Capítulo 31

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A vida seguia sem muitas novidades.  Rodolffo estava cada vez mais embrenhado no trabalho no hospital e Juliette na associação.

O tempo que passavam juntos era muito pouco.  Apenas quando Rodolffo tinha plantão diurno podiam ter um tempinho à noite só deles.  Isso estava a deixar Juliette e estressada e mal humorada.

Há dias que ela acordava enjoada e com ligeiras tonturas, no entanto não tinha dito nada a Rodolffo.   Normalmente passava rápido.

Já desconfiando do que poderia ser, hoje dirigiu-se ao hospital e pediu uma consulta.
Poderia ter aproveitado que Rodolffo estava de plantão mas preferiu ir sózinha.

Após ser consultada foi com a enfermeira para colher uma amostra de sangue para analisar.

Enf- Sra. Juliette pode esperar na sala de espera.  Dentro de 30 minutos deve sair o resultado.

Juliette estava entretida a ler um livro enquanto esperava e nem viu a figura que acabara de entrar.

Cátia entrou, dirigiu-se ao balcão de atendimento e questionou a funcionária sobre qualquer coisa.

Avistou Juliette e foi ter com ela.

C - Bom dia Juliette.   Por aqui, está doente?

J - Não.   Vim acompanhar uma amiga que está lá dentro.  E a Cátia veio fazer alguma consulta?

C - Não.  Vim só conversar com um amigo.  Estou à espera dele para tomar um café.

J - Lugar estranho para tomar café com amigos, não?

C - É.  Mas ele está de serviço aqui.  Estou à espera da pausa dele.  Aliás já vou indo pois ele está noutro sector.

Cátia saiu e Juliette ficou com a pulga atrás da orelha.  Chegou ao guiché e perguntou em que sector estava o Dr. Rodolffo Amorim.

- Na ala 3.  Interessante, é a segunda pessoa a perguntar em pouco tempo.

Fui chamada ao gabinete da médica e tal como eu desconfiava as análises diziam tudo.

Dra - A  Juliette está grávida de 2 meses.

Chorei com a notícia.  A médica tentou consolar-me e explicar que um filho é uma bênção.  Eu disse a ela que o meu choro é de felicidade.

Saí dali e não sabia se ia contar a Rodolffo ou esperar ele chegar a casa.
Alguma coisa me dizia para o procurar.

Segui até à ala 3 e perguntei a uma enfermeira que encontrei se sabia qual era a sala dele.

- Sala 5 deste corredor, mas de momento acho que está na pausa dele.  Concerteza está na cafetaria.
Continue este corredor até ao final e no exterior está a cafetaria.

Assim fiz.  Ao chegar ao final do corredor uma porta de vidro enorme permitia ver a esplanada da cafetaria.

Numa mesa de canto lá estava Rodolffo e a lambisgoia.   Senti um calor subir por mim acima que não fosse o local onde estava tinha armado barraco.

Resolvi voltar para trás e ir embora.
Nesse dia não fui à associação.
A raiva que sentia era tanta que seria uma má presença para as crianças.
Será que eles já se encontraram outras vezes?  Será que há algo entre eles?

Todas estas dúvidas vieram à tona acrescido ao facto de estar sensível por causa da gravidez.
Chorei por um bom par de horas até adormecer no sofá.

Eram 18 horas Rodolffo entrou em casa e encontra Juliette a dormir no sofá.   Não era habitual.

R - Ju acorda!  Porque estás a dormir a estas horas?

Juliette acordou e Rodolffo reparou nos olhos vermelhos e inchados.

R - Que foi amor, porque choraste?

J - Eu não chorei.  Estou cansada.

Rodolffo quis abraçá-la mas ela afastou-o.

J - Vou preparar o jantar.

R - Ju, eu conheço-te bem.  Tem alguma coisa que não está bem.
Foi na associação?  Aconteceu algo que te fez chorar?  Alguma amiga tua não está bem?

J - Não fui à associação hoje.

Rodolffo sabia que ela tinha estado no hospital mas queria que ela contasse porquê.   Cátia havia comentado que a tinha visto na sala de espera.

Quando terminou a pausa do café com Cátia ainda foi à procura dela nas já tinha ido embora.  Pediu informação no guiché se havia alguma consulta em nome dela e a funcionária deu-lhe o nome da colega que a atendeu.  
Entretanto estava na hora das suas consultas e não teve tempo de ir falar com a médica.

R - Não me queres contar o que se passou?  Não me achas merecedor dos teus segredos?

J - Os teus devem dar-te trabalho suficiente não precisas de te preocupares com os meus.

R - Eu não tenho segredos para ti.

J - Eu vi que não tens.  Mas não quero discutir sobre esse assunto.  Vai tomar banho e deixa-me fazer o jantar.

R - Vou tomar banho mas depois vamos falar sim.  Temos alguns assuntos a esclarecer e resolver.

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