Bônus: sentindo na pele

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Capítulo 16

Sua bancada era uma verdadeira desordem, quem passasse por ali e duvidaria  que se tratava da área de trabalho da doutora/metódica Leah. Tudo ao seu redor refletia o seu estado de inquietação, rodava uma caneta por entre os dedos enquanto meditava. - "Já faz mais de uma semana que não tenho notícias dele".

O telefone que antes tocava e era atendido no segundo toque, passou a cair direto na caixa postal. - "Se ele não me quisesse já teria dado um jeito de passar o recado". - bufou para os seus pensamentos, pelo pouco tempo que tinham juntos, sabia que ele não era aquele tipo de homem, em todo caso se houvesse algo errado entre eles a sobrinha não continuaria a fazer a sua segurança. Esse fato por si só silenciava as dúvidas que ameaçavam deixá-la num estado de comiseração.

Leah suspirou rodando a cadeira, Helena era a única que podia dizer o que estava acontecendo, porém sempre que a procurava ela dava um jeito de sair pela tangente. - "De hoje não passa, estou cansada das respostas evasivas" - decidiu, iria confrontá-la.

Como se fosse conjurada por suas aflições, a sobrinha do dono dos seus pensamentos entrou na tenda com seu jeito jovial de sempre.

- Kaliméra, Lili! Como estão as coisas  por aqui hoje? Alguma análise exótica, como um osso de Tiranossauro-Rex, por exemplo?

- Ra, Ra, Ra! Bom dia, pra você também! Nada de piadinhas, dona moça. Você não vai me enrolar, como tem feito nos últimos dias. Finalizei  o que precisava e direcionei minhas ligações para Stive. Daremos um passeio. – respondeu pegando com uma das mãos as chaves que ela jogava pra cima, enquanto com a outra a  levava de volta para a saída.

- Wow, sério? Para onde? – a atitude alertou Helena.

Virando-se sondou  os olhos cor de mel, enquanto decretava – Você vai me levar até a casa do seu tio e não aceitarei uma resposta diferente de “como você quiser Lili, ou mais é claro Lili" – enfatizou as palavras imitando a voz dela.

Um riso nervoso subiu pela  garganta de Helena, que o travou antes que escapasse pela boca. – Olha essa não é a minha voz! Eu até posso fazer isso, mas o que te garante que ele estará lá?

Ela considerou as palavras, dando-se conta que era uma possibilidade, só que ao procurar dentro de si, sua intuição dizia o contrário.

- Lena, sinto que alguma coisa aconteceu... Sei que isso não é o tipo de afirmação que se houve com frequência, porém nada tira da minha cabeça e do meu coração que aconteceu alguma coisa com ele. - seus olhos suplicavam - E talvez você não queira ou não possa me dizer, seja lá por qual motivo... Então independente do que for, ou você me leva  ou me conta de uma vez.

Presa num verdadeiro dilema, Helena, considerou a situação, se contasse a verdade talvez só piorasse as coisas e seu tio não a perdoaria por preocupar sua companheira, porém guardar silêncio também não era a solução, Leah continuaria aflita.  Desviou diversas vezes das abordagens que ela fez durante a semana .

“Me colocando no seu lugar, percebo que se algo acontecesse com o Théo, eu ia querer ser a primeira a saber, ia querer estar ao lado dele. Mesmo ele não merecendo” -  suspirou internamente - “Diferente do Babaca, tio Stef precisa da companheira, e o incrível era que  ela parecia pressentir aquilo” - decidindo-se optou por contar partes da verdade – Lili... – começou.

- Oh merda! Foi algo grave, não foi? Pra você me olhar com esses olhos bonitos carregados de emoção só pode ter sido!

Andando de um lado para o outro, os cabelos de Leah balançavam nos quadris, a luz da aurora fazia com que eles parecessem mais escuros que o tom acobreado, aquela hora a quietude era imensa, toda a equipe havia ido para outra área do sítio. 

A preocupação era evidente nos seus traços quando ela interrompeu a caminhada ao ser chamada.

– Lili, ei não surta tá! Se você não parar e respirar não direi mais nada.

- Ok! – inspirando o ar fresco de fim de tarde e voltando a soltar, a encarou resoluta – Estou pronta, pode me contar.

- No fim da semana passada, ao vir te encontrar, tio Sullivan foi atacado, não sabemos se foi uma tentativa de roubo, só que… ele levou um tiro. – notando que os olhos dela cresceram alarmados, se apressou acrescentando  – Ele está fora de perigo, passou por uma cirurgia para retirar a bala e tratar dos ferimentos, ainda não recobrou a consciência em sua totalidade. Está em casa, porém ainda precisa repousar.

- Oh meu Deus! –  sentiu que todo o seu corpo tremia - "Ele estava vindo… estranhei quando não apareceu, pensei até que tinha me dado um bolo, quando na verdade ele corria perigo,  poderia ter morrido” - engolindo o choro que ameaçava sufocá-la, ajeitou a bolsa sobre os ombros e saiu caminhando na frente. – Me leve até ele.

- Eu não acho que... – interrompeu as palavras de Helena ao dizer – Você não entende que o desassossego da minha alma só passará quando vê-lo? – percebendo o toque de histeria na voz,  modulou o tom, fechou os olhos e respirando fundo, voltando a falar -  Preciso pôr a minha mão sobre o peito dele e sentir que o coração dele bate no mesmo ritmo que o meu, que a respiração está na mesma sintonia que a minha. – com os olhos marejados ela pediu – Lena por favor, me leve até ele.

Tomando as chaves das mãos dela, a grega contornou o carro – Eu dirijo.

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Oiaaaaa eu aquiiiiiii!!!!!
Sim, sim, a continuação desse capítulo está prontinha e prometo que amanhã vocês saberão tudooooo sobre Stefan e sua recuperação.
A pergunta que não quer calar é: Leah está pronta para saber a verdade???

Bjos até amanhã!

Névoa do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora