Capítulo 3

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Juliette subiu rápidamente as escadas até ao seu quarto.  Pegou no buquê,  cheirou as flores e rodopiou sobre si mesma abraçada ao mesmo
ao som de uma valsa que tocava só na sua cabeça.

Abriu o bilhete e leu:

Meu amor

Como eu gostaria de dar-te estas flores e muito mais pessoalmente.  Como eu gostaria de poder contar a todos o quanto eu te amo.
Como eu gostaria de pegar na tua mão e levar-te para onde ninguém nos impedisse de estar juntos.

Eu sei que muitos espinhos esperam a nossa caminhada.  Teu pai jamais me aceitará pois não tenho um tostão mas prometo lutar contra o Mundo para ficarmos juntos.  Vamos enfrentar muitos desafios.  Eu vou para o Porto mas se Deus permitir e tu quiseres esperar por mim, os dias felizes logo chegarão.

Feliz aniversário meu amor.
Um beijo.

Teu Rodolffo.

Juliette beijou o bilhete e guardou-o no fundo do guarda jóias.

Guardou as flores e desceu para o jardim pois o seu pai já a procurava.

Mafalda saiu por um momento afim de levar a cesta que  a Ju tinha preparado para Rodolffo.  A sua casa era próxima, ninguém daria por sua falta.

Rodolffo estava sentado no quarto com um livro de ciências na mão.

M - Rodolffo! Olha o que a menina Ju mandou para ti!

Ao ouvir aquele nome imediatamente largou o livro e pegou na cesta.

R - Uhmmm!  Só coisas gostosas.  Obrigado mãe.   Agradece à Ju.  Como ela está?

M - Conformada com a festa.  Não era o que queria, mas, o pai tem outros propósitos. Mafalda também não sabia da relação amorosa dos dois.  Sempre os viu quase como irmãos.

R - Que propósitos?

M - Um noivo para Juliette.

R - Nunca!  Nós dois vamos ficar juntos.

M - Que conversa é essa, meu filho?  Tu e a menina?

R - Sim mãe.   Eu e a Ju gostamos um do outro e namoramos.  Ela não vai ter outro noivo.

M - Meu filho!  Não deixes o patrão saber disso.  Deus sabe do que ele é capaz.

R - Ele que nem sonhe afastar-me da Ju.

M - Filho, tenho que regressar ao trabalho. Juízo.

A minha mãe saiu e apressei-me a ler o bilhete da Ju.

Meu amor.

A festa está tão sem graça.  Este monte de gente que eu nem conheço.  Eu só queria os meus amigos e principalmente tu, aqui.

Não te preocupes se ouvires dizer que o meu pai anda a escolher um noivo para mim.  Eu sou tua e só tua.  Esperarei o quanto for necessário para ficar contigo.

Aproveita estes petiscos e o meu bolinho.

Amo-te muito.

Tua Ju.

Rodolffo guardou o bilhete sentindo-se amado.  Ela estava na mesma sintonia dele.

Pegou no bolo de aniversário e deliciou-se.

A Juliette regressou ao jardim e encontrou o seu primo Rogério.  O tal meio doidinho.  Já se tinham visto numa outra ocasião e até gostavam de conversar um com o outro.

Os pais de ambos ficaram observando.

Artur de Magalhães e seu irmão eram possuidores de uma enorme fortuna e já noutros tempos cogitaram casar os filhos para que a mesma não se dispersasse.
Como dizem, fica tudo em família.

Combinaram em conversar depois sobre o assunto.

O pai de Rogério achava o filho um palerma, incapaz de arranjar uma esposa para que os netos continuassem o nome da família.   Viu neste compromisso com a sobrinha a oportunidade até de aumentar o património.

A festa foi dada por terminada e um a um os convidados foram saindo.

Sobrou o Rogério e os pais.

Na despedida Paulo de Magalhães aproveitou e convidou o irmão e família para um jantar na sua propriedade durante o mês seguinte.

Artur logo confirmou a presença de todos.

Juliette nem desconfiava a tramóia que estava sendo orquestrada em relação a ela.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora