Capítulo 24

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Os meses passaram correndo.  Eu e Juliette vivíamos de fugidinhas à nossa casa.  Depois daquela primeira vez eu usava sempre protecção.   Não quero a minha namorada mal falada.  Éramos muito discretos e não tínhamos vizinhos muito perto.

As fugidinhas eram óptimas mas eu queria chegar à noite e ter a minha esposa à espera.  Dormir e acordar com ela, preparar as refeições e outras coisas.  Já não fazia sentido ser de outra maneira.

Reuni a minha família e a da Ju num jantar na casa do meu pai e fiz o pedido de casamento.
Já não era novidade para ninguém de que acabaríamos por casar.

Ali mesmo na hora do pedido marcámos a data. 25 de Novembro.
Não me perguntem porquê mas foi essa a data escolhida.

Faltavam cerca de 3 meses.  Tempo mais que suficiente para preparar tudo.

Eu e a Ju não queríamos grandes festejos mas nossos pais disseram logo:

- Nosso filho e filha únicos?  Vai ter festa grande sim.  Nisso os dois pais estavam de acordo.

Os  preparativos decorriam ligeiros.  Faltava apenas uma semana e a Ju andava nervosa.  O vestido de noiva ainda não estava terminado e por mais que a costureira desse garantia de que ficaria pronto a Juliette não tinha tanta certeza.

Ela teimou de ter um vestido em seda branco com renda na parte superior e bordado à mão com minúsculas flores na parte da saia.  O véu era enorme e seguia o padrão do vestido.  Salpicado aqui e ali com flores pequenas terminando com uma orla também bordado à mão.

Acontece que a bordadeira tinha ficado bastante doente e só agora se sentia com forças para acabar o bordado.
Juliette já estava arrependida de ter sido tão exigente.  Estava até com pena da bordadeira.

O banquete do casamento iria decorrer no jardim da casa de Artur de Magalhães por isso há muito que os trabalhos haviam começado.

Era necessário preservar os belos canteiros de rosas, camélias, miosótis,  tulipas entre outras flores.
Havia ainda os girassóis,  os preferidos da Ju.

No jardim havia um enorme espaço relvado onde estavam a ser montadas algumas tendas.  Todo o resto do jardim estava a ser vedado para sua preservação.

Juliette escolheu os arranjos que iam decorar as mesas.  Cada uma com um tipo de flor diferente mas com uma única cor.  A escolhida foi amarelo.  Juliette era apaixonada pela cor do sol.

Na mesa dos noivos e apenas nessa um enorme arranjo de girassóis.

Juliette escolheu do seu jardim o arranjo que levaria na mão para a igreja.   Botões de rosa brancas com miosótis igualmente brancos.

Na igreja haveria apenas arranjos de miosótis em todos os altares e a ladear a entrada dos noivos.

Os pais e padrinhos levaram na lapela igualmente um botão de rosa e um pézinho de miosótis tal como o noivo.

Chegou o grande dia.  Rodolffo acordou cedíssimo.  Estava muito nervoso.
O casamento seria realizado às onze horas da manhã.   Seguia-se a sessão de fotos só com os noivos e depois no local do banquete com os convidados.

Chegou à igreja acompanhado de seus pais.  A maioria dos convidados já estavam lá.
Estava elegantíssimo com o seu smoking cinza.  Esfregava as mãos de tão nervoso.  Sua mãe tentava acalmá-lo.

Enquanto isso Juliette esperava que a cabeleireira terminasse seus cabelos e a maquilhadora fizesse uma ligeira maquilhagem.   Ela nunca usou maquilhagem muito vistosa.
  A sua mãe apareceu com o seu buquê acabado de colher no jardim.

O seu vestido estava a coisa mais linda e quando lhe colocaram o véu  sobre os cabelos soltos como Rodolffo gostava, sua mãe não se conteve e deixou cair uma lágrima.

J - Se me fizeres chorar vai borrar tudo, mãe!

V - Estás tão linda, minha filha.   Uma verdadeira princesa.

Seu pai havia alugado uma carruagem de princesa mesmo para os transportar à igreja.  Os demais iriam em charretes.

Estavam prontos para sair.  O pai de Juliette estava encantado com a filha.  Segurou na mão dela, deu-lhe um beijo e ajudou-a a subir para a carruagem.

Na igreja estava tudo a postos para a cerimónia.   Rodolffo conversava com o padre Duarte quando foi anunciada a chegada da noiva.

A marcha nupcial começou a tocar quando Juliette iniciou a subida dos degraus da igreja.
Em passos lentos ela caminhou com o seu pai pelo enorme corredor em direcção ao altar.

Rodolffo tinha um sorriso de todo o tamanho.  Desceu do altar para receber a sua noiva da mão do pai.

A - Faz a minha filha feliz.

R - Aqui e agora me comprometo.

Rodolffo beijou a testa da Ju sobre o véu e seguiram para o altar.

Terminada a parte chata dos casamentos, toda aquela ladainha, Rodolffo e Juliette fizeram os seus votos e colocaram as alianças.

PD- Eu vos declaro marido e mulher.
Pode beijar a noiva ( esta parte eu acho sem noção.  Já os declarou marido e mulher então não há noiva).

Terminando os trâmites legais como assinaturas, os recém casados fizeram algumas fotos na igreja e depois de cumprimentar toda a gente partiram com o fotógrafo.  Os convidados foram para o local da recepção.

Juliette e Rodolffo foram tirar fotos nos seus locais favoritos da cidade, principalmente no castelo.  Quiseram também passar na casa deles e tirar algumas fotos.

Todos os seus pertences já estavam lá em casa incluindo as malas com que iam viajar de lua de mel.
Os pais ofereceram-lhes 15 dias na linda Ilha da Madeira.

Os convidados tinham bebidas e aperitivos à sua espera enquanto não chegavam os noivos.

Garçons bem trajados seguravam bandejas com bebidas diversas e alguns tira gosto.

O som da carruagem anunciava a chegada dos noivos.  Todos bateram palmas à passagem deles até à tenda.  Muitas fotos depois e é iniciado o almoço.

Uma música suave invadia o ambiente ainda que em tom agradável para que as pessoas pudessem conversar sem gritar.

Terminados os pratos principais,  Rodolffo e Juliette circularam de mesa em mesa cumprimentando e agradecendo a cada convidado.

A tarde seguiu animada.  Já havia quem tivesse bebido um pouco além da conta e estava a um canto tirando uma soneca.  A música subiu de tom e depois dos noivos abrirem o baile com a sua valsa muitos outros pares se juntaram no centro do recinto, num deck colocado sobre a relva para que pudessem dançar.

A noite caiu, ia ser servida a ceia e os noivos teriam que ir embora.

Antes, porém teriam que cortar o bolo.  Um enorme bolo de 4 andares.
É tradição por cá que o primeiro andar a contar de cima, por isso o menor, seja congelado e comido quando celebrarem o primeiro aniversário de casamento.

Rodolffo e Juliette não quiseram fugir à tradição e logo entregaram o primeiro bolo a dona Verónica para guardar.

O bolo estava delicioso.  Foi dividido por todos os convidados e ainda sobrou bastante.

Os noivos estavam cansados mas muito felizes.
Aproveitaram a hora da ceia, comeram uma tigela de caldo verde e saíram sem que ninguém percebesse.  Apenas os pais de ambos se despediram.

Está noite iriam pela primeira vez desfrutar da sua casa como casal.

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