Capítulo 9

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Rodolffo e Juliette encontraram-se na igreja no final da Eucaristia.   Padre António conduziu-os à residência paroquial que ladeava a igreja.  Ali ficariam lives de olhares maldosos.

Conversaram os três.  Juliette ficou admirada.  Parecia que padre António já estava ao corrente de tudo.

Depois da conversa Juliette saiu primeiro deixando Rodolffo mais um pouco com o padre.  Contou-lhe alguns medos e ficou aliviado pois o padre conseguiu tranquilizá-lo.

Pá- Tem fé meu amigo.  Muitas coisas boas estão destinadas aos dois.

R - Obrigado.  Sinto-me mais leve.  Conte comigo.

Rodolffo ia a sair e deu de caras com George Amorim que vinha também falar ao padre.

G - Bom dia. Prazer em revê-lo.

R - Bom dia. O prazer é meu.

G - Aproveitando a ocasião queria convidá-lo para um Porto lá na minha casa.  Gostaria de saber mais desta cidade e saber como os jovens se divertem aqui.
Se puder ser hoje à tarde ficarei grato.

R - Pode ser, sim.  Passo lá pelas 16 horas.

G - Obrigado. Estarei aguardando.

Já que os padres sabem tudo o que se passa na paróquia, nada melhor que ir falar com o padre para ter as informações que eu preciso.

Ele já desconfiava que Rodolffo pudesse ser seu filho mas precisava ter a certeza.
Será que Mafalda casou? Será que o filho é de outro?

~~~
Quando o seu pai o obrigou a partir ele não teve tempo de se despedir.
Escreveu várias cartas mas nunca obteve resposta nenhuma.

O seu pai adoeceu é fê-lo prometer nunca o abandonar.  E foi o que aconteceu até ao acidente em que os dois morreram.  A partir desse dia sentiu-se perdido e sózinho até que teve coragem para regressar.

Ontem foi até ao edifício dos correios e lá encontrou o antigo funcionário.  Interrogou-o sobre terem ou não chegado as cartas dele.

O homem muito a custo lá foi contando que na véspera de ir embora o seu pai lhe tinha dado uma grande quantia para que nenhuma carta fosse entregue.  Desculpando-se, o homem pediu para esperar um pouco e alguns minutos depois surge com uma caixa de sapatos onde tinha todas as cartas recebidas.

George segurou na caixa e saiu.

~~~

Entrou para falar com o padre saiu com um sorriso na cara.  A sua Mafalda nunca casou, então Rodolffo é seu filho.

Rodolffo chegou a casa de George na hora combinada.

Uma mesa estava posta com algumas iguarias.

Os dois conversaram sobre vários assuntos.  George contou que nasceu ali mas teve que partir.   Não se alongou muito sobre o motivo.

Rodolffo  contou da sua infância,  a falta do pai mas que sua mãe sempre fez tudo para que nada lhe faltasse.

George questionou se ele sabia algo sobre o pai mas Rodolffo disse que a mãe nunca quis falar do assunto.

George disse que conheceu Mafalda quando jovem e que os dois eram amigos.   Rodolffo ficou com a pulga atrás da orelha.
Os dois se conheceram, este convite, esta simpatia toda,  ahhh tem alguma coisa estranha,  pensou para si.

Já eram 19 horas quando Rodolffo se despediu para ir embora.

G - Já é tarde.  Vou mandar uma charrrete para te levar e vou pedir-te um favor.
Este saco contém uma coisa que pertence à tua mãe.   Ela saberá o que fazer com isso.  Se te quiser dizer está na mão dela.

Espero poder contar com a tua amizade e com a tua presença aqui em casa sempre que quiseres.

Demos um abraço e subi para a charrete.  A meio do caminho espreito para dentro do saco e vejo uma caixa.
Guardo a curiosidade para depois.  Como ele disse, se a minha mãe me quiser contar.

Em casa, a minha mãe terminava o jantar.

M - Onde estiveste Rodolffo?

Ela colocou o meu jantar no prato enquanto eu explicava onde estive.
A cada explicação sentia que ela ficava nervosa.

R - A propósito, o senhor George mandou entregar-te este saco.

Ela abriu o saco, levantou a tampa da caixa, olhou para mim e disse:

M - Vou lá para o meu quarto.  Vai jantando.

Mafalda entrou e fechou a porta do quarto.  Tirou a caixa do saco e por cima das cartas estava um bilhete.

Mafalda

Quando nos separaram há tantos sem me darem hipótese de me despedir, jurei que te ia escrever e pedir para me esperares.  Eu voltaria assim que pudesse só não contava que demorasse tanto.
Nunca te esqueci.  Não casei, não por falta de oportunidade mas porque o meu amor por ti não deixava.  Estiveste sempre no meu pensamento nos bons e maus momentos.
Conheci o Rodolffo.   Tenho a certeza que é meu filho pois sei que também não casaste.  Não lhe disse nada.  Tenho medo da tua e da reacção dele.  Não quero ser rejeitado, quero pelo menos ter a vossa amizade, se não puder ter mais nada.

Temos que conversar se tu quiseres.  Eu quero muito.

Com saudade
George

Mafalda chorava e abria as cartas que lia uma a uma.

Rodolffo estranhou a demora da mãe.  Já tinha terminado o jantar e ela não retornou.

Levantou-se e bateu na porta do quarto, chamando-a.

M - Entra filho.

R - A chorar mãe!  Que foi?  Que cartas são essas?

Mafalda entregou o bilhete a Rodolffo que o leu imediatamente.
Olhou para ela, abraçou-a e não conseguiu falar nada.

Na cabeça dele as atitudes de George agora faziam sentido.

Ficaram assim durante largos minutos.

R - Quando estiveres bem conversamos, disse ele, e saiu.

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