos pra cá também, arrumei tudo ali em cima e pedi um caderno pro sorriso que me entregou um em branco junto com uma caneta e com um olhar desconfiado, mas preocupado também.

— Eu não quero que ninguém fique sabendo que você sabe essas parada ta ligada?! Não quero isso pra você não. — ele fala ao meu lado e faz um carinho na minha cabeça.

— Relaxa maninho, só vou fazer dessa vez.

Ele concorda com a cabeça e traz sua cadeira pra perto enquanto o Sergin puxa uma também.

Eu coloco as luvas e a máscara que ele trouxe pra mim e começo analisar o que eu tenho de melhor aqui. — Ok, isso aqui é um parque de diversões puta que pariu — eu dou risada e começo o trabalho.




Curti e comenta bastante.
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Mente CriminosaOnde histórias criam vida. Descubra agora