Névoa do Tempo

E tudo termina em festa?

"Tudo que temos decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado"

O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel.

Capítulo 19

- Filha, paciência - risos ao fundo - Sorria!

- Pai, até você está participando disso? Fala pra mamãe liberar meus olhos.

- Claro, que não! - seu pai tinha um sorriso na voz - Querida, continue mantendo os olhos dela vendados.

- Mãe, pai, eu não tenho mais dez anos de idade! - ralhou.

- Isso, nós já sabemos! - respondeu seu pai.

- A fila de rapazes aqui na porta de casa, não nos deixa esquecer.

- Mãe! - o constrangimento coloriu suas bochechas. Sua mãe gargalhou.

- Tudo pronto, amor?

- Sim querida, pode tirar a venda.

- Tem certeza? Estou gostando de mantê-la assim.

- Mãe!!!

- Tá bom, tá bom. - ela poderia jurar que sua mãe revirou os olhos.

- Filha, no três você puxa a venda, ok? - seu pai pediu.

- Arram.

A expectativa a enchia, tinha certeza que seu sangue estava lotado de cortisol, tamanha a ansiedade que sentia, mas de uma forma boa.

- Pessoal, estou criando raízes aqui!

Eles cochicharam, seu pai limpou a garganta e foi o primeiro a falar - Filha, você sabe o quanto te amamos e fazemos questão de te lembrar disso todos os dias. Em datas como essa eu e sua mãe olhamos para trás e ficamos felizes e um tanto melancólicos - riram - Pois vemos que o tempo é implacável, aquela garotinha que me chamava pra soltar pipa se tornou uma mulher excepcional e... - a voz dele falhou.

- Pai, não chore. - ela fez o movimento para tirar a venda.

- Não! - ele pediu - Querida, continue por mim, sim.

- Claro, meu bem. Filha, o que queremos dizer é... - emendou sua mãe - Que não importa quanto tempo passe, podem se passar dez, vinte, trinta anos, não importa, nós sempre estaremos aqui para você. Mesmo que o destino leve a mim ou ao seu pai, nós sempre estaremos olhando por você. Obviamente, hoje não seria diferente, aqui estamos nós, torcendo pelo seu sucesso e te desejando o melhor que o mundo pode te proporcionar.

- Feliz aniversário! - gritaram juntos.

A sua frente um automóvel, modelo esportivo prata, adornando um enorme laço vermelho, chamava sua atenção. - Mas, o quê? - ela ficou sem palavras.

- Agora você pode ir mais longe - disse seu pai - E sem gastar o solado do calçado. - completou sua mãe.

Rindo e chorando ela correu para os braços que eram seu poto seguro.

Tudo se desvanecia como a névoa da manhã, desesperada, ela insistia em se agarrar aquele pedaço de memória transformado em sonho, porém por mais que tentasse não conseguia, o toque insistente do celular a despertou completamente, Axl Rose cantava.

"Um sonho". - sua consciência respondeu a dúvida que piscou em sua mente. A realidade deu-lhe uma bofetada, e sem a luz que a lembrança lhe trouxe atendeu o telefone.

- ACOOOOOOOOOOORDA!!! - o berro de Sophie, fez com que ela sentasse rapidamente. - PARABÉNS, AMIGAAAA!!!

- Sério, que precisava me ligar ás, espera. - pausou para olhar o visor do aparelho - 06:00 da manhã?