“Você pensa que não vai esquecer…
E esquece!Você pensa que essa dor não vai passar… Mas passa!
Você pensa que tudo é eterno… Mas não é.”
Padre Fábio de Melo
Capítulo 26
“Ruir...”
Leah levou a mão ao peito, precisava sentir seus batimentos cardíacos, para constatar que o órgão ainda permanecia ali, pois tudo dentro dela parecia ruir, seus pensamentos, conceitos, concepções… limpou o rosto com violência, a última vez que um pranto como aquele a tinha acometido, foi quando acordou e soube da morte dos pais. Era como se grandes comportas de água tivessem sido abertas, ela não aceitava continuar derramando lágrimas.
“Não por ele, não quando tudo que vivemos foi baseado em mentiras”
Uma respiração profunda a tirou de seus pensamentos. - "Por um momento esqueci que estava sentada, dentro de uma carro com um vampiro, ainda era difícil acreditar”. - ela engoliu um riso histérico.
— Sabe que as coisas não são tão ruins quanto parecem, né? - a voz melodiosa ecoou entre eles.
Não impediu, seu riso saiu sem um pingo de humor — Imagina, eu só descobri que meu namorado e toda sua família são vampiros e que ele mentia pra mim vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, desde que nos conhecemos.
Ela viu o peito dele se expandir novamente, mas não ouviu o som da respiração.
— Olha, Leah… Tratando-se de deboche os que me cercam dizem que sou o perito, então comigo não precisa usar, até porque sei que o está usando como defesa. Por enquanto vamos deixar claro que pode dizer o que quiser... - bufou — O que eu quero dizer é… - ficou em silêncio observando a estrada.
Ela achou que ele não diria mais nada, e voltou a olhar pela janela quando um tapa no volante seguido por um palavrão chamou sua atenção de volta para o homem ao seu lado.
— Eu não sou bom com essas coisas, e também acredito que quem deveria estar conversando sobre isso era o Stefan - apertou a ponta do nariz — Mas entendo que nesse momento ele é a última pessoa que você queira ver ou ouvir.
— Nesse momento? Melhor dizer nunca. - disse magoada. — "Nunca mais quero vê-lo, o arrancarei de dentro de mim, nem que seja a última coisa que eu faça!"
O carro derrapou na estrada, quando ele girou o volante numa manobra perigosa até encostar no final da pista, a poucos centímetros da encosta, o que lhes reservaria uma grande queda, caso ele houvesse calculado mal sua parada.
— PUTA QUE PARIU! TÁ LOUCO! - o berro ressoou ao redor deles — Se quer me matar é melhor fazer logo! - o coração dela galopeava tamanho o susto.
Ele riu — Não te falaram que ótimos reflexos é uma das características dos vampiros? Ah, não te disseram, claro, você não ficou para ouvir, porém agora estamos aqui eu e você. - disse apontando com o indicador entre eles — E mesmo que não queira ou não goste do que virá a seguir, vai me ouvir. - com o aviso ela escutou o barulho das travas das portas subirem.
A face dele não se alterou, a voz dele não subiu uma nota, a mesma calma e mansidão que ele lhe passou da primeira vez que se conheceram voltou a sentir, a diferença era que dessa vez ela realmente não queria ouvir.
Leah tentou falar, mas foi cortada por August, que levantou uma das mãos. — Pare, consigo ouvir daqui os protestos e as negações que rodam a sua cabeça. Vamos deixar uma coisa bem clara, não sou e nunca serei a favor da mentira, mas no caso do Stefan, eu tive que compactuar com cada uma das decisões que ele tomou desde que soube da sua existência. Por ser humana, talvez não saiba o peso e o verdadeiro significado que a palavra lealdade carrega, já que a história da humanidade traz grandes exemplos negativos quanto a ela, a começar pelos irmão Caim e Abel.
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Névoa do Tempo
VampireEle um vampiro. Ela uma arqueóloga. Uma maldição os separou há mais de duzentos anos, e desde então ele a busca. A cada geração uma nova Leah nascia e com ela a oportunidade de Stefan ter um final feliz. Mundos opostos, porém um destino entrelaçad...