Lucian

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**** PODE CONTER GATILHOS****

“Todos temos algo a esconder... Algo obscuro dentro de nós, 
que não queremos que o mundo veja.
 Então fingimos que está tudo bem.”

Coringa

Capítulo 9

A escuridão noturna dá boas vindas a alma escura que a contempla com anseios promíscuos e tortuosos. 

A violência quando não domada tende a extrapolar os limites da consciência; por muitas vezes trazendo à margem o pior do homem.

Da janela de um dos maiores edifícios de Atenas, o vampiro contemplava o tráfego intenso da grande cidade. Os faróis dos automóveis e as centelhas dos postes eram as únicas fontes de energia, que aquela hora ultrapassavam a densa névoa da noite.

Há quase um século ele farejava a pista que o levou até ali, trabalhando nas sombras, orquestrando os passos da sua vingança. 

Todos os dias desde que  instalou-se ali, sob a fachada de uma empresa de alarmes de segurança residencial, olhava pela janela e fomentava cada vez mais a sua ira. Ele e só ele era para ser o senhor absoluto daquelas terras, seu insucesso era responsabilidade da covardia disfarçada de amor incondional, que seu pai sentia por sua mãe, amaldiçoava o dia em que o grande Xavir  se deixou castrar por Celina, pelo feitiços que só uma companheira tem, por causa dessa praga ele foi impedido de viver uma vida plena e satisfeita.

Eu poderia estar tomando sangue direto das vísceras desses ratos” - pensou ao avistar um grupo de jovens que desembarcava de um ônibus.

Lucian era um homem cheio de escuridão, seu desejo de matar somado a sede de vingança seu ódio era o guia que o levaria até  August. Ele acreditava que o general poderia ter acabado com aquele amor e não fez nada para impedir que seus pais fugissem, ao contrário levou a mensagem de paz para o então rei Éros.  

Com o passar dos anos a escuridão tomou forma endurecendo seu coração,  tornando-o um monstro frio e calculista, sem sobrar um único resquício de bondade dentro de si. Acabar com a família de seu inimigo estava no topo das suas prioridades e caminharia até o inferno para realizar esse feito. 

Uma batida na porta o tirou de sua contemplação.

- Entre.

Zeyder, seu primeiro no comando, entrou.

- Senhor, tenho novidades. - disse entregando um envelope.

Lucian, abriu sem pestanejar, seus homens estavam em um rastro há dias, aquela com certeza era uma grata surpresa.

- Está certo de que é ela? Por que se bem me lembro dá última vez que você entrou aqui dizendo isso, enviamos uma garota quebrada para eles. 

- Sim, senhor eu tenho, mais uma vez peço perdão, isso não voltará a acontecer.

- Não mesmo! - segurando-o pela garganta, pressionava a carótida enquanto falava -  Você melhor que ninguém sabe que não tenho paciência para lidar com erros, porém relevei por ser você a cometê-lo. Meu cão fiel. - empurrando-o para trás, Lucian o libertou.  

Entre um acesso de tosse e outro, Zeyder olhou para seu mestre e jurou - Senhor é ela! Um dos nossos conseguiu  um informante humano, que lhe contou que um evento foi montado num hotel com grande pompa, enfim, senhor a pergunta que nos levou a olhar com mais afinco tudo isso foi: o que seria de tão importante ou especial para fazer com que todos eles comparecessem?  E mais ele dançou a noite toda com ela. O humano disse que até achou que eles eram comprometidos, tamanha a intimidade que trocavam.  Senhor, dessa vez acertamos e eu agradeço por sua benevolência. 

Névoa do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora