Antes um pássaro não mão...

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“Não é o meu chicote que eles temem,
mas sim a minha força divina”

Filme 300


Capítulo 38

"Deve ser assim que os animais presos em laboratórios sentem-se, sabe que estão sendo observados, no entanto são incapazes de fazer algo para mudar seu destino" 

A noite em seu ápice, do alto do edifício, através de uma vidraça escura ele acompanhava  o ir e vir dos pedestres, um dos seus passatempos favoritos era olhar os seres humanos e constatar o quão superior era diante da pequenez de suas vidas medíocres,  regozijava seu ego. - "Criaturas inferiores." 

Espelhando seu humor a chuva  forte voltou a cair, intensa, implacável. Rajadas de vento uivava, como se comemorassem sua trajetória rumo a vitória. Espalmou sua grande mão no vidro e um sorriso perverso voltou a crescer em seu rosto, quando o pensamento cruzou sua mente - "Antes um pássaro na mão que dois voando… o tipo de fala que somente um humano poderia criar. Porque me contentar com um, quando tenho dois pássaros juntinhos.  Enfim o universo sorriu para mim, em breve nada ficará no meu caminho e terei a minha vingança." 

- Senhor, posso ter um momento? 

A voz de Zeyder o tirou de seus pensamentos.

 - Já fez o que lhe pedi? - perguntou antes de permitir que falasse.

- Sim e foi isso que me trouxe até aqui. 

Lucian virou, encarando-o de frente - Fale. 

- Senhor, a mulher não tem condições de ficar no porão, seria mais indicado dar um dos quartos para ela. 

Gargalhou diante da fala preocupada. - Ora, ela te encantou não foi? Eu falei pra ela, previ que isso poderia acontecer, mas sinceramente não quis acreditar... Zeyder, Zeyder, o que acha que ela significa para mim? - antes que ele respondesse, Lucian o cortou - Nada! Onde fica ou deixa de estar, não mudará o fato de que no fim  morrerá. 

Notando o olhar chocado ele riu mais uma vez. - O quê? Acha mesmo que a libertarei? E para quê, num futuro próximo, se levantar contra mim? 

Aquiesceu - Claro Senhor, entendo… Então veja pelo lado de que enquanto isso não acontece pelo menos podemos deixá-la mais cômoda. No estado dela, aquele lugar não fará bem algum e...

- E quem disse que eu quero que ela fique bem? Eu só a quero viva pelo tempo que for necessário. - replicou a ira crescendo em suas feições. 

- Tudo bem, me perdoe pela inconveniência. - pediu percebendo que seu mestre começava a perder a paciência - Só pensei que pelo fato de ter hesitado em matá-la e logo depois ordenado que a alimentasse…  talvez optasse por mantê-la num estado, digamos, mais agradável. 

- Blá, blá, afinal o que há com você? - bradou, estranhando o comportamento do seu homem de confiança - Ela não é sua mulher, e nem carrega um filho seu! 

Curvando-se, respondeu - Nada, meu senhor, como disse só pensei que ela ficaria mais confortável num ambiente em que pelo menos desfrutasse de um banho. O senhor deve ter percebido que o sangue dela é incomum, os guardas que deixamos na porta ficaram inquietos, salivando, loucos para sentir o gosto. Quando voltei expulsei-os, após serem expostos aquele tipo de tentação, sabe-se lá o que poderiam fazer. E acima disso ela carrega um dos nossos e… - pensou rápido - Se os pais não servirem aos seus propósitos talvez o filho sirva.

Lucian ponderou após ouvir o argumento. - Eu não havia pensado nisso… Tudo bem Zeyder, pode trazê-la, mas só até termos outro local, certifique-se de que ela não veja e nem ouça nada. Aquela mulher é muito perspicaz e inteligente. Tenho a intenção de levá-la daqui, jamais traria meus inimigos para a minha porta e mantê-la conosco é como se estivesse com uma estaca apontada diretamente para o meu coração. - cruzou a sala - Não quero surpresas. E outra coisa, aquilo dentro dela nada tem haver conosco, e sim com August.

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