Rodolffo e Juliette abraçaram-se com tanta saudade como se há muito tempo não se vissem.
J - Amor! Escrevi-te uma carta. Não sabia se te veria mais. Depois lê.
Não sei o que vai ser daqui pra frente. Quando vais embora?R - Vou dia 2 de Janeiro. Daqui a dois dias. Vem cá. Deu-lhe um beijo e ela encostou o rosto no seu peito.
J - Cada dia nos afastam mais. Devo ir para Miranda e só volto depois de fazer todos os estudos.
Vais esperar por mim?R - Não tenhas a menor dúvida. Mas eu tenho fé que não estaremos afastados tanto tempo.
J - O meu pai não gostou de saber de ti. Ele conhece-te desde menino, sabe que és boa pessoa. Porquê dificulta tudo?
R - Sou pobre. É só por isso.
J - Agora já não és.
R - Sou a mesma pessoa. O dinheiro é do meu pai.
Vais escrever-me como sempre?J - Sem dúvida, mas, se for para o colégio não sei se me entregam as tuas cartas.
R - Parece a história dos meus pais. Separados por dinheiro.
Os dois ficaram quase 2 horas trocando juras de amor. Seria a última vez que se viam este ano.
A reunião entre Artur, George e Rogério aconteceu. Posto na mesa todos os prós e contra chegámos à parte financeira.
A - George, o negócio parece-me óptimo, mas, temos um sério problema. Temo não ter condições para entrar na sociedade.
O valor a investir é elevado e de momento todo o meu capital está investido. Fiz há pouco tempo uns investimentos e de momento resta-me dinheiro para as despesas normais.
Só terei capital disponível daqui a cerca de 8 meses que é quando estes últimos investimentos darão retorno.G - Havemos de solucionar. Eu poderia fazer o negócio sózinho, mas, não achei necessário. Fazemos o seguinte:
Fazemos a sociedade, eu entro com o capital todo e o Artur assina umas promissórias que serão liquidadas no prazo de 1 ano.
Nessa altura já devemos ter uma parte dos prédios em bom andamento e podemos começar as vendas.
Podemos vender uma parte ainda em construção e o restante pronto.Artur ficou interessado no negócio.
G - Muito bem. Vou preparar a papelada e depois aviso a data para ir ao Cartório assiná-la.
A - Agora vamos a uma bebida. Isto merece uma comemoração.
A vida seguia o seu rumo.
O Rodolffo no Porto, a Ju em Miranda e os andares da sociedade já se elevavam do chão.
Já se passára quase um ano.
O Rodolffo vinha a Bragança de férias mas a Ju ficava no colégio.
Trocavam cartas porque apesar de Artur de Magalhães ter doado ao colégio uma quantia para não as entregar, George de Amorim pagou o dobro para serem entregues.As freiras oportunistas receberam dos dois e assim a Ju tinha notícias do amado.
Artur de Magalhães andava angustiado. Ainda não conseguira quitar as promissórias. Os últimos investimentos não resultaram e ele perdeu todo o dinheiro.
Os prazos para quitar as promissórias estava a terminar. No contrato de sociedade havia uma cláusula em que caso ele não as liquidasse estaria fora da sociedade imediatamente sem compensação alguma.
Hoje foi ter com George a contar o seu infortúnio.
G - Lamento amigo mas eu costumo separar negócios de amizades. Dou-te mais 2 meses.
É necessário investir mais dinheiro na obra pois surgiram algumas complicações e eu estava a contar com esse teu dinheiro.Não tens nada que possas vender para liquidar as promissórias?
A - Vender o meu património? Nunca. Foi herança dos meus pais.
G - Pois, mas se não pagares em 2 meses eu mando executar a dívida e lá se vai o património.
A - Não fazias isso George!
G - Fazia e faço. Já disse que te dou mais 2 meses.
George saiu dali com um sorriso de orelha a orelha. O plano tinha dado certo. Agora era esperar.
O prazo terminou, a execução da dívida aconteceu e Artur de Magalhães perdeu praticamente tudo para George que permitiu excluir da dívida a mansão, actual residência da família.
O irmão de Artur ao saber do acontecido afastou-se dele. Todos na cidade sabiam. Os Magalhães já não eram tão poderosos.
O colégio onde Juliette estudava era caríssimo. O pai agora tinha dificuldades em pagar as mensalidades.
George ofereceu-se para custear os estudos dela, desde que o pai a trouxesse para mais perto. Havia um colégio idêntico em Vila Real.
A princípio ele não queria aceitar. Afinal estava sentido por a sociedade não ter dado certo.
Depois de muitos dias alguém lhe disse para se aconselhar com o padre. Ele lá foi e saiu de lá mais que doutrinado.Naquela época a palavra do padre tinha muita força.
Tratou da transferência da filha e foi buscá-la. Ela estava radiante. Nas férias estaria com o seu amor.
Rodolffo a princípio não concordou com o pai mas ele sabia que o pai da Ju precisava de uma lição. Não se deve catalogar as pessoas pelo dinheiro que têm.
3 anos se passaram. O ano lectivo tinha terminado. Rodolffo e Juliette estavam de férias na cidade.
Continuavam a encontrar-se às escondidas normalmente na casa paroquial.
O pai permitia que ela continuasse a sair com o primo embora soubesse que já não havia noivado.Rodolffo estava agora com 21 anos e Juliette com 19.
Rodolffo estava num dos seus encontros escondidos mas estava mais calado do que habitualmente.J - Que foi, amor! Estás tão calado.
O que se passa?R - Estou farto destes encontros às escondidas. Eu quero andar por aí contigo, de mão dada, sem medo que nos vejam. Quero ver-te sempre que quiser e não com dias combinados.
J - Tem paciência, amor! Já passámos por tanto.
Um beijo selou o nosso encontro. Ficámos abraçados até Rogério aparecer.
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Lágrima
Fanfiction《Cheia de penas cheia de penas me deito e com mais penas com mais penas me levanto No meu peito já me ficou no meu peito esse jeito o jeito de te querer tanto ..... Se eu soubesse se eu soubesse que morre...