Capítulo 10

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A minha mãe chorou a noite toda.  Eu também não consegui pregar olho.  Tinham sido muitas informações.

Amanheceu e eu bati no quarto dela.

Ela esta disposta a conversar.  Combinámos ir falar com o George um dia destes.  Para mim era estranho saber que tenho um pai.

Raiva dele eu não tenho.  Acredito que não foi por vontade dele que eu fui criado só com mãe.

Eu sei que a minha mãe nunca o esqueceu e jamais se permitiu amar outro homem.  O mundo foi muito cruel principalmente com eles dois.

R - Mãe.  Fica a descansar mais um pouco.  Vou lá na casa da Ju e aviso que não vais poder ir trabalhar.   Talvez eu a veja pois preciso de falar com ela.

M - Mas filho!  Estamos em época de Natal.  Há muito que fazer.

R - Mãe, ali há muitos empregados.  Fica aí por favor.

Cheguei a casa da Ju e explicava a falta da minha mãe quando ela desce.

J - Ouvi a tua voz.  O que tem a Mafalda?

R - Não acordou muito bem.

J - Mãe!  Posso ir lá vê-la?

V - Podes.  Se não demorares muito.

Juliette saiu com Rodolffo em direcção à sua casa.  Ele abriu a porta e logo se agarraram num abraço e beijo apaixonado.

J - Saudades.  Como foi ontem com o padre?

R - Foi bom.  Mas tenho muitas novidades.

Cof cof, pigarreou a mãe de Rodolffo denunciando a sua presença.

Mafalda adorava a Juliette e vice versa.   Praticamente não tinham segredos.

J - O que tens Mafaldinha?

M - Nada grave Ju.  O Rodolffo conta-te.  Eu vou para o meu quarto.  Deixo-vos à vontade.

Rodolffo contou por alto tudo o que ficou sabendo nas últimas 24 horas.
Agora tinha um pai embora lhe soasse muito estranho.

J - Se ele tivesse aparecido mais cedo talvez o meu pai deixasse nós namorarmos.  Ele só liga aos títulos e património.

R - Mas eu não quero saber dos bens do George.

J - O teu pai.

R - Sim.  Mas ainda é estranho eu pensar nele como pai.  É um estranho para mim.

J - Permite-te conhecê-lo e ele a ti.

R - Principalmente pela minha mãe.   Eu sei que eles ainda se amam.
Mas agora eu quero aproveitar que estás aqui e namorar um pouco.
Ali ficaram os  dois entre amassos e beijos até que a Ju teve que ir embora.

R - Anda.  Vou acompanhar-te.

O pai da Juliette viu os dois chegarem juntos.

A - O que esse artolas vinha a fazer contigo Juliette?

J - Pai!  Fui ver a Mafalda que está doente e ele trouxe-me de volta.  E o Rodolffo é meu amigo desde criança.

A - Uma mulher comprometida não deve conversar com outros homens.
Deixa teu primo saber.

J - O meu primo ainda não é meu marido e graças a Deus ele tem outra visão do casamento.

E o Rodolffo podia muito bem ser meu namorado pois sempre me tratou com respeito.

A - Namorado nunca!  Um pobretanas.

J - Para o meu pai só interessa o dinheiro.  A felicidade da filha fica onde?

A - Deixa de ser iludida.  Feliz da mulher que casar com um homem rico e que nunca lhe falte nada.

J - E onde entra o amor?  Pois fique sabendo que eu não amo o meu noivo e ele sabe.
E se nós quisermos desfazer o noivado?

A - Juliette,  nem pensem nisso.  Palavra dos Magalhães não tem retorno.  Vocês vão casar e que seja rápido.

J - Quando a casa estiver pronta foi o combinado.

A - Já me arrependi de ter concordado.

J - Eu mantenho a minha palavra.

Entrei em casa deixando o meu pai sózinho.

Já no meu quarto eu estudava a maneira de meu pai aceitar o Rodolffo.   Afinal ele agora também era descendente da nobreza e o pai era rico.
Não era isso que interessava?

Precisava urgentemente falar com o Rogério mas ele havia viajado e só chegava na véspera de Natal.

A família dele viria consoar connosco, então eu aproveitaria para trocar impressões com ele.

O meu primo era um poço de mistérios.  A namorada misteriosa, as viagens mistério e até o trabalho no gabinete de arquitectura tinha o seu quê de misterioso.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora