Passavam dias, passavam semanas e Juliette um dia estava bem e no outro insuportável.
Eu tinha começado a trabalhar no hospital. Por vezes fazia 2 turnos seguidos já que havia falta de médicos.
Nem sempre tinha hipótese de estar com ela. Por vezes passava quase uma semana sem vê-la.
Hoje e amanhã estou de folga. Vou tentar dar-lhe um pouco de atenção.
Dormi até à hora do almoço, almocei e segui para casa dela.
Conversei um pouco com a mãe que encontrei na entrada.
V - Ela está no quarto. Esta semana tem sido difícil sem ti. Julga que a abandonaste, que já não gostas dela.
R - Mas eu tenho tido tanto trabalho. Fica difícil vir aqui.
V - Eu sei meu filho. Obrigada pelo esforço que tens feito.
Rodolffo deixou a dona Verónica na cozinha e subiu até ao quarto de Juliette.
Estava sentada à janela olhando para o horizonte. Nem percebeu quando ele abriu a porta e entrou.
R - Boa tarde. Vamos passear dona Juliette. Está uma tarde linda demais para ficares aqui fechada.
J - Oh! Não ouvi tu chegares.
R - Nem podias! Estás aí a olhar não sei para onde e a pensar na morte da bezerra. Vamos sair.
J - Pensei que não me querias ver. Tantos dias sem noticias. Eu estou a ficar chata né?
R - Não estás a ficar, sempre foste. Brincadeiraaaaaa. Eu agora trabalho. Não tenho tanto tempo disponível, entendes?
J - Sim. Mas estou tão sózinha.
R - Porque te refugias aqui. Tens que sair, ver pessoas. Faz qualquer coisa útil. Distrai a mente.
Anda lá, vamos fazer qualquer coisa. Nem se seja só caminhar à beira rio.Os dois saíram para a beira rio. Rodolffo agora médico no Hospital era reconhecido por muita gente. Durante a caminhada cruzaram-se com vários pacientes dele que paravam para o cumprimentar.
Novos, velhos, crianças e jovens.Ele era sempre atencioso com toda a gente e uma vez por outra o cumprimento estendia-se a uma conversa mais longa.
Nestes casos Juliette afastava-se um pouco deles.
Quem encontraram nesse passeio foi a Cátia. A arquitecta que Rodolffo conheceu na igreja. Já se tinham visto novamente no hospital pois Cátia desenvolveu uma bronquite e precisou fazer tratamento.
C - Boa tarde doutor! Como vai?
R - Boa tarde Cátia. Vou bem obrigado. E essa bronquite?
C - Felizmente estou livre dela.
Juliette desta vez não se afastou. Rodolffo apresentou-a como amiga o que a deixou com o semblante fechado.
R - Já conseguiu emprego Cátia?
C - Ainda não. Estou a considerar ir falar com o seu pai para me dar uma indicação. Está difícil e eu não queria voltar para Lisboa. Acho que estou apaixonada por Bragança apesar do pouco tempo aqui.
Já vou indo. Não quero atrapalhar. Boa tarde.
R - Até à próxima Cátia.
Seguiram caminhos diferentes enquanto Juliette murmurava "apaixonada por Bragança. Sei"
R - Disseste alguma coisa?
J - Não. Aqui a tua amiga não disse nada.
Rodolffo parou, ficou de frente para Juliette, segurou-lhe nas mãos e disse:
R - Como é que te apresentava, senão como amiga? Não és tu que dizes que já não há nós?
J - E porque é que ainda me visitas e sais comigo?
R - Porque gosto de ti, sou teu amigo, sei que não estás bem e quero ajudar.
J - Gostas da Cátia? Ela não está apaixonada por Bragança mas por ti.
R - Deixa de bobagem. A Cátia é uma conhecida que eu tratei no hospital.
J - E bonita. Eu quero ir embora.
R - Ainda é cedo. Vamos andar mais um pouco e depois vamos tomar um chá com uma fatia de bolo lá naquela pastelaria que nós íamos quando andávamos no liceu.
Lembras-te? Naquela altura a minha mãe fazia um sacrifício enorme durante a semana para juntar dinheiro para eu acompanhar com vocês todos. Ainda bem que era só uma vez por semana.J - Lembro. Aí eu era tão feliz.
R - E vais voltar a ser. Só tens que querer ficar bem.
A tarde terminou bem. Juliette ficou com ciúmes da Cátia mas eu consegui desviar-lhe os pensamentos para outros assuntos.
Voltámos para casa. Combinámos sair no dia seguinte à mesma hora.
Juliette pediu à mãe para eu ir lá almoçar. Ela consentiu e eu aceitei.Antes de ir embora ela pediu para eu subir ao seu quarto. Queria mostrar-me algo.
Subimos e fomos para a varanda do quarto. Sentámo-nos no sofá e ela segurou no meu rosto.
J - Eu quero ser outra vez tua namorada.
Abracei-a e beijei-a com paixão. Senti-a frágil nos meus braços. Ela tremia.
R - Eih! O que foi? Estás a tremer porquê? Eu nunca deixei de ser o teu namorado. Tu é que não me querias. Mas estou muito feliz agora.
J - Eu vou melhorar rápido. Eu prometo.
R - Vais concerteza. Com calma. Só não te podes fechar neste quarto. O mundo acontece lá fora.
R - O teu pai está cá? Achas que ele amanhã almoça connosco? Eu preciso de pedir licença para te namorar.
J - Acho que está sim. Vais fazer isso?
R - Vou. Não é o normal? Quero poder andar por aí contigo mas de mão dada sem medo nem julgamentos apesar de que o teu pai mudou da àgua pró vinho. Aquele homem arrogante, retrógrado e soberbo desapareceu.
Nunca em outros tempos ele permitiria que nós saíssemos juntos.J - É verdade. E só por isso eu já não tenho raiva do que fizeram com ele.
R - Então, eu estou perdoado por ser conivente?
J - Tu não. Só o teu pai e o Rogério.
Abracei-a e senti-me tão bem. Há muito tempo não via a Ju falar deste assunto. Tenho esperança de que em breve tudo voltará ao normal com ela.
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Lágrima
Fanfiction《Cheia de penas cheia de penas me deito e com mais penas com mais penas me levanto No meu peito já me ficou no meu peito esse jeito o jeito de te querer tanto ..... Se eu soubesse se eu soubesse que morre...