Capítulo 32

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Rodolffo subiu para tomar banho e Juliette continuou a fazer o jantar.  As lágrimas corriam pelas faces e foi assim que o marido a encontrou quando desceu.

Rodolffo pegou na mão da Ju e levou-a para a sala.
Sentaram-se ambos no sofá frente a frente.
Rodolffo secou-lhe as lágrimas com a mão e falou.

R - Pára de ser criança e conta-me o que se passa.
Começa por me dizeres o que foste fazer ao hospital.

J - Fui acompanhar uma amiga da associação.  E como sabes que fui ao hospital?

R - Sabendo.  Mas desde quando tu mentes?  Eu sei que foste consultada e só não consegui saber porquê,  porque estava atrasado para as minhas consultas.   Quando terminei a médica que te atendeu já tinha saído. 
Se estás com algum problema porque não disseste?  Eu sou médico.   Acaso não confias no teu marido?

J - Já não sei.  Eu vi-te no hospital com aquela lambisgoia da Cátia.  Ela ainda debochou de mim que ia tomar café com um amigo.
Que amizade é essa que permite que uma mulher vá ter contigo ao teu local de trabalho?  E a conversa devia estar boa.  Os dois estavam bem animados.

R - Foi a Cátia que me disse que te viu lá e que tinhas ido acompanhar uma amiga, mas eu não acreditei.
Se nos viste porque não foste ter comigo? 

J - Vocês pareciam bem íntimos.   Não quis estragar o arranjinho.

R - Estás a ouvir o que estás a dizer? Estás a tirar conclusões precipitadas.
Eu não tenho nada com a Cátia e foi a primeira vez que tomámos café juntos.

Eu percebi a malícia dela mas afirmei-lhe que era um homem casado e que amo a minha mulher.

J - Vês eu tinha razão de não gostar dela.

R - Gosto que tenhas ciúmes.   Ficas bonita zangada.  Mas eu não te quero zangada.  Agora vem cá dar um beijo ao teu marido.

Rodolffo puxou Ju para o colo e iniciaram um beijo.

R - Agora outro assunto mais importante.   O que foste fazer ao hospital?  E não enroles porque eu vou saber na mesma quando falar com a minha colega.

Juliette pegou na mão da Rodolffo e colocou-a sobre a barriga.  Olhou para ele e já chorava novamente.

Rodolffo arregalou os olhos e naquele momento nada mais interessava.

R - Sério?  Vem aí a nossa menininha?

Juliette fez que sim com a cabeça e recebeu um beijo e um abraço apertado.

J - Há dias que acordava um pouco enjoada e tonta.  Eu suspeitava mas queria ter a certeza antes de te dizer.

R - Amor, sou o homem mais feliz desta terra.  Vamos contar aos nossos pais.

J - Ainda não.   Só estou grávida de 2 meses, esperemos mais um mês.

R - Está bem.  Como quiseres.  E estás bem?  O que disse a minha colega?

J - Tenho que fazer outros exames.  Pediu para marcar consulta com o obstetra.

R - Podes deixar que eu trato disso.  O obstetra do hospital é um gato por isso eu vou estar nas consultas todas.
Todas as enfermeiras são apaixonadas por ele.

J - Então porta-te bem.  Quem sabe eu me junto com elas.

R - Minha arengueira gravidíssima.
Eu te amo muito, muito.  Já podemos começar a decorar o quarto da Constança.

J - Que Constança?

R - A nossa filha.  Não gostas do nome?  Foi o primeiro que me veio à ideia.

J - Até gostei mas temos tempo para escolher nome e decorar o quarto.  Não sejas apressado homem.

R - Ju, eu queria uma coisa agora!

J - Pede.  O que queres?  Sem safadeza.

R - Jantar.  Estou a morrer de fome.

Gargalhámos os dois e fomos para a cozinha terminar o jantar e por a mesa.

Ju estava de frente para a bancada.  Eu por trás dela coloquei as duas mãos na sua barriga e beijáva-lhe o pescoço.

R - Ju, não é melhor arranjar alguém para te ajudar nas tarefas domésticas?  Agora tens que te cuidar.

J - Por enquanto não.   Gravidez não é doença e o sr. doutor devia saber disso.

R - Eu sei Ju.  Só quero ajudar.

J - Então ajude a levar o jantar para a mesa e uma coisa muito importante, ajude a ficar longe das lambisgoias assanhadas.

R - Sim mamã linda.

Terminámos o jantar e ficámos boa parte da noite a fazer planos para o nosso bébé que o Rodolffo teima em chamar de Constança.  Eu gostei do nome mas vou-me fazer de difícil.

J - Eu gosto mais de Florência.

R - Nem na próxima encarnação a minha filha se chamará Florência.

J - O que tens contra este nome?  Pode ser então  Marcelina, Quitéria, Zulmira, Encarnação,  Perpétua e outros mais que tenho na ideia.

R - Ju estás a mangar comigo?  Não é possível quereres um nome desses para a tua filha.  Toda a pessoa que tem esses nomes deveria processar os pais.
Eu quero Constança.  É nome de realeza.

J - Constança a nossa princesa.  Aceito mas fica combinado que no próximo eu escolho o nome.

R - Agora sim fiquei entusiasmado.   No próximo?  Quer dizer que a nossa vida vai ser animada.

J - Te aquieta homem.  Tu não levas nada a sério.  O próximo ainda vem muito distante.

Abracei a Ju, peguei-a no colo e fomos para o quarto.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora