Rogério foi convocado à presença de Artur de Magalhães. Ficou sem entender nada e ainda por cima não teve oportunidade de conversar com Juliette.
A - Quero explicações para este noivado de vocês. Juliette veio dizer que os dois gostam de outras pessoas e se sentem forçados a casar.
A - Sim. Disse que gostava do Rodolffo e tu de outra pessoa. Que estavam sendo forçados.
Rg - E não é meu tio? Não foi o senhor e meu pai que combinaram o casamento sem ao menos nos consultarem? Não foram os senhores que nos impuseram esta situação? Que escolha teve a Ju? Eu gosto da minha prima mas se tiver escolha não caso com ela e ela também não.
A - Mulheres têm obrigação de respeitar a vontade do pai e do marido.
Rg - Sendo infelizes toda a vida. Os tempos estão a mudar meu tio. Essas ideias senhoriais já não estão a resultar. Mulheres também têm vontade.
A - Vais voltar com a palavra dada ao teu pai e ao teu tio?
Rg - Vou cumpri-la se for da vontade da Ju mas informo o meu tio desde já que o nosso casamento a ser realizado nunca será consumado. Viveremos como marido e mulher mas não seremos marido e mulher.
Não espere frutos deste casamento pois não os terá.A - Não devia ter aceite a proposta do meu irmão. Devia ter arranjado outro noivo para a minha filha.
Rg - E mandá-la para o cativeiro que são esses casamentos de conveniência! Pois agora não se atreva. Caso arranje outro noivo, que a Ju não queira, direi aos quatro ventos que o noivo sou eu. Ainda bem que o noivado não foi anunciado.
Meu tio! Deixe a minha prima ser feliz com quem ela escolher.
Agora vou indo. Tenha um bom dia.Rogério abriu a porta e saiu encontrando a Ju a escutar. Segurou-lhe na mão e correram para o jardim.
J - Primo! Tiveste coragem de dizer aquilo tudo. Meu pai está furioso.
Rg - A mesma coragem que tu tiveste. Nunca pensei ver-te enfrentar o senhor Artur de Magalhães.
J - É. E agora estou de castigo. Não posso sair. Vai falar com o Rodolffo. Não sei o que o meu pai vai fazer a seguir.
Conta-lhe o que aconteceu. Logo que eu possa vou encontrá-lo.Rg - Eu vou assim que sair daqui. Volto daqui a dois dias para ver se ele está mais calmo e já te deixa sair.
Rogério foi embora e Juliette permaneceu no jardim. Sua mãe veio falar com ela mas pouco ajudava. Ela estava resignada. Entrou num casamento arranjado e aprendeu a ultrapassar tudo sem contestar. Havia sido criada assim. Juliette não. Ela não aceitava não ser dona da sua vontade. Era contestatária.
Contava que desta vez também fizesse prevalecer a sua palavra. Agora que tinha exposto a sua vontade iria lutar pelo seu amor.Foi chamada novamente por seu pai.
A - Juliette, não gosto de ser contrariado e muito menos enganado. O que tu e teu primo fizeram é afrontoso. Estou tentado a arranjar-te outro noivo.
J - Pai. Eu não me casarei com ninguém arranjado por si. Prefiro cair em desgraça.
E continuo a querer estudar para ser professora. Se meu pai não deixar eu tirarei o curso quando atingir a maioridade.Se queres estudar vais para um colégio interno de freiras. Lembra-te que ficarás lá até terminares os estudos.
J - Prefiro essa prisão à do casamento arranjado. Onde é esse colégio?
A - Em Miranda do Douro, fronteira com Espanha.
J - Quem sabe não fujo para Espanha.
A - Juliette, pára de me afrontar!
Eu não quero ser duro contigo.J - Ainda mais?
A - Queres mesmo ir para o colégio?
J - As alternativas são péssimas. Eu vou até completar 21 anos.
A - Como assim, até completar 21 anos?
J - Sim meu pai. No mesmo dia eu abandono o colégio e vou viver a minha vida com Rodolffo.
Juliette deixou o pai no escritório e foi até ao seu quarto escrever uma carta a Rodolffo. Iriam estar afastados mas pelo menos ela iria estudar. Talvez o tempo passasse rápido.
Artur de Magalhães ficou no escritório assimilando tudo o que tinha ouvido.
Quando é que Juliette se tornou tão rebelde, incapaz de acatar uma ordem do pai.É minha única filha. Será que estou a agir correctamente, pensou.
Como vou conviver com a mãe dela depois de as separar por anos. São 6 até os 21.Serviu-se de uma bebida e puxou de um charuto. Ali ficou tentando perceber onde isto os levava. A verdade é que também ele ia sentir muito a falta dela. Não era um pai que demonstraste muito afecto mas amava a sua menina.
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Lágrima
Fanfiction《Cheia de penas cheia de penas me deito e com mais penas com mais penas me levanto No meu peito já me ficou no meu peito esse jeito o jeito de te querer tanto ..... Se eu soubesse se eu soubesse que morre...