1ªParte do fim

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"As muitas àguas não poderiam apagar esse amor, nem
os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens
de sua casa por esse amor, seria de todo desprezado."

Cantares de Salomão 8:7


Capítulo 47

O jantar transcorreu como se estivessem numa confraternização, os donos, Conselheiros, polidos, educados e avaliadores. Os convidados como parentes curiosos, mas que não precisam perguntar para sabermos que estão ávidos por satisfazer todas as dúvidas e se refestelar em questionamentos.

Leah mal pregou os olhos, a ansiedade do por vir não a deixou desligar, passou a maior parte do tempo conversando com Stefan, parecendo sentir sua inquietação Scarlet se juntou a eles e por mais que o sol estivesse escondido o cansaço era evidente neles. Por isso ela se forçou a dormir.

Há algumas horas receberam a visita de um dos criados trazendo um café de cortesia para ela e avisando que já os aguardavam.

Na ante sala de audiência, o clima e o ambiente eram totalmente modificados, nada de cores vinhos, tudo era preto, escuro, quase fúnebre, O silêncio era ensurdecedor, a tensão estalava na sala, ali, nenhum encontrava motivos para fazer piada e aliviar o clima. Todos estavam calados, cada qual em seus pensamentos.

De repente a cabeça de August levantou, tirando os olhos do livro que segurava; encarou a porta.

— Não direi como deve se portar, seja você.

Leah demorou para se dar conta de que ele falava com ela.

— Ah, ok?

— Só lembre-se de parecer respeitosa, como eu disse uma vez, tudo aqui é egóico. - sussurrou Scarlet.

— E quem sabe assim, haverá chances de sairmos todos vivos. - soprou Théo seguido de uma piscada, tirando um pequeno sorriso dela.

As portas duplas estalaram abertas, um senhor com vestes elegantes saiu e os anunciou: — Estão esperando, podem entrar.

O contraste gritante entre a ante sala e a de audiências era abissal. Leah sentiu-se piscar várias vezes, ante a claridade. Branco, tudo era tão clean que reluzia, desde as paredes até o chão de mármore. Os membros do Conselho destacavam-se no espaço, usando túnicas vermelhas, detalhadas com fios de ouro, sentados em poltronas elevadas: Yuri, Tommaso, Versalhes e Roxy, os olhavam de cima como verdadeiros reis acomodados em seus tronos avaliando os súditos.

Leah não sabia o porquê, mas sentia que entrava em uma cova de leões. - "E esses parecem famintos". - um silêncio arrepiante se seguiu, seus pensamentos eram sua única companhia.

August, já os havia orientado a não falarem enquanto a palavra não fosse dirigida diretamente a eles, existia uma ordem de fala, os primeiros eram sempre os Conselheiros.

Leah fechou a boca para segurar o som de sua respiração, que naquele instante parecia ser a única que ecoava na sala, ficou tentada a colocar a mão sobre a boca para interromper o fluxo de ar que passava rápido por entre seus lábios. Tinha certeza que todos escutavam o retumbar descontrolado do seu coração, apertou com força a mão de Stefan, que retribuiu, para lembrá-la que ela não estava só.

Yuri se colocou de pé, chamando a atenção para ele. — Que conste nos autos que na data de hoje, compareceram por livre e espontânea vontade o líder August, nobre autarquia da casa de Éros, chefe dos distritos pertencentes a Grécia e seus conglomerados, juntamente com sua família para esclarecer novos fatos que surgiram, na oportunidade, referentes ao processo já arquivado e esquecido; outrora denominado conde Stefan, criatura de August, também pertencente à casa de Éros.

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