Capítulo 30

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Conforme havia pensado, Juliette não conseguiu adormecer.   Ficou sentada na cama e resolveu ler um livro.  Escolheu um de Júlio Dinis, a Morgadinha dos Canaviais.

Na verdade ela já tinha lido o livro mas gostou tanto da história que resolveu ler novamente.  O romance é de fácil leitura e compreensão, óptimo para ler à noite.

Já  passava das 5 horas da madrugada quando ela fechou o livro e se aconchegou debaixo dos cobertores.

Rodolffo terminou o seu turno às 8 horas da manhã. 
Saiu do hospital,  passou na padaria e comprou pão e bolos económicos, um tipo de bolos da região.

Entrou em casa passava pouco das 9 horas.  Subiu ao quarto e Juliette dormia profundamente.  Tomou café sózinho,  tentou fazer o mínimo de barulho e foi tomar um duche.

Não  a quis acordar,  então, bem devagarinho deu-lhe um beijo na testa,  deitou-se a seu lado e logo adormeceu.  Estava profundamente cansado.  A noite no hospital tinha sido bem agitada por conta de um acidente em que ficaram 8 pessoas feridas.  Felizmente não houve nenhum morto e apesar de dois dos feridos terem lesões graves, nenhum corre risco de vida.

Juliette acordou já passava das 10 horas.

J - Shiiiii!!  Dormi tanto!

Olhou para o seu marido que dormia sereno a seu lado.  Fez-lhe um afago no rosto e deu-lhe um beijo.
Rodolffo mexeu-se mas para se virar para o outro lado e continuar a dormir.

Juliette tomou um duche, vestiu-se e desceu à cozinha.
Fez café com leite.  Duas torradas, um económico e algumas uvas junto com o café foi o seu dejejum.

Saiu de casa em direcção à igreja.  A missa estava a terminar mas não deixou de fazer as suas orações.

Conversou com o padre Duarte sobre o seu regresso à instituição.
O padre Duarte contou-lhe sobre algumas ideias novas a aplicar no dia a dia das crianças.

Juliette saiu dali bem satisfeita.   Se não pudesse ser professora  numa qualquer escola, lidar com estas crianças já era muito bom.  Estava até a ponderar ficar ali a tempo inteiro.

Passou no mercado e foi comprar vegetais e alguma carne para o almoço.  Hoje queria fazer um agrado a Rodolffo.
Comprou um pato.  Iria fazer um belo arroz de pato no forno.
Juliette nunca precisou mas gostava muito de ficar na cozinha da sua casa vendo a mãe de Rodolffo cozinhar.  Com ela aprendeu muitas coisas inclusive ela fazia umas farófias divinais.
Comprou ovos também.  Ia surpreender o marido com essa iguaria.

Chegou a casa pôs o pato a estufar e foi bater as claras em neve.  Bateu à mão mesmo pois não tinha batedeira. 

J - Eita, como custa fazer crescer este negócio!

Enquanto o pato cozeu fez a sobremesa.   O creme das farófias ficou muito bom.  Parecia veludo.

Retirou o pato para desfiar e fazer o arroz.

Colocou o tabuleiro no forno e foi espreitar o Rodolffo.   Ainda dormia.
Desceu novamente,  ia deixá-lo dormir mais um pouco.

Deitou-se no sofá depois de por a mesa e por momentos cochilou.
Acordou assustada e foi espreitar o forno.
Estava tudo bem graças a Deus.  Mais 5 minutos e o arroz virava carvão, mas estava douradinho como devia ser.  Desligou o forno e deixou a porta semiaberta.

Ia voltar para o sofá quando ouviu atrás de si:

R - Uhmmm, que cheirinho gostoso!

J - Ai amor assustaste-me!

Rodolffo passou os braços na cintura de Ju e beijou-a abraçando-a fortemente de seguida.

R - Desculpa, não tive essa intenção.
Mas o cheiro está bom.  O que é?
Tem cheiro de mãe.

J - Espero que esteja tão gostoso como o da tua mãe.   Aprendi com ela.  Arroz de pato.

R - Se o cheiro me lembrou dela, o sabor deve estar bom.
Não sabia que cozinhavas!

J - Não sei fazer tudo mas algumas coisas faço e bem.  E tem sobremesa surpresa.  Não vale ir espreitar.

Como foi lá no hospital?

R - Foi trabalhoso mas correu bem.
Vamos almoçar que este cheiro abriu-me o apetite.

J - Eu fiz sumo de laranja ou preferes vinho?

R - Pode ser sumo.  Hoje não quero vinho.

Os dois almoçaram e Rodolffo não se cansava de elogiar Ju.  Quando veio a sobremesa arregalou os olhos pois era a sua preferida.

R - Ju fizeste isto tudo sózinha?  De certeza não tiveste ajuda?

Juliette fez bico por ele ter duvidado das capacidades dela.  Ficou bem amuada.

Rodolffo levantou-se,  puxou  a cadeira para o lado dela e abraçou-a dando-lhe muitos beijinhos.

R - Desculpa amor.  Mas tu, menina rica com um monte de empregadas nunca pensei sequer que alguma vez pegasses numa panela.
Às vezes via-te na cozinha mas nunca te vi a fazer nada.

J - A observar também se aprende.  Não sabia que me achavas assim tão fútil.

R - Não foi isso que eu disse.  Vá lá serve-me lá essa delícia.

J - Serve tu.  Estou magoada e agora lavas a loiça.

Juliette levantou-se e deixou Rodolffo a comer as farófias sózinho.
Não podia desperdiçar tal delícia.  Depois vou lá, pensou.

Terminou de comer, levantou a mesa e lavou a loiça.  Não porque ela mandou, mas, porque em sua casa já era hábito fazer pois a sua mãe trabalhava todo dia. 
Agora não seria diferente.  Dividir as tarefas com a esposa embora muito poucos homens fizessem isso.

Verificou se a cozinha estava bem arrumada e foi à procura de Ju.  Encontrou-a no quarto.  Tinha acabado de fazer a cama e dobrava uma roupa.

R - Amor não fiques brava comigo.  Foi sem intenção.

Abracei-a e caímos os dois na cama.  Fiquei por cima dela fazendo cócegas até ela rir.  Ela conseguiu ficar por cima de mim e foi a hora da vingança.
Enquanto ela só tinha cócegas em alguns sítios eu tinha em quase todo o corpo.

R - Ju pára!  Acabei de almoçar um banquete feito pela mulher mais gostosa.

Ela parou e deitou-se sobre o meu peito.  Beijou os meus lábios e soltou um
- Eu amo-te.

R - Também te amo muito.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora