Lágrima

Capítulo 11

Os dias foram passando e tudo caminhava dentro da normalidade.

Rodolffo e a mãe estavam em casa a conversar amenamente.   Tinham terminado de jantar e como estava frio acenderam a lareira que aquecia a casa.

Batem à porta.

R - Quem será que a uma hora destas anda na rua.
Dirigiu-se à porta e abriu.  Na sua frente estava George soprando as mãos de tão frio que estava.

G - Desculpe Rodolffo mas preciso falar com vocês.

R - Entre.  Está um frio de rachar aí fora.  Veio só?

G - Sim.  Eu mesmo trouxe a charrete.

A mãe de Rodolffo levantou-se e ficou envergonhada olhando George.

G - Boa noite Mafalda.

M - Boa noite.  Chegue-se aqui para a lareira para se aquecer.  Deve estar enregelado.

G - E estou mesmo.

R - Mãe.  Vocês precisam conversar.  Vou lá para dentro.

G - Rodolffo!  Também quero falar contigo,  podes ficar.

R - Depois nós dois falamos.  Agora o assunto é só vosso.

M - Aceita um café?  Não tenho mais nada para oferecer.

G - Aceito mas trata-me por tu.  Afinal nós dois temos uma história.

M - Foi há tanto tempo.

George segurou nas mãos de Mafalda e olhou-a nos olhos.

G - Para mim foi ontem.  Leste as minhas cartas?  Acreditas que eu nunca te esqueci e só não voltei antes porque não pude?

M - Acredito, mas, passou muito tempo.  Já não somos os mesmos, temos vidas diferentes.  Não podemos recuperar o tempo perdido.

G - Pois não, mas, podemos viver o que está para vir.  Eu quero retomar a nossa relação.   Não quero ser mais teu namorado.  Quero ser teu marido e pai do nosso filho.  Só espero  que ele me aceite e tu também.

M - Não sei.  É tudo tão novo para mim.

G - Mafalda,  responde só a isto.  Ainda gostas de mim?  Porque em mim o sentimento é o mesmo.

M - Nunca deixei de te amar.

G - Então chama o Rodolffo.

R - Já aqui estou, conversaram?

G - Não havia tanto a dizer por hoje. Teremos todo o tempo do mundo para isso.  Eu só quero saber duas coisas de ti por agora.

Aceitas que eu me case com a tua mãe e te dê o meu nome?  Ainda somos novos e podemos recuperar o tempo perdido.  Se não fossem estas ideias retrógradas dos homens poderosos, poderíamos ter sido uma família feliz.

Rodolffo lembrou-se de que estava a passar pelo mesmo dilema só com a diferença de que não levaram a Ju para longe.

R - Eu entendo bem o que vocês passaram pois eu poderia estar a passar pelo mesmo e de certa forma estou.  Casem e sejam felizes e quanto a mim é só mais um nome na certidão de nascimento.  Fico feliz se a minha mãe estiver feliz.

Abracámo-nos os três.   Minha mãe chorava.  Meu pai fazia esforço para conter as lágrimas.

G - Vou ao Cartório amanhã mesmo.
Faltam uns dias para o Natal e eu quero vocês lá em casa como minha família.
Falarei com o padre António.   Ele ha-de abreviar as burocracias para que se possa realizar a cerimónia rápido.

M - Mas não tem pressa.

G - Tem porque eu não quero ouvir falatório desta gente.  Quando entrares na minha casa será como minha esposa e podes deixar o trabalho desde já.  Não precisarás mais de trabalhar.

Essa parte Rodolffo gostou pois tinha muita pena da mãe por trabalhar tanto.  Por outro lado era uma maneira de ver mais a Ju.  Não tendo a mãe lá tornava-se mais difícil.
Teria que apelar ao Rogério para ajudá-los.

George despediu-se e partiu com um sorriso no rosto.

Mafalda ficou com o mesmo sorriso e sentou-se com o filho.

M - Rodolffo!  Achas que fazemos bem em casar agora?

R - Mãe, se isso te faz feliz deixa o resto pra lá.  Já chega de vida difícil.   Já chega de trabalho.  Mereces tudo de bom e se gostas do meu pai vai em frente.

M - Tu és um filho de ouro.  O sr. Artur se te conhecesse bem mudava de opinião.

R - Ele só pensa no poder do dinheiro.  Mas vai ter que me engolir mais cedo ou mais tarde.

M - O que dizes a morar na mansão do George? 

R - Onde fores feliz eu também serei.  Mas de futuro quero ter a minha própria casa com a minha Ju.

M - Fazes  bem.  E hás-de ter com certeza.

R - Agora vamos dormir que já chega de emoções.

Mafalda  beijou o filho é cada um seguiu para o seu quarto.

Boa noite.