Capítulo 2

83 9 3
                                    

Rodolffo Abrantes, filho único de Mafalda Abrantes, nunca conheceu o pai.

Mafalda ainda jovem apaixonou-se por um nobre da região.  Viviam uma paixão avassaladora até que esta foi descoberta pelo pai do jovem.

Ao descobrir a paixão do filho pela moça pobre tratou logo de o levar para longe.  Mafalda nunca mais teve notícias nem do seu paradeiro. 
A família toda abandonou a região.   Constou-se que embarcaram num navio rumo ao Brasil mas a certeza ninguém tinha.

As propriedades da família mantêm-se.  Nunca mais se viu gente por aqui excepto o caseiro que trata da manutenção da propriedade.   Questionado sobre o paradeiro do patrão diz que não sabe.  Apenas recebe todos os meses um salário para manter a propriedade e o mesmo é remetido por um advogado de Lisboa.

Mafalda ficou só e grávida.  Foi expulsa da casa dos pais e valeu-lhe uma prima que a acolheu, porém quis ter o seu filho e recusou deixar o lugar onde cresceu e onde encontrou o amor.

Com muita dificuldade criou o menino.  Rodolffo cresceu sem pai mas com muito amor de mãe.

Estudou no melhor colégio pois como bom aluno conseguiu uma bolsa de estudo.  Agora após terminar o liceu queria cursar direito.

Rofolffo e Juliette conhecem-se desde sempre.
Mafalda foi trabalhar para casa dos Magalhães tinha Rodolffo 2 anos, precisamente quando Ju nasceu.
Dona Verónica gostou dela e contratou-a para ajudá-la com a menina.

Rodolffo frequentava a casa mas nunca passou da cozinha no entanto  as duas crianças sempre frequentaram as mesmas escolas.  Dona Verónica, escondida do marido,  sempre ajudou Mafalda para que o Rodolffo tivesse uma educação boa.

Os dois jovens eram apaixonados um pelo outro no entanto em público nunca o demonstraram por medo de reacção de Artur de Magalhães, pai da Ju.

Hoje era um mau dia para Rodolffo.  A sua Ju fazia a sua festa de aniversario e ele nem os parabéns lhe conseguiu dar.

Pediu ajuda à sua mãe mas ela pouco podia fazer.

Aborrecido  foi caminhar pelo campo.  Deitou-se à sombra de uma àrvore e olhava o céu.
Pensava na vida mas as perspectivas não eram boas.

Seguia o sonho de ser advogado e teria que partir para estudar no Porto ou ficava e abdicava do sonho para ficar perto dela.

Mas ficar como se ele nem uma profissão tinha? E partir também era doloroso.   Ainda pensou que ela tivesse convencido o pai a deixá-la ser médica e então ela teria que ir também para o Porto ou para Coimbra.

Olhou ao seu redor para o campo florido e resolveu colher algumas flores para levar à Ju.

Escreveu um pequeno bilhete e pediu à mãe que lhe entregasse.  A mãe como não tinha acesso ao reservado da festa deixou o buquê em cima da cama da Ju.

Ele a pensar nela e ela a pensar nele.

Juliette já a festa decorria há horas,  estava deveras aborrecida.  Não tinha conseguido ver o Rodolffo.  Precisava de comunicar com ele.

Preparou uma cesta com vários bolos,  biscoitos, frutas e outras coisas da sua festa.  Juntou uma fatia do seu bolo de aniversário,  escreveu um bilhete a Rodolffo e foi entregar a Mafalda para lhe levar.

M - Obrigada menina Ju.  Tem uma coisa lá no seu quarto em cima da cama.  Muitos parabéns.

Enquanto os dois sofriam,  o pai da Ju analisava os vários candidatos a genro.

Quesitos principais: solteiro de  família nobre, independentemente do carácter e  com património elevado.

Já tinha seleccionado alguns incluindo um sobrinho seu, um pouco doidinho e que aos 27 anos nunca lhe foi conhecida nenhuma namorada.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora