Capítulo 4

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A vida seguia o seu curso normal.  Rodolffo e Juliette iam-se encontrando às escondidas, agora que a escola já não era ponto de encontro.

Desde o seu aniversário que o pai da Ju não tocava no assunto casamento.
Apenas instruiu a esposa para que agilizasse o enxoval.

A mãe dela mostrava as peças já compradas ou confeccionadas.   Uma mais bonita que a outra mas ela nem ligava.   Aquilo não era para o casamento dos sonhos dela.

Chegou o dia do jantar na casa do tio  Paulo.  A Ju não se atentou aos pormenores  e seguia indiferente a tudo.

Feitos os respectivos cumprimentos logo ela se juntou ao primo Rogério para fofocar.

A empregada anunciou o jantar e todos se dirigiram à mesa. A conversa decorria a três mãos.  Artur e Paulo, Verónica e Maria  e Juliette com Rogério.  Cada um com temas diferentes.

Perto de finalizar, Paulo pediu a palavra.

P - Bem, este jantar tem duas finalidades.  Como sabem somos todos família e famílias visitam-se e convivem.
Segundo tanto eu como Artur temos 2 filhos casadoiros e para bem da família e do seu património eu te peço irmão Artur, a mão da sua filha Juliette para que esta seja esposa de meu filho.

Ninguém pareceu surpreso excepto os visados Ju e Rogério.  Os dois olharam um para o outro e de seguida para os pais.
A Ju já com os olhos rasos de lágrimas olhava o pai com uma expressão de aflição como que a pedir que ele negasse.

Não foi isso que aconteceu.  O pai simplesmente concordou e mostrou-se muito encantado com  união.  A vontade das mulheres mais uma vez ignorada pois nenhuma delas teve direito a opinar.

Juliette levantou-se da mesa e correu para o jardim.

Rogério olhou para o pai e confrontou-o;

R - Como ousa decidir assim a minha vida sem me consultar?  Já não sou uma criança.

P - Pois mais pareces.  Sem profissão,  solteiro com essa idade.  Vives às minhas custas então tenho todo o direito de decidir sim.

R - Mas casar nunca foi meu objectivo de vida e sempre posso arranjar  trabalho se essa é a questão.

P - Está decidido.  Aceitem sem questionar.

R - Veremos.   Vou lá ver a Juliette.

Juliette chegou à parte mais longe do jardim e sentou-se num baloiço.
Rogério foi encontrá-la a chorar.

Sentou-se a seu lado e segurou-lhe na mão.

R - Calma prima! Aqueles 2 velhos estão doidos.  Nós vamos trocar-lhe as voltas.

J - Como?  Eles já decidiram.   Eu gosto de ti mas não quero casar contigo.

R - Eu também.   Por ora fingimos que aceitamos até acharmos uma solução.

J - Rogério!  Eu tenho um namorado mas eu sei que o meu pai nunca vai aceitar.

R - Vamos conversar muito sobre isso mas por ora não lhe contes o que se passou aqui.  Só temos que fazer com que eles não queiram fazer o casamento rápido.   Vou pensar sobre isto e na próxima visita,  porque eu tenho que te visitar,  nós conversamos e tu contas mais sobre esse namorado.

J - Obrigada primo.  Mereces uma mulher que te faça feliz.

R - Prima.  Se tu soubesses!  Deixa pra lá.

Resolveram regressar à sala.   A conversa já girava sobre outro assunto.  Juliette foi ter com a mãe que a abraçou e Rogério juntou-se aos homens.

R - Está tudo bem.  Conversei com ela e nos acertamos.

A noite ia longa e Artur de Magalhães pediu permissão para ir embora.

R - Meu tio, em breve irei fazer-lhe uma visita e cortejar Juliette com sua permissão.

A - Aparece sim.  Faço gosto.

Despediram-se uns dos outros e Rogério deu uma piscadinha a Ju que sorriu.





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