Capítulo 1

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Decorria o ano de 1970.  Numa pequena cidade do norte de Portugal  uma família abastada vivia um dia atarefado.

Juliette de Castro e Magalhães,  filha única de Verónica e Artur de Castro e Magalhães,  completava 15 anos.

As comemorações decorreriam na mansão,  propriedade da família.

Era cozinheiros em azáfama na cozinha,  a preparar os mais diversos pratos, pessoal auxiliar a embelezar as mesas dispostas no enorme jardim, sob tendas brancas.

Nesta altura de pleno Verão as temperaturas podem chegar aos 40 graus e hoje o dia amanheceu quente.  Era preciso dar conforto aos convidados.

Havia sido convidada toda a classe nobre da cidade e arredores.

O objectivo não era só comemorar o aniversário da menina Ju, como todos carinhosamente lhe chamavam.  Na visão do pai, a filha havia completado os estudos necessários e estava em idade casadoira.

Por certo entre os nobre encontraria um filho de algum que satisfazerem as suas expectativas.  Também  não era qualquer um que lhe servia.

Juliette ainda argumentou com o pai.   Queria continuar a estudar.  O sonho dela era ser médica.

Mas a visão do pai era outra.  Mulher nasceu para servir ao marido e não outra coisa.  A mãe era um pouco mais progressista mas a sua opinião perante o pai valia zero.

Os convidados começaram a chegar. Charretes elegantes transportavam as famílias.  Quase sempre o casal com um ou dois filhos.
Mais que isso era coisa de povo.  Os pobres viviam rodeados de crianças.  Rara era a casa onde não havia pelo menos 4 ou 5 filhos todos seguidos.

Alguns dos jovens tinham a idade da menina Ju mas a maioria já eram homens de 25 ou 30 anos.  Solteirões, vá-se lá saber porquê.

Alinhada ao lado do pai Ju recebia os convidados espelhando no rosto a frustração.   Ela queria mesmo era ter ali todos os seus verdadeiros amigos.  Os colegas de liceu e os filhos dos empregados da casa com quem ela se divertia no dia a dia.

O pai manda e a filha obedece mas neste caso palpita-me que vai ser mais difícil.

A Ju em conversa com a mãe diz-lhe:

J - Eu aceito a festa com este bando de gente sem interesse, quanto a noivo?  Mãezinha, cheira-me que me vou indispor com o pai.  Eu quero um homem que eu ame e não um qualquer.

V- Filha! É sempre assim.  Nós mulheres com o tempo aprendemos a gostar.

J - Eu não quero isso para mim.

V - Não afrontes o teu pai, filha!  Pode ser pior.

J - Que seja.

Por fim chegou toda a gente.   Meu Deus que gente feia, pensou Ju.

Todos tiveram conhecimento das pretenções de Sr. Artur de Castro e Magalhães acerca do pretendente para a filha, então vinham e entregavam presentes caríssimos.
Tiaras,  colares, gargantilhas,  e pulseiras de ouro e brilhantes eram os mais comuns.  Ju olhava todos eles sem qualquer interesse.

Ela gostou mesmo foi de uma enorme boneca de trapos que os seus amigos se juntaram e lhe deram.
Os funcionários da mansão tinham-lhe dado um lindo xaile, que ela adorou, confeccionado por uma artesã local.

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